O turismo rural em Cachoeiro de Itapemirim já é uma realidade e tem atraído cada vez mais visitantes para a cidade. Os destinos mais buscados são os distritos de Burarama e São Vicente, e o Morro do Caramba, próximo à sede.
Nesses locais, os turistas e visitantes podem ter contato direto com a natureza, apreciar belezas naturais e desfrutar das comidas típicas da região.
Além do bom atendimento, os locais encantam que os visita. Confira os principais destinos desse roteiro!
O turismo rural em Cachoeiro de Itapemirim
O turismo rural em Cachoeiro de Itapemirim contempla muitas belezas. Uma delas é o bucólico distrito de Burarama, que atrai muitos turistas que buscam a tranquilidade e o contato direto com a natureza.
O distrito, localizado a 37 quilômetros de Cachoeiro, é um dos roteiros de quem busca lazer ao ar livre. Com diversas opções de passeios, caminhadas e trilhas, Burarama é sede de duas grandes e importantes fábricas de cachaça do Espírito Santo, e lá são produzidas as aguardentes Floresta, Burarama e Mula Preta.
Além disso, os monumentos naturais são os principais atrativos da região, com destaque para a Pedra da Ema, Pedra da Igrejinha, Pedra do Cruzeiros, além de cachoeiras e piscinas de águas naturais.
As tradições são mantidas e passadas de geração em geração. Algumas se mantém até os dias atuais, como o Encontro de Trilheiros, Folia de Reis e campeonatos de bocha. Burarama também é destaque na agricultura.
Monumentos naturais
No trajeto da Rodovia ES 482 até chegar à Burarama, os visitantes são recepcionados pela Pedra da Ema. Imponente, o monumento é avistado de todas as partes do distrito.
No período da tarde, após às 14h, os raios de sol fazem com que uma enorme falha da rocha, forme com exatidão uma ema. A visualização da ave fica ainda mais perfeitas entre os meses de junho a setembro.
A pedra é cheia de mistérios e lendas. Uma delas, contada por moradores, é que um escravo teria enterrado um fazendeiro ao lado de um valioso sino de ouro. Esse tesouro ficava à sombra de uma sapucaieira, na base na pedra. Segundo a lenda, esse fazendeiro teria se transformado em ema para tentar recuperar seu tesouro.
Além da Pedra da Ema, a Pedra do Cruzeiro é outro monumento a ser visitado no distrito contemplando o turismo rural em Cachoeiro de Itapemirim. Com cerca de um quilômetro da Praça José Gava, é possível chegar de carro bem próximo ao cruzeiro. O caminho a pé é feito por uma trilha por cerca de 10 minutos. Do alto da pedra é possível visualizar todo o distrito.
A Pedra da Igrejinha, na localidade de Alto Petrópolis é outro local a ser visitado. No alto do morro há a construção de uma igrejinha, que atrai visitantes e apaixonados por esportes radicais durante todo o ano. O percurso pode ser feito quase todo de carro. Para chegar ao topo, é necessário fazer uma caminhada de cerca de 25 minutos pela mata. De lá, é possível avistar com perfeição os outros monumentos naturais de Burarama e todo o distrito.
Circuito das Águas
O distrito faz parte do roteiro turístico Caminho das Águas, e esse é outro grande atrativo. A cachoeira do Kiko, na localidade de Forquilha, tem uma queda d’água que escorre por grandes rochas, até desaguar em um poço de águas cristalinas.
O percurso da praça José Gava é de dois quilômetros e é feito por uma estrada de chão e uma trilha curta na mata. A cachoeira está localizada em uma propriedade privada, mas não há restrição de horário para entrar.
Logo abaixo, está localizado o açude. A família Gava, proprietária do terreno, decidiu fechar o acesso por conta da falta de tempo em manter o restaurante em funcionamento e o local em bom estado de conservação. No entanto, há planos de limpeza e restauração do lugar. Por enquanto, a expectativa é reabrir no próximo verão somente para familiares e amigos.
