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Nacional

Filha e namorada pegam mais de 60 anos de prisão por morte dos pais

A condenação foi proferida pelo Tribunal do júri realizado na Comarca de Santo André. As penas somadas passam de 192 anos

Por Redação

6 mins de leitura

em 14 de jun de 2023, às 15h36

Reprodução/Estadão
Reprodução/Estadão

A Justiça de São Paulo condenou três dos cinco acusados de matar um casal e filho adolescente no ABC paulista. O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2020. A família foi encontrada carbonizada no porta-malas de um veículo encontrado em uma estrada rural de São Bernardo do Campo

A residência das vítimas ficava na Rua Caminho dos Vianas, dentro de um condomínio, no bairro Jardim Irene, no município de Santo André, a 6,5 quilômetros dali. Na madrugada desta quarta-feira (14), a condenação foi proferida pelo Tribunal do júri realizado na Comarca de Santo André. As penas somadas passam de 192 anos.

As vítimas da tragédia foram Flaviana de Meneses Guimarães, de 40 anos, Romuyuki Veras Gonçalves, de 43, e Juan Victor Meneses Gonçalves, de 15. A filha do casal, Anaflávia Martins Meneses Gonçalves, e a então companheira, Carina Ramos de Abreu, foram acusadas de envolvimento no crime. Outros três homens também participaram da ação. Todos foram acusados anteriormente pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP). Agora, a Justiça condenou três dos acusados. Dois serão julgados posteriormente.

“Os jurados consideraram os réus culpados pelos crimes de homicídio qualificado (motivo fútil, com emprego de meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas), roubo majorado, destruição de cadáver e associação criminosa”, disse o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP).

Conforme a decisão, a filha das vítimas, Anaflávia, que facilitou a entrada dos comparsas no condomínio onde morava a família e participou dos crimes, foi sentenciada a 61 anos, 5 meses e 23 dias de reclusão.

A companheira dela à época dos fatos, Carina, foi condenada a 74 anos, 10 meses e 10 dias de reclusão, e o terceiro envolvido, Guilherme Ramos da Silva, amigo de um dos primos de Carina, foi condenado a 56 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão. Todos em regime inicial fechado, de acordo com o TJ-SP.

“Consta nos autos que a filha das vítimas informou sua companheira da existência de um cofre na casa dos pais. Com a ajuda de três homens (dois deles tiveram seus processos desmembrados e serão julgados posteriormente), entraram no condomínio onde morava a família. Os corpos das vítimas foram encontrados no dia seguinte, carbonizados”, acrescenta o tribunal.

Na sentença, o juiz Lucas Tambor Bueno, que presidiu os trabalhos iniciados na última segunda-feira (12), destacou que as circunstâncias dos fatos extrapolaram “aquelas normais para este tipo de crime”, bem como “houve nítida premeditação para as práticas delitivas”.

Segundo o TJ-SP, apesar de caber recurso contra o julgamento, os réus não poderão recorrer da decisão em liberdade. Os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos, outros dois acusados, serão julgados posteriormente.

Veja abaixo as sentenças:

  • AnaFlávia Martins Meneses Gonçalves foi sentenciada a 61 anos, cinco meses e 23 dias de reclusão.
  • Carina Ramos de Abreu foi condenada a 74 anos, sete meses e dez dias de reclusão.
  • Guilherme Ramos da Silva foi condenado a 56 anos, dois meses e 20 dias de reclusão.

Relembre o caso:

Às 2h32 de terça-feira, 28 de janeiro de 2020, o 6º Batalhão da Polícia Militar da região foi acionado para atender a ocorrência. Um incêndio aparentemente em um carro de luxo tinha acabado de ser controlado pelo Corpo de Bombeiros em um recôndito da Estrada do Montanhão, periferia de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Havia cadáveres escondidos no porta-malas. Quando a viatura chegou, os agentes se depararam com a imagem: os corpos, carbonizados, estavam colados uns aos outros. Levou menos de 24 horas para a polícia confirmar Romuyuki entre os corpos no porta-malas. Também identificaram a mulher dele, Flaviana e o filho caçula Juan Victor.

Imagens de câmeras de segurança mostraram Carina, companheira de Ana Flávia, chegando no condomínio, assim como a presença dos outros envolvidos no crime. Na ocasião, para prender as duas, a polícia alegou ter havido contradições nos depoimentos, como horários de atividades ao longo daquele dia. Posteriormente, os outros três envolvidos também foram presos.

“Carina e Anaflavia mataram as vítimas por motivo torpe, consistente na cobiça de ambas, em ficar com a casa, com os veículos, com o dinheiro que achavam que estava no cofre, e com o dinheiro do seguro de vida. Juliano, Jonathan e Guilherme agiram mediante promessa de recompensa”, disse também na época o MP-SP.

“Todos os cinco empregaram meio cruel para matar as vítimas, pois bateram tanto em suas cabeças, que seus crânios estavam afundados na lateral direita. E se utilizaram de recurso que dificultou a defesa das vítimas, pois além de estarem em superioridade numérica, e de amarrar, amordaçar e entorpecê-las, tinham no grupo duas pessoas da família, Carina e Anaflavia, cuja presença não gerava suspeita”, afirmou ainda no MP-SP quando denunciou os cinco envolvidos no crime.

Também na época, em depoimento, Juliano Júnior afirmou que todos tinham bolado o plano juntos e que Anaflávia e Carina participaram ativamente de toda a ação. Isso após receber a informação de que as vítimas haviam recebido R$ 85 mil de uma herança. Ainda segundo o MP-SP, Carina e Anaflavia também suspeitavam que Romuyuki tinha feito um seguro de vida.

Como Anaflávia se envolveu com Carina?

Em 2018, Anaflávia interrompeu um casamento para iniciar o namoro com Carina, por meio de quem conheceu os demais envolvidos no crime. As duas passaram a morar juntas nas proximidades da Rua Toledanas, no Jardim Santo André, de onde ela saía todos os dias, de manhã cedinho, para trabalhar em uma loja de perfumes que Romuyuki e Flaviana haviam aberto em um shopping de São Bernardo do Campo.

As vendas no quiosque iam bem e o resultado se refletia em comissões, cada vez mais gordas, para Anaflávia. Também era comum a filha presenciar Flaviana fazer a contabilidade da loja ou pagamentos a outros funcionários ao fim do expediente.

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