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Variedades

Cachoeirense Charles Fricks vive personagem cheio de mistérios na novela das 21h

O ator Charles Fricks, nascido na Capital Secreta do Mundo, interpreta Ademir La Selva, produtor rural, irmão mais novo de Antônio, papel de Tony Ramos

Por Redação

8 mins de leitura

em 24 de maio de 2023, às 15h20

Foto: Guto Costa

Por Alissandra Mendes

Tem cachoeirense no horário nobre! O ator Charles Fricks vive um personagem cheio de mistérios na nova novela das 21h, ‘Terra e Paixão’, de Walcyr Carrasco, que estreou neste mês e tem sido bastante elogiada pelo público por conta do elenco, do cenário e das boas atuações. Para Cachoeiro de Itapemirim, a novela é ainda mais especial, já que um de seus filhos ilustres está na trama principal.

Nascido na Capital Secreta do Mundo, Charles Fricks interpreta Ademir La Selva, produtor rural, irmão mais novo de Antônio, papel de Tony Ramos, e que tem uma ligação com Caio, interpretado por Cauã Reymond, seu sobrinho. Mora na cidade e frequenta diariamente o bar de Cândida, personagem de Susana Vieira, e há um mistério em torno dele.

“Sou muito grato ao autor Walcyr Carrasco por me chamar para outra novela dele e pela confiança dele e do diretor artístico Luiz Henrique Rios em me dar um personagem tão importante quanto o Ademir”, conta Charles.

Em entrevista exclusiva ao portal AQUINOTICIAS.COM, Charles Fricks fala sobre a novela, sua trajetória e relembra momentos em Cachoeiro de Itapemirim, sua terra natal. Confira!

Foto: Guto Costa

Aqui Notícias – Nascido em Cachoeiro, você deixou a cidade ainda jovem para seguir carreira no Rio de Janeiro, mas foi na Capital Secreta do Mundo que você começou a atuar. Como foi o início de sua história com a cultura e o teatro?

Charles Fricks – Acho que o que me despertou para começar a pensar mais seriamente em seguir a carreira foram as aulas de teatro na 5ª série, no Colégio Cristo Rei, com a professora Ângela Sartório. Naquela época havia aulas de Teatro e Música. Foi durante os ensaios e apresentações que me apaixonei pelos palcos.

Logo depois, entrei em grupos de teatro amador na cidade (Enfim nós e Contos de Fadas). Mas, bem antes disso, lembro de contatos importantes com cultura e arte que me despertaram de alguma forma, como um espetáculo de dança que assisti ainda muito criança, com a professora Ângela Moraes El Asmar; uma montagem do infantil ‘Os Saltimbancos’, com o grupo da atriz Sara Passabom, que assisti na Casa do Estudante.

Além de todos os filmes que eu assistia nos finais de semana. Saudades também de ir ao cinema aos domingos assistir aos filmes. A primeira vez que fui ao cinema na vida foi graças à escola Tio Patinhas, que levou as crianças para uma sala de cinema, no Cine Cacique. Saudosos cinemas: Broadway, Cacique, Plaza…Tudo isso me influenciou a ser quem sou hoje. Viva a cultura!

AN – Você ainda visita a cidade? Mantém laços? O que você mais gosta em Cachoeiro de Itapemirim?

Charles – Ainda vou à Cachoeiro, com pouca frequência. Minha família toda mora na cidade. Geralmente, vou em datas especiais. Neste ano, por causa do ritmo das gravações, será bem difícil, mas quando vou, gosto de ficar em casa. Depois da pandemia fiquei mais caseiro. A Beira Rio, quando o rio Itapemirim está cheio, e a Pedra do Itabira são as imagens mais bonitas da cidade.

AN – Cachoeiro de Itapemirim é um celeiro cultural e você é um dos filhos ilustres da cidade. Quem e qual foi a sua inspiração para seguir a carreira artística?

Charles – Confesso que não me espelhei ou me inspirei em algum dos grandes artistas da nossa terra. À época, estou falando dos anos 1980, acho que só sabia da grande importância pro cenário cultural nacional os nomes de Roberto Carlos e Rubem Braga. Só quando saí da cidade fui entender a importância de artistas, como: Luz de Fuego, Sérgio Sampaio, Carlos Imperial, Jece Valadão, criado na cidade, por exemplo. Acabei sendo mais influenciado pelo cinema americano. Passava o final de semana assistindo a 4, 5 filmes que alugava nas locadoras. Hoje, me parece que os nomes dos nossos artistas conterrâneos são mais divulgados e comemorados pela cidade. Assim espero.

AN – Você precisou deixar a cidade para seguir seu sonho e ter uma carreira consolidada. Quando você volta seu olhar para cidade, o que imagina que poderia ter sido diferente ou o que a cidade ainda precisa para incentivar os novos talentos?

Charles – Acho que tudo foi como deveria ter sido mesmo pra mim. Desde muito jovem sempre quis morar no Rio de Janeiro. Sempre me vi em uma cidade grande. Passava férias no Rio e sempre sonhei em morar por aqui para seguir a carreira de ator. O eixo Rio-São Paulo sempre foi uma referência para a minha área. Então, não foi uma “fuga da cidade para poder fazer o que queria”. Foi uma junção de tudo.