Outro atrativo é o Poço do Pedro Gava. O local permanece ao longo dos anos sendo um dos principais atrativos de Burarama. É ideal para o lazer e descanso com a família. o atrativo possui piscinas com água de nascente em meio à natureza.
Além do contato direto com a natureza e o clima familiar, aos fins de semana é possível também aproveitar o restaurante do local, que também oferece área de camping.
Artesanato que encanta e emociona
Inspirada pela Pedra da Ema e pelo ar bucólico do distrito, a artista plástica carioca Gracinha Sabadini mora há 40 anos no distrito, e em 2007, começou a trabalhar com esculturas feitas de barro. Hoje, seu ateliê Barro Nobre é uma das atrações de Burarama e sua arte é vendida para outros estados.
A marca registrada da artista é que suas esculturas são reconhecidas por características marcantes, resultado de um acidente da artista logo no início da profissão: são gordinhas e a pintura é feita com tinta extraída da terra.
O Barro Nobre de Gracinha Sabadini é um dos atrativos turísticos de Burarama e pode ser visitado durante a semana. As peças são produzidas sob encomenda e a artista faz os bonecos personalizados, de acordo com o pedido do cliente.
Outro destaque do distrito são as Meninas Bordadeiras de Burarama. O grupo, criado em 1973, por Anna Perim Grillo, foi sendo transmitido de geração em geração. A partir de 2005, elas se formalizaram como Ponto de Memória Meninas Bordadeiras de Burarama.
A filha de Anna, Mariangela Grillo Fassarela cuida do acervo do grupo e se orgulha em seguir o legado da mãe. Cada bordado remete a uma lembrança das bordadeiras, e muitos deles revelam histórias de luta, sobrevivência e superação. O projeto social já chegou a reunir grupo de 40 mulheres.
Maior produtora de cachaça de Cachoeiro
A cachaça, genuinamente brasileira, foi a primeira bebida destilada da América Latina a ser produzida em grande escala. Atualmente, é o terceiro destilado mais consumido no mundo.
Em Burarama, a produção da cachaça Floresta começou há mais de 90 anos na região central do distrito. Em 1948, a família Gava obteve o primeiro registro de funcionamento da fábrica, e passou a produzir em grande escala.
Atualmente, a terceira geração da família comanda a fábrica. Gilvandro, Geosauro e Erasmo Carlos mantém o legado e a história do alambique e da tradicional aguardente da região.
O processo de produção da cachaça começa com a moagem da cana de açúcar. Depois, o caldo da cana é armazenado em dornas para que ocorra a fermentação. O processo dura uma média de 12 a 36 horas, dependendo da qualidade da cana. Na fábrica da floresta, são usadas seis dornas com capacidade de 20 mil litros cada.
A cachaça Floresta é produzida de suas formas: pelo alambique contínuo, que produz cerca de 600 litros por hora, e também na panela de cobre, que o torna o produto artesanal e especial.
As cachaças produzidas pelo alambique continuo são armazenadas em um barril de cerejeira ou já envazadas diretamente. Esse processo determina a coloração da aguardente, que geralmente é encontrada em tons transparentes e amareladas.
Já na cachaça artesanal, feita na panela de cobre, a produção em média é de 300 litros por dia. Mas, a fabricação ocorre em intervalos de tempo maior. A bebida é armazenada em tonéis de carvalho e permanecem até o engarrafamento.
Erasmo e o primo Gilvandro se preparam para um novo passo da na produção: eles estão montando uma fábrica de cerveja artesanal e esperam iniciar o novo empreendimento em breve.
Produção de cachaça atrai turistas
Além de movimentar a economia de Burarama, a cachaça também atrai muitos turistas. Conhecer as histórias, entender o processo de produção e aproveitar as paisagens exuberantes, faz parte da visita ao distrito.
Um desses passeios é na localidade de Petrópolis, bem embaixo da Pedra da Igrejinha, um dos pontos turísticos de Burarama. Lá, está localizada a fábrica das cachaças Burarama e Mula Preta.
