Impostos em apostas esportivas on-line vão ampliar arrecadação
Medida provisória prevê tributação de 18% em segmento regulamentado no país há cinco anos e que não pagava tributos sobre a receita

O setor de apostas esportivas on-line, as chamadas “bets”, vai começar a pagar impostos sobre a receita das empresas. Uma medida provisória publicada pelo governo federal, nesta terça-feira (25), prevê que a tributação das casas de apostas seja de 18% sobre a receita obtida com os jogos, após o pagamento dos prêmios aos apostadores. Porém, com o imposto, a preocupação é que o crescimento do setor, que é novo no país, seja prejudicado.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiA regra já está valendo, mas precisa ser aprovada pelo Congresso em até quatro meses para não perder a validade. Com a medida, o repasse ao Ministério do Esporte deve saltar de 1% para 3% da arrecadação. Para 2024, a Fazenda estima uma receita total de R$ 2 bilhões com a nova cobrança, mas prevê que o montante chegue a R$ 12 bilhões com todo o mercado regulamentado.
O valor da arrecadação será distribuído da seguinte forma: 10% de contribuição para seguridade social; 0,82% para educação básica; 2,55% para o Fundo Nacional de Segurança Pública; 1,63% para clubes e atletas que tiverem seus nomes e símbolos ligados às apostas; e 3% para o Ministério do Esporte. A medida também impõe a cobrança de Imposto de Renda sobre prêmios recebidos pelos apostadores acima da faixa de isenção, hoje em R$ 2.112, a uma alíquota de 30%.
Inicialmente, em maio, o Ministério da Fazenda havia divulgado uma proposta que previa a taxação das apostas em 16%, além de regras para evitar a manipulação dos jogos. Já os representantes do setor queriam um tributo de até 15%.
“Além de as empresas terem de pagar tributos, os jogadores também vão ter perda de receita, com o pagamento do Imposto de Renda ao receber seu prêmio, o que pode levar empresários e clientes para apostas ilegais. Por outro lado, ao ponderar que a reforma tributária prevê uma alíquota geral de 25%, uma tributação de 18%, ao comparar com outros setores, é considerada razoável”, explica o advogado tributarista Samir Nemer.
A preocupação do setor de apostas esportivas é o impacto de uma só vez nas empresas com a taxa. “A tributação do setor é essencial, já que gastos com jogos são considerados supérfluos, mas, como é uma atividade que saiu da informalidade há pouco tempo no país, pode-se pensar em uma implementação gradual, com um período de transição até chegar a 18%”, ressalta Nemer, que é sócio do escritório FurtadoNemer Advogados.
Agora, representantes do segmento buscam medidas, como deduzir, do novo imposto, as despesas com publicidade e tecnologia – reduzindo o tributo a ser pago. As empresas também vão negociar mudanças na taxação dos apostadores.
Já o Ministério da Fazenda avalia flexibilizar os valores e prazos das outorgas que serão obrigatórias para se operar no país. A ideia inicial era estabelecer o valor de R$ 30 milhões por um período de cinco anos. Mas a pasta estuda criar uma outorga intermediária no montante de R$ 15 milhões, válida por cinco anos, e outra de R$ 30 milhões por 10 anos. Tudo será definido por meio de portaria.
Segurança jurídica
Com a medida provisória, a expectativa é haver mais segurança jurídica para o setor, de acordo com Nemer. Isso porque, a partir de agora, todas as casas de apostas deverão ter uma representação no país, o que traz mais segurança para o apostador caso seja necessário exigir algum direito dessas empresas.
