Violência no Brasil: raízes, impunidade e o papel das drogas
A violência no Brasil tem raízes profundas na desigualdade social, um problema histórico que remonta ao período colonial.
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em 23 de fev de 2025, às 08h18

A violência no Brasil permanece como um dos desafios mais críticos para a sociedade. Embora os índices de criminalidade tenham apresentado uma tendência de queda nos últimos anos, o país ainda registrou 38.075 assassinatos em 2024, conforme dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública.  Esse número representa uma redução de 6% em relação a 2023, quando foram contabilizadas 40.768 mortes violentas intencionais. Apesar dessa diminuição, a sensação de insegurança persiste entre os cidadãos.
Raízes históricas e sociais da violência
A violência no Brasil tem raízes profundas na desigualdade social, um problema histórico que remonta ao período colonial. A falta de oportunidades, a pobreza e a exclusão social criaram um ambiente propício para o crescimento da criminalidade. O Estado, muitas vezes ineficaz, falha em garantir educação de qualidade, saúde e empregos dignos, fatores essenciais para a redução da violência.
Leis fracas e impunidade
A legislação penal brasileira é frequentemente criticada por sua brandura e ineficácia. Criminosos reincidentes são presos e soltos rapidamente, muitas vezes sem cumprir sequer a metade de suas penas. O sistema prisional, além de superlotado, não ressocializa, funcionando mais como uma escola do crime. A impunidade estimula a criminalidade, pois a percepção de que “o crime compensa” se espalha entre aqueles que veem poucas consequências para seus atos.
Outro fator que agrava a situação é a morosidade da Justiça. Processos criminais se arrastam por anos, permitindo que muitos criminosos fiquem em liberdade até a prescrição de seus crimes. A ausência de punição rápida e exemplar desmotiva a população e desacredita o sistema judicial.
O povo acomodado e a falta de reação
Um dos grandes problemas do Brasil é a acomodação da população. Muitos brasileiros reclamam da violência, mas poucos se mobilizam para exigir mudanças efetivas. A cultura do “jeitinho brasileiro”, a falta de participação política ativa e o medo de represálias fazem com que a sociedade se mantenha passiva diante do aumento da criminalidade.
Ao mesmo tempo, parte da população normaliza o crime e até o idolatra. Traficantes são vistos como “heróis” em algumas comunidades, enquanto policiais que combatem o crime são frequentemente criticados. Esse paradoxo reflete um problema cultural grave, onde a inversão de valores enfraquece a luta contra a violência.
Drogas: o motor da violência
O tráfico de drogas é um dos principais financiadores da violência no Brasil. Facções criminosas dominam territórios inteiros, controlando o tráfico e impondo um regime de terror às comunidades. As disputas entre grupos rivais e confrontos com a polícia resultam em tiroteios constantes, muitas vezes vitimando inocentes.
Poucos se lembram de que o verdadeiro financiador dessa violência é o próprio consumidor de drogas. Quem compra maconha, cocaína, crack ou outras substâncias está, direta ou indiretamente, alimentando o crime organizado. O dinheiro gasto com drogas sustenta facções, arma traficantes e financia a corrupção policial e política. Sem demanda, não haveria mercado para o tráfico. Portanto, é necessário um debate mais amplo e realista sobre a responsabilidade do consumidor na perpetuação da violência. Lembre-se de que o Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo.
O que pode ser feito?
Para combater a violência de forma eficaz, o Brasil precisa de medidas estruturais sérias:
• Reformas na legislação penal, garantindo penas mais rigorosas para crimes violentos e impedindo a liberação prematura de criminosos perigosos.
• Fortalecimento das políticas públicas em educação, saúde e emprego, criando alternativas para os jovens antes que sejam cooptados pelo crime.
• Combate efetivo ao tráfico de drogas, com policiamento mais eficiente e cooperação internacional no controle de fronteiras.
• Conscientização da sociedade, para que a população entenda seu papel na luta contra o crime, inclusive evitando o consumo de drogas.
• Participação ativa da população, exigindo melhores políticas de segurança e cobrando eficácia do poder público.
A violência no Brasil é um problema complexo, mas não insolúvel. Com leis mais firmes, polícias mais integradas, valorização dos policiais por parte da imprensa e autoridades, uma sociedade mais engajada e uma mudança de mentalidade sobre o impacto do consumo de drogas, o país pode trilhar um caminho mais seguro e justo para todos. O caminho é longo, mas trilhável.
**Vagner Rodrigues é prefeito de Guaçuí, no Caparaó capixaba.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM
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