Há 55 anos, Ludovido Gava, o ‘Dovido’ iniciou a produção da cachaça Burarama. O processo artesanal foi mudando ao longo dos anos, mas sem perder a qualidade e o sabor da aguardente. Há 33 anos, os filhos Marcos e Germano Gava assumiram a administração da empresa.
O processo de produção começa com a moagem da cana. A matéria prima é comprada nos municípios de Itapemirim e Presidente Kennedy. Depois, o caldo é armazenado em dornas, no período mínimo de 24 horas, até seguir para o alambique.
Quem visita a sede das cachaças Burarama e Mula Preta pode conhecer um pouco mais da história da tradição familiar. No local, há um espaço com a exposição das primeiras cachaças produzidas e peças que fazem parte do início da fábrica.
Encontro de Trilheiros e Folia de Reis de Burarama
O distrito também realiza eventos que atraem milhares de turistas anualmente ao lugar. Um deles é o Encontro de Trilheiros, realizado há 21 anos e já chegou a ter 640 inscritos.
Além disso, outro evento adiado por conta da pandemia é o Ciclo Natalino com a Folia de Reis. Um grupo de amigos que queria levar fé, cultura e diversão para os moradores e então teve início a Missão Divina.
Morro do Caramba guarda histórias que atraem turistas
O Morro do Caramba é um dos principais atrativos do turismo rural e está próximo à região central da cidade. O local atrai praticantes de esporte ao livre, que se encantam com as belezas da Pedra do Caramba, Pedra do Índio e do mirante, com cerca de 700 metros de altitude, que permite enxergar o litoral sul capixaba.
A Pedra do Caramba é a única do Espírito Santo que permite uma visão de 360º do alto do cume da montanha. Além disso, é o segundo ponto mais alto de Cachoeiro de Itapemirim.
O Morro do Caramba é cercado de histórias e curiosidades, que atraem centenas de turistas ao local. O objetivo do Revelar Cachoeiro é contar essas histórias e mostrar o potencial turístico da cidade.
Mas, afinal, quem foi o ‘Caramba’?
Filho de escravos, Sebastião Venceslau, o ‘Caramba’, veio sozinho de Matias Barbosa, em Minas Gerais, para Cachoeiro de Itapemirim, aos 12 anos, logo após a abolição da escravidão no Brasil.
Já no município, se instalou no ponto mais alto do morro do bairro Alto São Geraldo. Lá, constituiu sua família. “Quando ele chegou, começou a trabalhar para a família Speroto. Nessa época, ele gostava de caçar e ia até o alto do morro. Foi lá que encontrou essa área e decidiu morar”, conta o neto, Geraldo Correia, conhecido como ‘Tibino’, de 71 anos.
‘Caramba’ se casou duas vezes. No primeiro casamento, teve três filhos: Colodino, Maria Rosa e Luzia. Essa última foi criada por outra família. Todos já faleceram. No segundo casamento, com Filisminda, teve uma única filha: Antônia, mãe de ‘Tibino’, que faleceu um ano após a morte do pai. Filisminda morreu cega aos 85 anos, em 1981.
“Meu avô construiu uma casa simples, com três cômodos e chão de terra batida. Como lá fazia muito frio, ele tinha o costume e acender uma fogueira no meio da sala para aquecer o imóvel. Um dia, ele precisou mais lenha para manter o fogo aceso e saiu na mata para buscar. Quando voltou, o fogo tinha tomado toda a casa, que foi completamente destruída. Ele perdeu tudo. O que chamou a atenção na ocasião foi a imagem de Nossa Senhora da Penha que ele tinha em casa e permaneceu intacta na chama”, relembra ‘Tibino’.
Geraldo explica que o avô perdeu tudo no incêndio, mas com a ajuda de amigos e pessoas, que já visitam o local naquela época, a casa foi reconstruída e ‘Caramba’ retornou para o local, onde permaneceu até mais de 100 anos. “Por conta do difícil acesso, não tínhamos mais como deixá-lo lá em cima, e o trouxemos para nossa casa, onde ele viveu seus últimos anos”, detalhe. Sebastião Venceslau morreu aos 115 anos, em 1978.
