
Viva Vida
em 10 de dez de 2025, às 11h38
Quando a solidão no fim de ano vira epidemia silenciosa
O tema solidão será aprofundado no podcast Viva Vida, que vai ao ar em 10 de dezembro, com o episódio Solidão: a epidemia silenciosa, com a presença do psiquiatra Dr. Luiz Carlos Sardenberg. A conversa abordará por que tantas pessoas se sentem isoladas durante o fim do ano e explica como reconhecer sinais que indicam sofrimento silencioso. De acordo com o especialista, é importante verificar caminhos práticos para atravessar dezembro com mais consciência, autonomia e apoio emocional.
O calendário emocional nem sempre acompanha o calendário social. Embora dezembro chegue com luzes, convites e expectativas, muitas pessoas percebem que o corpo e a mente não seguem o ritmo das festas. As ruas iluminadas contrastam com uma exaustão interna que cresce em silêncio e transforma tarefas simples em grandes desafios. Dessa forma, montar a árvore, responder mensagens ou decidir a ceia pode parecer pesado demais para quem vive um processo de perda, frustração ou sobrecarga. Essa divergência cria um cenário sensível que especialistas observam todos os anos.
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Além disso, o fim do ano funciona como um amplificador emocional. A comparação com anos anteriores aumenta, as ausências ficam mais visíveis e a sensação de cobrança social se intensifica. Em muitos lares, o roteiro festivo se repete: o mesmo lugar à mesa, as mesmas fotos, os mesmos hábitos. Quando algo mudou — seja por luto, conflito, ruptura ou desgaste emocional — essa previsibilidade escancara o que não está mais ali. Assim, dezembro deixa de ser apenas um período de celebração e se transforma, para muitos, em um gatilho de tristeza acumulada.
Por que dezembro pesa mais
O fim do ano reúne símbolos, rituais e expectativas que acentuam emoções profundas. O clima de celebração cria a sensação de que todos deveriam estar bem, felizes e disponíveis, o que aumenta a pressão sobre quem não está. A desaceleração do trabalho e o recesso escolar ampliam o espaço para balanços internos, trazendo à tona frustrações, pendências e dores antigas. Segundo o psiquiatra, esse conjunto cria um campo fértil para o aumento de tristeza, irritabilidade e retraimento.
Quando a tristeza vira alerta
Sentir saudade, cansaço ou necessidade de recolhimento faz parte do ciclo emocional de dezembro. Porém, especialistas orientam atenção quando surgem sinais persistentes, como:
- insônia contínua
- perda de energia
- isolamento que piora o sofrimento
- dificuldade para retomar tarefas simples
- sensação de vazio permanente
- mudanças significativas de humor e apetite
Nesses casos, a solidão deixa de ser circunstancial e passa a exigir apoio profissional.
Como aliviar o peso desse período
O caminho envolve ajustar expectativas, criar rituais próprios e flexibilizar compromissos. Acender uma vela, escrever uma carta, simplificar a agenda ou sair mais cedo de um encontro podem reduzir a sobrecarga. Além disso, permitir conversas sinceras — sem frases que tentam silenciar a dor — ajuda a diminuir o isolamento. Para o Dr. Sardenberg, o objetivo é preservar energia, evitar o modo “sobrevivência” e garantir que ninguém enfrente dezembro completamente sozinho.