É importante lembrar que há muitos artistas em cidades pequenas que não desejam sair de suas cidades. Querem morar e fazer a sua arte para a sua cidade e seus conterrâneos. Cabe aos conterrâneos incentivarem essas pessoas. Seja com palavras, comprando livros que cachoeirenses publiquem, assistindo às peças dos grupos locais, indo a exposições dos artistas da terra, ouvindo as músicas dos cantores cachoeirenses/capixabas, tocando suas canções nas rádios. Esses artistas escolheram dar o melhor de si, sua arte, para seus conterrâneos. Merecem nosso respeito e incentivo.

AN – O reconhecimento de seu trabalho veio com os prêmios conquistados. Como tem sido essa trajetória?

Charles – Tenho um nome conhecido no meio teatral carioca. Devo tudo o que tenho ao teatro. São 30 anos em uma cia de teatro, a Cia Atores de Laura. Trinta anos sendo dirigido por um dos grandes diretores de atores do Brasil, o Daniel Herz. Os prêmios Shell e APTR melhor ator vieram depois de muito trabalho e dedicação. Mas, continua sendo uma profissão muito difícil. Sempre será. Em qualquer lugar do mundo. Quem trabalha com qualquer tipo de arte sabe que é assim. É uma profissão instável. Mas, é o que amamos fazer, o que escolhemos para passar pela vida.

AN – Na novela das 21h, você faz parte do núcleo central da trama. Como é contracenar com Tony Ramos, Gloria Pires, Cauã Reymond, com a direção de Walcyr Carrasco?

Foto: Guto Costa

Charles Fricks – Sou muito grato ao autor Walcyr Carrasco por me chamar para outra novela dele, em “O outro lado do paraíso” entrei para fazer uma participação em três capítulos e ele foi escrevendo para o meu personagem até o fim da novela, e pela confiança dele e do diretor artístico Luiz Henrique Rios em me dar um personagem tão importante quanto o Ademir.

Já havia trabalhado com o Tony em ‘Chico Xavier – o filme’, de Daniel Filho, embora não tivéssemos nos encontrado no set, e no filme ‘Quase Memória’, de Ruy Guerra, quando passamos 20 dias filmando juntos no interior do Rio de Janeiro, fzendo o mesmo personagem em idades diferentes. Tony é um grande parceiro de cena. Inteligente, adora conversar, fala sobre qualquer assunto e é muito brincalhão. É uma delícia fazer cenas com ele.

Glória Pires, igual. Este é o meu 5º trabalho com ela. Fizemos ‘Nise’, ‘A suspeita’, ‘Linda de Morrer’ e ‘O outro lado do Paraíso’. Já criamos uma intimidade em cena e uma linda parceria e admiração mútua. Tony e Glória são os gigantes que são porque, mesmo depois de tantas décadas nessa profissão, não carregam nenhuma arrogância, afetação ou deslumbramento. Pelo contrário. Sabem que seu trabalho é um ofício, como tantos outros.

Cauã é outro muito bem humorado. Não nos conhecíamos e tivemos pouco tempo para “quebrar o gelo” inicial antes de fazer as bonitas cenas de intimidade entre esse tio e esse sobrinho rejeitado pelo pai. Assim, logo começamos a conversar um pouco sobre nossas vidas pessoais para termos um mínimo de ligação. Acho que funcionou. Ouço muitos elogios sobre as cenas dos 2.

AN – O Ademir de La Selva esconde um mistério. Como tem sido interpretar esse personagem?

Charles – Um mistério! (Risos) Novela é uma obra aberta. Tudo pode mudar. E as novelas do Walcyr são cheias de mistérios para todos os personagens. Alguns desses mistérios, nós, atores, sabemos, mas tantos outros não. De verdade. Vejo várias matérias falando sobre acontecimentos na novela, relações e etc., mas a grande maioria dessas supostas histórias nunca chegou a mim.

AN – Atualmente, você está focado na novela, que estreou há menos de um mês, mas já está pensando ou tocando algum outro projeto paralelo?

Charles – Infelizmente não. O ritmo de gravações é intenso. Recebo o roteiro de gravação da semana seguinte toda quinta-feira, mas tudo pode mudar dependendo de vários fatores: ator que adoece, cenário que não ficou pronto, cena modificada, etc. Temos que estar disponíveis. Espero fazer algum espetáculo no início do ano que vem, quando a novela acabar. 

AN – Qual recado você deixa para os seus conterrâneos que buscam essa carreira?

Charles Fricks – Não ouçam quem te puxa para baixo. Se você é um artista, se você não se vê vivendo sem fazer qualquer tipo de arte, faça. Do jeito que você puder. Seja por hobby ou por profissão. Não ouça quem diz “isso não dá dinheiro”, “isso não vai te levar a lugar nenhum”. Como eles podem saber!? Tem muita gente frustrada que não gosta de ver a realização do outro. Se eu ouvisse essas pessoas talvez não estivesse aqui falando com vocês.

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