Segundo Geraldo, após a morte de ‘Caramba’, a família não retornou mais ao imóvel, que foi destruído pela ação do tempo. Atualmente, as ruínas foram tomadas pelo mato, mas é possível encontrar a localização e uma nascente, que permanece intacta na região e abastecia a casa.
“Até mais sete anos, morei com meu avô. Depois, tive que descer para a cidade, por conta dos estudos. Tenho orgulho das lembranças que tenho e sinto saudades. Aprendi muito com ele e sei que está feliz com essas visitas que os turistas fazem ao local diariamente. Ele deixou um legado: desbravou o morro que hoje leva seu nome. Ele merece essa homenagem”, completa Geraldo.
Pedra do Caramba está a 715 metros de altitude
Imponente, a Pedra do Caramba, segundo ponto mais alto de Cachoeiro de Itapemirim, é vista do bairro São Geraldo. Os moradores da localidade de Tijuca também têm o privilégio da visão completa.
Chegar ao topo é o objetivo de quem quer desafiar os limites do próprio corpo e que busca a prática de esportes ao ar livre.
Para chegar ao Morro do Caramba o único acesso é no bairro São Geraldo. Ao fim da rua João Sasso, começa a subida que passa pelo Pirote ou Speroto. O percurso pode ser feito de carro até perto da pedra.
Depois, acesso é a pé e por uma trilha de 1,5 quilômetro. A subida exige preparo físico, e o indicado é subir bem cedo e evitar dias de chuva. Para chegar ao cume da montanha, é necessário subir com a ajuda de um cabo, já instalado no local. No entanto, é preciso ter cuidado e orientação de quem conhece para acessar o lugar.
Lá do alto da Pedra do Caramba, é possível ter uma visão 360º, avistando o Litoral Sul Capixaba e a cidade de Cachoeiro de Itapemirim. E é nesse lugar, de sossego e tranquilidade, que ‘Caramba’ morou por mais de 100 anos.
Esportes de aventura
As trilhas, tanto pelo São Geraldo quando pela Tijuca são os atrativos esportivos do Morro do Caramba. No local é possível praticar pedal, escalada, caminhada, entre tantos outros esportes radicais.
Para quem gosta de acampar, subir a Pedra do Caramba e passar uma noite do cume da montanha, é uma boa opção. Subir o Morro do Caramba é uma aventura para muitos esportistas que buscam explorar atividades ao ar livre.
Morro do Caramba entra no roteiro religioso
Além de todos os atrativos turísticos e de esportes de aventura, o Morro do Caramba tem atraído fieis, que buscam o cume da montanha para orações. O local entra também para o roteiro religioso de Cachoeiro de Itapemirim.
No cume da Pedra do Caramba foi instalada uma capela com a imagem de Nossa Senhora da Penha. Um desejo da família de Sebastião Venceslau é colocar no cume da montanha a imagem de Nossa Senhora da Penha, que resistiu a um incêndio na casa de ‘Caramba’, seja colocada no local.
Mas, enquanto isso não acontece, o grupo se amigos continua subindo a pedra para levar flores para a Santa. Em 2020, um grupo de fieis subiu a Pedra da Caramba para a celebração de uma missa no cume.
Turismo rural em Cachoeiro de Itapemirim muda o interior
O distrito de São Vicente, localizado a 40 quilômetros da sede, tem se tornado um dos principais roteiros do turismo rural de Cachoeiro de Itapemirim. Cercado de belezas naturais e atrativos, os novos empreendimentos têm atraído cada vez mais turistas para região.
O turismo é uma realidade no distrito, que possui, além da sede, 12 comunidades: Alto São Vicente, Boa Vista, Santo Antônio do Cantagalo, Monte Verde, São José do Cantagalo, Independência, Usina São Miguel, Cachoeira Alta, Santa Luzia, Bom Jardim, Vargem Alegre e Fruteiras Quente. Cada uma das comunidades e a sede, possuem uma igreja católica.
