Especial

O carteiro e os cachorros: a linda história de Danilo e Paulo Gustavo

Na rotina de cuidar de animais abandonados, nasceu a especial história de Danilo e Paulo Gustavo, seu “caçula de quatro patas”, o 'Pretinho'

Por Redação

4 mins de leitura

em 23 de fev de 2023, às 09h10

Foto: Reprodução/Montagem
Foto: Reprodução/Montagem

Por Marcos Freire

“Na minha casa, temos cinco cachorros, todos vira-latas, abandonados na rua e resgatados por mim e a minha esposa”. Essa afirmação é de Danilo Braga dos Santos Vieira Curti – Danilo Bacurau – como ele mesmo diz que é conhecido. Ele é funcionário dos Correio, em Divino de São Lourenço, onde trabalha como carteiro que, normalmente, sofre com os cachorros das casas, mas com ele é diferente. E nessa rotina de cuidar de animais abandonados, nasceu a especial história de Danilo e Paulo Gustavo, seu “caçula de quatro patas”, o qual também responde pelo apelido de Pretinho e hoje tem até perfil no Instagram. Enquanto Danilo, atualmente, faz parte do grupo Amicão de Guaçuí, que cuida de animais de rua.

Danilo conta que ajuda animais de rua há muitos anos, mas relata que sua relação com Paulo Gustavo – Pretinho – tem toda uma história de vida, “na minha vida”. História que começa com o fato dele ser carteiro em Divino de São Lourenço e morar em Guaçuí. Por isso, passava todos os dias na estrada que liga as duas cidades. “E, quando estavam acontecendo as obras para realizar o asfalto que liga Divino São Lourenço a Guaçuí, tinham vários casos de abandono de animais na pista”, recorda. “Eu passava na estrada e ajudava esses animais, porque sempre tenho ração no baú da moto”, relata.

A primeira a ser resgatada foi a Paçoca. “Em um dia que estava prometendo muita chuva e não poderia deixar uma filha ali nessa situação”, afirma, Danilo, relatando que o caso de Paulo Gustavo foi uma situação parecida.

Risco de chuva iniciou história de Danilo e Paulo Gustavo

Ele conta que a mãe de Pretinho pariu na beira do rio, ao lado da pista, e ele estava alimentando-a. No entanto, um dia, ela foi atropelada e ficou muito mal, “mas mesmo cambaleando, ela continuava cuidando dos filhotes”. “Um certo dia, ao voltar para Guaçuí, do trabalho, parei para ver os filhotes e alimentar a mãe, que estavam na beira do rio e armando chuva, além de ser véspera de feriadão, então, eu ficaria uns cinco dias sem passar ali”, relata. “Deus tocou meu coração e eu não pude fazer diferente, resgatei os dois filhotes e levei para minha casa. A mãe deles sumiu depois disso e acho que ela estava ali só enquanto eles precisavam”, completa.

Um dos filhotes, Danilo doou para um vizinho e o outro é Paulo Gustavo. O nome foi dado em homenagem ao ator homônimo que faleceu no mesmo dia em que ele e sua esposa, Bianca Curti, batizaram o filho de quatro patas. Ao mesmo tempo, ele resolveu criar a página de Pretinho no Instagram que conta sua história, seu dia a dia, e das irmãs de quatro patas. “Só que foi um sucesso total, várias pessoas adicionaram o Paulo Gustavo e hoje acompanham as postagens”, enfatiza.

No perfil, podem ser encontrados fotos e vídeos do seu dia a dia e também de outros cachorros que são colocados para adoção, depois de serem socorridos e tratados pelo grupo Amicão Guaçuí, do qual Danilo faz parte. Casos como o de Zeus que foi encontrado na estrada, com uma pata quebrada, recebeu tratamento e foi acolhido, ou de dois filhotes abandonados às margens da mesma rodovia (confira os vídeos abaixo). Clique aqui e veja o perfil de Paulo Gustavo.

Grupo do Amicão e a corrente do bem

Ele coloca que todos, no Amicão, estão juntos numa corrente do bem. “Trabalhamos juntos, de forma voluntária, no combate a maus tratos de animais, no resgate, castração e alimentação de animais de rua, sem ajuda do setor público. “Existem castrações realizadas por meio de emenda impositiva dos vereadores de Guaçuí e promessas de mais verbas, mas o problema é que essa verba das emendas não pode ser utilizada com resgate, compra de ração, despesas na clínica veterinária, vermífugo, entre outras despesas que ficam para o grupo”, esclarece. As verbas podem ser usadas apenas para castração.

Ele destaca que o grupo também esbarra na falta de um centro de controle de zoonoses na cidade, assim como um hospital público veterinário, para resolver os problemas frequentes que aparecem. “Sobrevivemos de doações de pessoas que se comovem e abraçam a nossa causa, porque não somos uma ONG, então, não recebemos nenhuma verba de setor nenhum”, explica. “Mesmo quando acontecem atropelamentos de animais, resgates e atendimentos, e até os bombeiros contam com nosso apoio”, completa, afirmando que o trabalho é feito “por amor aos animais”.

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