Já se passaram 27 anos desde que supostas aparições de extraterrestres alçaram Varginha, no sul de Minas, à fama internacional de “Cidade do ET”. E ainda hoje o fenômeno segue ocupando a posição de protagonista na história do município e no imaginário popular. Tanto que um movimento da sociedade local pede que o “Caso ET de Varginha” seja declarado Patrimônio Imaterial da cidade.
A prefeitura acolheu a reivindicação da sociedade e anunciou, na última quinta-feira, 30, que iniciou os estudos técnicos necessários para embasar o processo. “Existem dois requisitos básicos para trabalhar com a ideia de patrimônio imaterial: a criação de uma identidade e a continuidade dessa identidade. Na nossa concepção, essas duas condições existem, mas precisamos de um estudo técnico para embasar isso”, disse ao Estadão o presidente do Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Cultural de Varginha (Codepac), José Manoel Magalhães Ferreira.
De acordo com ele, o registro como Patrimônio Imaterial local vai possibilitar ações de salvaguarda com foco na educação patrimonial direcionada para estudos da astronomia, conhecimentos espaciais e da ufologia. “Vamos iniciar agora esses estudos, a partir do pedido feito por um grupo de munícipes. Sendo isso comprovado, será declarado patrimônio imaterial da cidade. Acredito que esse processo demora cerca de um ano”, disse Ferreira.
O fenômeno que fez a cidade ser conhecida em Minas, no Brasil e internacionalmente, ainda hoje motiva discussões acaloradas entre os que acreditam e os que duvidam de que os ETs, de fato, apareceram por lá. Além disso, o município ainda atrai ufologistas e turistas por conta do caso.
O que vale é que tudo mudou por lá desde 20 de janeiro de 1996. Naquele dia, três garotas disseram ter visto um ser estranho, baixinho e de olhos vermelhos, que parecia ser de outro mundo. Imediatamente, pesquisadores voltaram suas atenções à cidade, e novos relatos surgiram: criaturas e objetos não identificados, mortes misteriosas, estranhas movimentações e operações militares.
“Para mim, a existência ou não do ET não é a questão principal. A verdade é que esse fenômeno transformou a maneira de ver e de enxergar a cidade. Há muita probabilidade de que seja declarado patrimônio imaterial”, disse Ferreira. Ele afirma ainda: “Se me perguntarem qual a identidade de Varginha, acredito que até o café perde para o ET. Somos o maior centro comercial de café do Brasil e do mundo, mas somos mais lembrados pelo ET”.
Segundo a prefeitura, diversas ações foram feitas no sentido da construção dessa imagem, tais como a projeção de bens arquitetônicos e mobiliários urbanos que fazem alusão direta à representação do que se imagina ser uma criatura extraterrestre e de objetos voadores não identificados, como popularmente são conhecidos os “discos voadores”.
Recentemente, o cineasta norte-americano James Fox lançou o documentário “Moment of Contact” (ou “Momento do Contato – O Caso Varginha”) em que demonstra que a história continua viva, fomentando discussões e novos relatos e interesse até os dias atuais, mantendo a memória dos fatos ocorridos em 1996.
“O caso do ET tornou nossa cidade mundialmente conhecida. Hoje recebemos a visita de turistas de toda parte, estudiosos do caso propagam o incidente de Varginha e cabe a nós, gestores públicos, zelar por este visitante ilustre que escolheu nossa cidade para se aportar”, disse o prefeito Vérdi Melo.
Aline Reskalla, especial para o Estadão
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