A rampa do Camillo Pansini atrai esportistas de várias partes do Brasil, e está bem abaixo da Pedra da Penha, principal ponto turístico de São Vicente. Além disso, as cachoeiras são outros pontos que atraem os visitantes. Existem três o distrito: Cachoeira Alta, Cachoeira de Bom Jardim e Cachoeira do Bocó.
De olho nesses turistas, os moradores do distrito investem em restaurantes e pousadas, para atrair esses visitantes e fomentar o turismo rural e esportivo.
Pedra da Penha é um atrativo do turismo rural
O principal atrativo da região é a Pedra da Penha. O ponto mais alto de Cachoeiro de Itapemirim está localizado a 1.114 metros de altitude e chega a reunir mais de 300 pessoas aos fins de semana, que buscam o topo da montanha. Do alto, é possível avistar todo o Sul do Espírito Santo.
O local guarda histórias de fé e religiosidade. O produtor rural Angelin João Pancini conta que o monumento natural é visitado por turistas há mais de 100 anos. “Meu avô comprou o terreno, em 1918, junto com os irmãos os 72 alqueires de terra. Em 1921, fizeram a medição das terras e para isso, foram no alto da pedra. Eles acharam tudo muito bonito. Meu avô foi para a Itália e trouxe a imagem de Nossa Senhora da Penha e, desde então, o local recebe visitantes”, conta.
Angelin conta que receber os turistas tem mudado a forma de pensar sobre o turismo rural entre os moradores do distrito. “Minhas filhas estão animadas e gosto de incentivar. Acho que esse é o meu trabalho”, completa.
Para subir a Pedra da Penha, o percurso pode ser feito boa parte de carro. É possível chegar até o início da trilha. Depois, o percurso é todo a pé. A subida requer alguns cuidados, mas nada que atrapalhe apreciar a vista. Algumas pausas são necessárias para o descanso, já que a subida é íngreme e exige muito esforço físico.
Como a trilha é pela mata, o clima é agradável para subida a qualquer hora do dia. Mas o indicado, se for descer no mesmo dia, é não subir muito tarde, para evitar descer no escuro.
No topo da pedra, Nossa Senhora da Penha recebe os visitantes que vão até o local para agradecer ou pagar promessas. Quem chega ao topo da pedra, ainda precisa conhecer o mirante, que oferece uma visão ainda mais privilegiada do Sul do Estado.
O percurso até ele é feito por uma trilha curta. Para subir, aproveitar a vista e descer, o visitante gasta uma média de duas horas na Pedra da Penha.
Conheça mais: @pedradapenhaoficial
Turismo rural incentiva novos empreendimentos
Atentos para o aumento da procura por visitas na comunidade, os moradores já focam no turismo rural, o que tem atraído ainda mais pessoas ao local. Um desses locais é o Chalé Arcangelluz, das irmãs Alessandra e Simone Fávero. O restaurante, cuidadosamente, mantido por elas é um dos atrativos de São Vicente e chega mais de 150 pessoas aos domingos.
“Já moramos aqui. Saímos e voltamos. Mas não víamos o local com os olhos que vemos hoje. Abrimos nossos olhos para a natureza linda que temos aqui, como a Pedra da Penha. É incrível o que Deus proporciona para nós aqui. Isso nos deu ânimo e gás para trabalhar com turismo”, comenta Alessandra.
Alessandra morava em Cachoeiro há muitos anos e decidiu largar a vida na cidade e retornar à São Vicente, após o convite da irmã. Simone já possuía o chalé para sua família, e decidiram abrir o espaço para o público. “Temos uma equipe muito especial. Já estamos investindo na hospedagem. Estamos muito felizes trabalhando com o turismo rural”, continua Simone.
As irmãs acreditam na força do turismo rural e querem continuar explorando esse ramo. Segundo elas, essa é a oportunidades que as mulheres, produtoras rurais, também têm de ajudar na renda familiar.
O irmão de Alessandra e Simone, o produtor Nivaldo Fávero também está investindo o turismo rural. Ele e a esposa Luzimar trabalham há mais de 15 anos na agroindústria de produção de palmito. Na atividade, eles produzem e abastecem todos os restaurantes de Cachoeiro de Itapemirim.
