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Política

Assembleia do ES cria frente para discussões sobre diabetes

A iniciativa é do deputado estadual Fabrício Gandini, que também é portador da doença

Por Redação

4 mins de leitura

em 27 de abr de 2023, às 16h04

Foto: Wilbert Suave
Foto: Wilbert Suave

No Espírito Santo, há cerca de 270 mil diabéticos, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), mas metade da população sequer sabe que tem a doença e só a diagnostica quando tem alguma complicação. Para garantir melhor qualidade de vida para essas pessoas, o deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania) criou, na Assembleia Legislativa, a Frente Parlamentar para Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Diabetes. 

A preocupação dele se deve ao fato de que Acidente Vascular Cerebral (AVC), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), insuficiência renal, cegueira e amputação de pernas e pés são alguns dos problemas que um paciente diagnosticado com diabetes pode ter caso não tome os devidos cuidados. 

“Quando completei 37 anos, descobri que era diabético. Travo uma guerra diária: preciso fazer dieta e exercício físico. Cortei o açúcar. Mas não é fácil! É uma doença crônica e silenciosa. É preciso acompanhamento rigoroso. A doença pode atacar os rins, o coração e a visão. A cicatrização é difícil. Conheço casos em que há necessidade até de amputação. Eu tenho acesso à informação e ao tratamento, mas grande parte dos diabéticos, não! Precisamos levar isso para as pessoas”, declarou Gandini, destacando a importância de promover a “educação em diabetes”. 

O deputado reforça que, no dia a dia como político, devido aos inúmeros compromissos e agendas, tem dificuldade de manter os cuidados básicos com a saúde, com uma alimentação saudável e a prática de atividade física regular. Entretanto, ele admite que é preciso um acompanhamento rigoroso, inclusive com o uso de medicamentos, que no seu caso são orais, mas que também podem ser injetáveis, dependendo do caso.

De modo geral, o diabetes apresenta sintomas como sede e fome excessivas, vontade de urinar várias vezes por dia e cansaço. Dependendo do tipo, ainda podem ocorrer perda de peso, mudanças bruscas de humor, náusea, vômito, demora na cicatrização de feridas, disfunção sexual e infecção na bexiga, pele e rins.

Basicamente existem dois tipos de diabetes. O chamado Tipo 1 afeta principalmente crianças e adolescentes. É uma doença autoimune que se caracteriza pela falência das células do pâncreas que produzem a insulina. Esse hormônio tem a missão de despejar a glicose dentro das células para geração de energia e a falta do mesmo permite que a glicose fique concentrada no sangue.

No caso do Tipo 2,  desenvolvido pelo deputado, geralmente as pessoas mais acometidas são as que têm mais de 40 anos e as com quadro de obesidade. A principal causa é a resistência à insulina, geralmente causada pelo excesso de peso ou obesidade. Um dos principais traços é a hereditariedade e, por isso, são frequentes vários casos na mesma família. Aproximadamente 90% dos casos de diabetes são desse tipo.

“Qual é a minha ideia com a Frente Parlamentar? Primeiro, garantir a realização dos testes, que vão detectar a doença. Depois, informar as pessoas sobre como elas devem proceder para ter acesso aos medicamentos disponibilizados gratuitamente na rede pública. Vamos discutir políticas públicas que possam melhorar a qualidade de vida do diabético”, garantiu o parlamentar.

Para criar a frente, Gandini contou com o apoio dos colegas deputados e também da Associação dos Diabéticos do Espírito Santo (Adies), fundada há 10 anos e que tem sede no edifício Master Place, na Avenida Leitão da Silva, em Vitória. Ela funciona com a ajuda de 13 médicos voluntários do projeto Doutores Solidários. No local, são realizados atendimentos multidisciplinares.

Para a coordenadora da Adies, Lorena Bucher, ainda há muito a ser feito para garantir políticas públicas em favor dos diabéticos. “Nossa expectativa é de que, com a criação da frente, possamos chamar a atenção do governo do Estado. Agradeço ao deputado Gandini que abraçou a nossa causa”, declarou. 

Lorena destaca que o principal desafio é garantir um tratamento de bom nível para os diabéticos. Ele conta que muitas vezes os municípios não possuem médicos endocrinologistas para atender os pacientes e lamenta a burocracia para obter os medicamentos.

“O correto é que a pessoa diagnosticada com diabetes possa ter imediatamente o acompanhamento de um endocrinologista, e não de um clínico geral. Há uma fila de espera de até dois anos para ter acesso ao especialista. Enquanto isso, a situação do paciente vai complicando muito. O clínico não é especialista. Existe uma formação específica para isso. Precisamos criar um Centro de Referência de Diabetes no Estado”, cobrou.

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