Territórios, inovação e prosperidade: um rumo para o Caparaó

O conceito de progresso, frequentemente associado à evolução de indicadores físicos, econômicos e tecnológicos, encontra limitações significativas

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em 06 de dez de 2024, às 13h06

Foto: Prefeitura de Alegre
Foto: Prefeitura de Alegre

Por José Antonio Bof Buffon

O conceito de progresso, frequentemente associado à evolução de indicadores físicos, econômicos e tecnológicos, encontra limitações significativas quando aplicado à formulação de políticas públicas. Este artigo propõe a substituição dessa visão pelo conceito de prosperidade, uma abordagem mais ampla e inclusiva, centrada no bem-estar humano, sustentabilidade e harmonia social.

Progresso é um legado dos tempos moderno, que nos impõe um estado contínuo de insatisfação com o presente e o passado, visando um futuro indefinido. Uma “rosca sem fim”, uma busca permanente, incessante, angustiante, de algo que não sabemos o que é e muito menos, onde se encontra.

Por outro lado, prosperidade é uma condição em que indivíduos, conforme suas capacidades e esforços, encontram pertencimento, conforto e oportunidades de crescimento em uma sociedade sustentável, que oferece igualdade de oportunidades e que sempre procura resgatar e reintegrar os que ficam pelo caminho. Mais do que crescimento material, prosperidade abrange saúde mental, satisfação pessoal, harmonia social e sustentabilidade ambiental.

A construção da prosperidade requer sete pilares:

  1. Igualdade de oportunidades e sustentabilidade como valores centrais.
  2. Elevado capital social, refletido na interação entre setores público, privado e sociedade civil.
  3. Planejamento estratégico com visão de longo prazo.
  4. Administração pública transparente, eficiente e orientada pela governança.
  5. Cultura de inovação e empreendedorismo no setor privado.
  6. Cooperação entre instituições de pesquisa, empresas e governos.
  7. Infraestrutura que promova conectividade e mobilidade.

A Prosperidade no Território

O território é o espaço onde a prosperidade se materializa. Ele é definido pela interação entre natureza, infraestrutura, instituições e valores, condutas e práticas sociais. A capacidade local de conceber arranjos institucionais inovadores é determinante para alcançar e sustentar a prosperidade. Ao final das contas, se percebe que “instituições” e “valores, condutas e práticas sociais” são os determinantes e que recursos naturais e infraestruturas são condicionantes.

Cidades e Regiões

Cidades são expressões físicas e sociais de dinâmicas territoriais. Sua vitalidade depende do dinamismo econômico e da capacidade de inovação de seus territórios. Quando territórios estagnam, as cidades tendem a perder população, talentos e jovens. Por outro lado, setores produtivos dinâmicos e inovadores projetam complexidade e oportunidades, gerando um ciclo virtuoso de desenvolvimento, que fortalecem a cidade e o próprio território.

Inovação, Cidades e Território

A inovação é o motor que conecta cidades e territórios. Ela possibilita a criação de serviços avançados e setores produtivos competitivos, promovendo um ciclo virtuoso de crescimento. Este ciclo depende de ações como:

  • Fomentar o empreendedorismo inovador e ensino de ciências nas Escolas.
  • Proporcionar ambiente para o florescimento de ideias inovadoras;
  • Fornecer suporte técnico e financeiro para que estas ideias se enraízem e se tornem empresas inovadores, de crescimento rápido;
  • Fomentar o preenchimento de lacunas no Ecossistema Local de Inovação e estimular a cooperação entre as instituições locais.
  • Aproximar e estabelecer pontes de cooperação entre as ICT, os setores produtivos e os governos.
  • Constituir espaços físicos de cooperação voltados para a inovação, que viabilize conexões, ideação, aceleração, incubação, prototipagem etc., e que permita a reiterada realimentação do Ecossistema.

Conclusão

Territórios e cidades são interdependentes. O dinamismo dos territórios impulsiona as cidades, enquanto estas, por meio de políticas públicas, podem revitalizar seus entornos. Planejamento e inovação são essenciais para transcender as limitações da gestão municipal tradicional, garantindo um futuro sustentável, inclusivo e próspero.

O Que Fazer?

Cidades que não planejam seu futuro e que não promovem cooperação e inovação estão condenadas à estagnação e ao esvaziamento econômico e demográfico.

O Brasil possui 5.565 municípios de diferentes tamanhos e características, mas todos podem, independentemente de seus recursos, desenvolver programas de ciência, tecnologia e inovação. Essas iniciativas não demandam investimentos exorbitantes, mas exigem visão estratégica, cooperação e comprometimento com o bem-estar das gerações presentes e futuras.

Qualquer cidade, de qualquer porte, pode ter seu Programa de Ciência, Tecnologia e Inovação.

E não é caro!

***José Antonio Bof Buffon é economista, secretário Executivo da Câmara Empresarial de Turismo da Fecomércio-ES. Ex-Presidente do Bandes e ex-Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo – FAPES.

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM

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