Em sua propriedade, em Alto São Vicente, Nivaldo construiu uma nova casa para família. Depois de pronta, viu o imóvel como uma oportunidade para alugar para turistas. O chalé de 60 metros quadrados possui dois quatros, sala, cozinha e um deck com uma visão privilegiada de Cachoeiro.
Conheça mais: @chalearcangelluzoficial
Rampa de voo livre atrai pilotos de todo o país
Quem gosta de esportes radicais, uma boa pedida em São Vicente é visitar a Rampa Camillo Pansini. O local está bem embaixo da Pedra da Penha e oferece uma visão panorâmica do Sul do Espírito Santo.
O produtor rural Camillo Pansini sempre foi um incentivador do esporte de aventura e idealizou o turismo rural na região. Foi dele a ideia de iluminar o cruzeiro do alto da Pedra da Penha, e há mais de 40 anos, retirou alguns pés de café de onde hoje está a rampa, para o primeiro voo de asa delta na região.
Hoje, a Rampa Camillo Pansini recebe pilotos da região e de outros estados brasileiros. No local, também há uma escola de voo, comandada pelos pilotos Denilson Abílio Espavier e Ronaldo Granzieli, o ‘Taquaral’. E são os próprios moradores do distrito os que mais procuram pelas aulas.
Aos fins de semana, o local recebe mais de 30 pilotos e o público que gosta de acompanhar o esporte.
E quem quer visitar e passar um dia agradável na Rampa do Camillo Pansini não precisa se preocupar com alimentação. Embaixo da rampa, há o Bar Camping das irmãs Patrícia e Bruna Pancini. Além de boa comida, o local dispõe de uma piscina para banhos e locais para descanso. Isso tudo com um visual de tirar o fôlego.
Patrícia estava fora do distrito por anos e, ao retornar, viu o turismo rural como uma fonte de renda e uma forma de mostrar o potencial turístico de São Vicente. “Sempre fui encantada com esse lugar, com a Pedra da Penha, o pôr do sol. Sempre achei tudo aqui muito lindo, mesmo sendo do local. As pessoas falam que Cachoeiro é quente e sempre falo que passo frio morando em Cachoeiro. Estamos nas montanhas de Cachoeiro, que as pessoas estão começando a conhecer agora”, ressalta.
Além do bar e restaurante, Patrícia oferece serviço de camping. Aos fins de semana, o local é muito procurado por quem quer silêncio e tranquilidade em meio à natureza. O local é apoio para os pilotos e visitantes, e também para quem vai subir a Pedra da Penha.
Conheça mais: @camping_pedradapenha_
Cachoeiras de São Vicente encantam turistas
A região também possui belezas naturais, que encantam os visitantes. No distrito existem três cachoeiras, que atraem no verão centenas de turistas.
Uma delas, é a Cachoeira Alta, que tem uma queda de 100 metros de altitude. Suas águas puras e cristalinas, com nível baixo de profundidade, são perfeitas para o banho de crianças e adultos.
Em seu interior, por trás das rochas, a cachoeira esconde fendas onde habitam milhares de andorinhas pretas que, quando saem em revoada, produzem ruído que se confunde com o barulho das águas.
A entrada da cachoeira é por uma propriedade privada e, por isso, há cobrança de uma taxa de cinco reais e não é permitido entrar com bebida no local.
A Cachoeira do Bocó é outro atrativo da região. A cachoeira de águas cristalinas desagua em uma piscina, que recebe bem adultos e crianças. No local, há um bar para atender os visitantes.
A Cachoeira de Bom Jardim é outra opção de São Vicente para se refrescar. A cachoeira tem uma queda d’água curta, de cerca de nove metros, e uma boa área para banho, além de espaço para piqueniques e churrascos.
No entorno há um bar com opções de comida e bebida para os visitantes. A cachoeira fica dentro de uma área privada, mas não é necessário pagar para ter acesso. Entretanto, não é permitido entrar com bebidas no local.
