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Especial

Advogada cachoeirense na lista das mais influentes do Brasil

A advogada cachoeirense Fayda Belo é um exemplo que transcende a linha regional, tornando-se referência no país

Por Redação

5 mins de leitura

em 09 de mar de 2023, às 09h55

Foto: Arquivo pessoal

Por Adrieny Couto

O Brasil enfrenta hoje uma triste realidade, que o coloca em 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas pra os Direitos Humanos (ACNUDH). O país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Em uma rápida comparação com países desenvolvidos, em solo brasileiro se mata 48 vezes mais mulheres do que no Reino Unido, 24 vezes mais do que na Dinamarca e 16 vezes mais que no Japão ou na Escócia.

Dados tão expressivos ressaltam a necessidade de colocar assuntos como segurança e direito das mulheres, cada vez em mais em evidência. E, mais do que falar, é preciso ressaltar a verdadeiras lideranças desse movimento, que lutam diariamente para o não silenciamento feminino.

A advogada cachoeirense Fayda Belo é um exemplo que transcende a linha regional, tornando-se referência no país.

Especialista em Crimes de Gênero, Direito Antidiscriminatório e Feminicídios, Pós-graduada em Penal e Processo Penal, Fayda integra a Diretoria Nacional da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica, é vice-presidente do Conselho Municipal da Mulher e de Igualdade Racial, membro do Instituto Bertha Lutz, coordenadora do Instituto Mulheres no Poder, madrinha do Coletivo de Fortalecimento da População Negra do Espírito Santo, tem formação em equidade de gênero pela ONU Mulheres, criadora de conteúdo digital, escritora, palestrante, professora convidada, consultora de diversidade e inclusão e ainda integra a lista do Brazil Charlab como uma das advogadas mais influentes do Brasil (Brazil”s Most Influential Lawyers).

Mulher negra, filha de mãe solo, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, e viu na educação a oportunidade de virar a chave. Teve uma infância e uma adolescência difícil marcada pela miséria e pela discriminação.

“As pessoas falam muito sobre acesso à educação, mas acham que esse acesso se resume a conseguir uma vaga. Mas, do que adianta ter a vaga se você não tem cadernos, tênis e mochila? Minha mãe ia a escola pedir doações, pois queria que eu estudasse. Não esqueço a frase dela: “Só a caneta poderá mudar sua trajetória”. Quando acabei o ensino médio fiz o Enem e consegui uma bolsa do Prouni, foi então que pude cursar Direito e dar o pontapé inicial para fazer o que faço hoje. Vindo de onde vim e vivendo o que vivi, não tinha como escolher outro ofício ou virar as costas para os grupos minorizados, grupo esse do qual sempre fiz parte”, conta.

Advogada cachoeirense entre as mais influentes

Atualmente, entre as diversas funções que executa, também ocupa o cargo de coordenadora Executiva de Cidadania, Direitos Humanos e Políticas para as Mulheres, na Prefeitura de Cachoeiro.

“Sou uma mulher persistente, resiliente e acima de tudo com senso de justiça, por isso, desde criança sempre quis ser advogada, pois acreditava que essa profissão me ajudaria de alguma forma a ajudar pessoas e combater desigualdades e discriminações. Já tive muitas experiências, mas uma em específica nunca sai da minha cabeça: o caso de uma cliente que quase morreu ao ser agredida com um machado pelo companheiro, mas queria que ele fosse solto pois não tinha emprego para alimentar os filhos. Me doeu muito ver que uma mulher preferiu colocar sua vida em risco, a ver os filhos passarem fome, porque não tinha independência econômica ou alguém para ajudá-la nesse quesito”, relata.

Para que histórias como essa não aconteçam mais, Fayda é uma grande apoiadora de que mulheres sejam independentes e donas de si. “Fico muito emocionada quando meninas negras me mandam mensagens ou me encontram em algum evento e dizem o quanto se inspiram em mim. É muito gratificante saber que de alguma forma meu trabalho colabora para a vida das pessoas e serve como referência. Por isso, agradeço muito a minha mãe, por ter sido esse exemplo para mim, e por ter me ensinado que somente a educação e o conhecimento poderiam me dar voz para lutar contra as injustiças. Isso realmente não tem preço, tem valor”, pontua a advogada cachoeirense.

Dia Internacional da Mulher

Como desejo e comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a advogada sonha com uma sociedade melhor para todas.

“Em uma sociedade onde a mulher desde sempre foi vista como um acessório ou reduzida a estática, é necessário reafirmar que somos indivíduos, sujeitos de direitos e que precisam de respeito. 8 de março não é dia de flores, é dia de luta, de reflexão de reiterar que a mulher deve e pode ocupar qualquer espaço e de que temos o direito de viver longe de qualquer tipo de opressão e violência em razão do gênero. Precisamos continuar combatendo o machismo estrutural que tenta se perpetuar no Brasil, que ainda violenta nossos corpos, diminui nossa capacidade intelectual fazendo com que ainda hoje no mercado de trabalho recebamos menos que os homens, que tenta nos impedir de ocupar espaços costumeiramente ocupados por homens”, diz.

E para finalizar, Fayda Belo convida também os homens a se unirem nessa luta. “Costumo dizer que os homens não são inimigos, ao oposto, devem ser aliados para que possamos ter uma sociedade mais justa, menos misógina e com igualdade de oportunidades e direitos independente de gênero”, conclui a advogada cachoeirense.

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