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Especial

Ela supera limites para ajudar os filhos a conquistarem seu espaço

Se não todas, podemos afirmar que a maioria das mulheres sonha em ser mãe. Junto com a gestação vem uma enorme expectativa em torno do novo ser que fará parte da família

Por Redação

5 mins de leitura

em 14 de mar de 2023, às 10h19

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Por Pammela Volpato

Se não todas, podemos afirmar que a maioria das mulheres sonha em ser mãe. Junto com a gestação vem uma enorme expectativa em torno do novo ser que fará parte da família. É um turbilhão de sensações que envolvem ansiedade, alegria, medos e incertezas. São muitas perguntas, mas nenhuma mulher engravida achando que sua gestação poderá passar por algum problema, até que acontece o que ninguém imaginava…

Dizer que mãe é especial é redundante, é claro que todas elas são especiais! Porém, algumas recebem de Deus a nobre missão de cuidar de pequenos seres que vêm ao mundo para nos ensinar o amor incondicional e despretensioso, para nos ensinar a ser melhores.

Apresentamos em seguida a história de Maria Cristina Rui Amorim, uma mãe que trocou as lágrimas pela coragem de ir em frente e encontrou no amor por seus filhos, a razão para continuar lutando pela independência deles em meio à multidão. Uma mulher que recebeu a missão de ser mãe de uma criança que tem limitações, ainda sofre tantos preconceitos e, algumas vezes, acaba sendo excluída por falta de oportunidade e acompanhamento adequado.

Mãe que luta diariamente pela felicidade de seu filho especial. Mãe que decidiu encarar a vida e os desafios que ela impõe com coragem, resiliência, fé, dedicação e muito amor. Ela sonha e tenta, diariamente, transformar sua criança em adulto independente.

O filho especial

Cristina tem 42 anos e dedica seus dias aos dois grandes amores de sua vida, Daniel de 14 anos e Davi, de 10.

Já com um filho, a segunda gravidez foi bem planejada e teve todos os cuidados necessários. A gestação correu bem, mas Davi nasceu com insuficiência respiratória e problemas neurológicos e foi para a UTI. No início foi um choque para Cristina. Ela não teve tempo nem de se recuperar do parto, Davi veio ao mundo em meio a uma luta dura pela vida, cada minuto era imprescindível.

“Com três meses ele passou por uma cirurgia cardíaca. O diagnóstico foi sendo aos poucos, cada hora aparecia uma coisa diferente. Entre outras coisas, o Davi tem autismo, epilepsia e uma doença rara: deleção do cromossomo 1. Eu não tive tempo de me preocupar com limitações, porque precisava me preocupar com a vida dele. Precisava manter meu filho vivo, apesar das sequelas”.

Davi é um menino encantador e sorridente, suas patologias são caracterizadas por provocar limitações tanto no desenvolvimento intelectual, quando motor e adaptativo. Outra característica dessa criança certamente é a valentia. Ele já esteve mais de 13 vezes internado na UTI em situação grave, enfrenta todas as batalhas e segue vencendo. Hoje o menino faz acompanhamento com uma equipe multidisciplinar (terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicopedagogo, musicoterapeuta, psicoterapias na abordagem ABA), tratamento voltado especificamente para o autismo, além de fisioterapia e hidroterapia. Está matriculado em uma escola regular, mas por conta da carga horária das terapias, são 36 horas semanais, e da baixa imunidade, não está conseguindo frequentar as aulas.

Assim como as outras mães, Cristina pode ser definida por uma palavra: dedicação. “Sou abençoada por ter meus dois filhos. Daniel é inteligente e tem um grande potencial, mas o Davi tem inúmeras limitações e se supera a cada dia. É um aprendizado constante. Infelizmente ainda existe muito preconceito. Ver o olhar de pena ou ouvir alguém dizer ´coitadindo´, dói muito, mas é preciso aprender a lidar com a rejeição”.

Ela supera os próprios limites

Com duas graduações, pedagogia e psicologia, e quatro pós-graduações, Cristina decidiu abrir mão da carreira profissional para se dedicar integralmente aos filhos. Ela chegou a abrir um consultório, mas não conseguiu conciliar. “Eu precisei passar pelo processo para poder tomar uma decisão e seguir em paz. Quando abri o consultório vi que não daria conta de tudo e está tudo bem. Estou na fase de aceitação total, sei que terei um bebê grandão a vida inteira, pois Davi tem dez anos com cognitivo de dez meses. Além disso tenho um adolescente que precisa de atenção, cuidado e carinho. Eu busquei a realização profissional mas não vale a pena! A gente que é mãe abre mão de tudo da nossa vida para viver em função dos filhos, pois é o mais importante”, relata.

A rotina de Cristina é puxada e além dos cuidados dentro de casa com os filhos, engloba a realização de muitas terapias. Mas ela encara os compromissos sempre com um sorriso no rosto. Sua força e resiliência serve de inspiração para outras mulheres. “Quando a gente aceita nosso filho como ele realmente é, a gente vive em paz. Eu luto todos os dias e nem sempre sou forte, mas não deixo a peteca cair e não tiro o sorriso do rosto. Eu escolhi ser feliz e aceitar o meu filho. Eu não enxergo a deficiência dele, penso que Deus me deu um anjo pra cuidar estou fazendo o meu melhor. É isso que tento passar para as outras mães, afinal são dez anos de experiência e lutas. Saber que posso estar inspirando outras mulheres me dá mais força para seguir”.

Para finalizar, Cristina reconhece que ser mulher é ser forte. “Davi me ensinou a ser forte, realista e viver um dia de cada vez. Ele depende totalmente de mim, eu sou sua voz, seu olhar e suas pernas. Passo o dia todo cuidando dele e recebo um amor puro e encantador. É difícil explicar porque é um sentimento que excede todo entendimento. Eu sei que meu filho não vai para a faculdade, nem terá uma profissão, mas eu dedicarei a minha vida a fazer com que ele seja feliz, e isso basta pra mim”.

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