Um pouco acima da Cachoeira de Bom Jardim, no Sítio Santo Antônio há hospedagem. No entanto, o local abriga os praticantes de esportes radicais na Pedra da Onça e da Rampa do Camillo Pansini, e não atende visitantes e turistas da região. Ozília Grancieri Vinco começou em 2009 recebendo praticantes de base jump, e hospede pilotos de vários países.
São Vicente possui 13 igrejas católicas
O distrito de São Vicente possui, além da sede, 12 comunidades, e em cada uma delas há uma igreja católica. Muitos turistas que procuram a região, aproveitam o passeio para conhecer o roteiro, que reúne religiosidade e fé.
A imagem de Nossa Senhora da Penha foi colocada no topo da Pedra da Penha, como agradecimento e prova de fé dos moradores há mais de 100 anos. Hoje, o local recebe muitos fieis para pagar promessas ou agradecer nossa senhora.
Conhecer o distrito inclui conhecer também esse roteiro religioso, que começa logo na comunidade da Usina São Miguel. Lá está a igreja católica de São Miguel Arcanjo. A igreja de Nossa Senhora da Penha está localizada na comunidade de Fruteiras Quente.
Na comunidade de Cachoeira Alta, além da cachoeira, a Igreja Nossa Senhora das Neves chama a atenção de quem passa pela estrada. O sino e o coreto encantam moradores e visitantes.
Na comunidade de Santo Antônio do Cantagalo, encontramos a igreja de Santo Antônio, que está localizado na estrada principal de acesso à São Vicente. Também às margens da estrada, a igreja de Santa Luzia, na comunidade de Santa Luzia, encanta pela beleza.
Na sede do distrito, a igreja de São Vicente de Paula está localizada no centro de São Vicente, e sua construção fascina pelos detalhes. Na comunidade de São José do Cantagalo, encontramos a igreja de São José.
Na comunidade de Independência, a igreja de São Francisco de Assis atrai os olhares de quem passa pela estrada. Na Comunidade Quilombola de Vargem Alegre, a igreja de São Sebastião mantém a tradição católica e cultural do local.
Além da cachoeira, a comunidade de Bom Jardim tem a igreja Nossa Senhora da Penha, localizada no centro da localidade, como um dos atrativos. Em Monte Verde, os fiéis podem conhecer e visitar a igreja Nossa Senhora das Graças.
Em Boa Vista, mais uma comunidade tradicionalmente católica de São Vicente, a igreja São Luiz Gonzaga atrai fiéis e visitantes por sua história e encanto. Com uma visão privilegiada da Pedra da Penha, a igreja Nossa Senhora Auxiliadora, da comunidade de Alto São Vicente é a última para quem chega aos pés da Pedra da Penha e tem um visual panorâmico de Cachoeiro de Itapemirim.
Comunidade Quilombola mantém viva as tradições
São Vicente também mantém viva suas histórias e tradições culturais. Na propriedade do Sr. Angelin Pansini existem muros e construções feitas por escravos. Os moradores da região não sabem ao certo a história, mas mantém essas construções em suas propriedades. Na propriedade ao lado, da irmã do Sr. Angelin, Terezinha Pansini, uma caverna de pedras também é um registro do tempo da escravidão na região.
Muitas dessas histórias são desconhecidas pelos moradores, mas na região há casarões que remetem à época das fazendas que mantinhas escravos. Hoje, as que permanecem de pé estão passando por restauração para receber hospedes, que buscam conhecer a região.
Falar da história e das tradições culturais de São Vicente nos remete à Comunidade Quilombola de Vargem Alegre. Com quase 150 anos de existência, a comunidade já teve mais de 40 famílias. O número hoje é menor, mas os moradores, que vivem basicamente da agricultura, mantém viva essa tradição.
Às margens do rio Fruteiras, a Comunidade Quilombola faz parte da Rota dos Vales e do Café e tem a família Caetano como referência em sua criação. O produtor rural Luiz José Caetano conta que seu bisavô, Canuto Luiz Caetano, desbravou a região e iniciou a comunidade.
A comunidade mantém algumas de suas tradições, como o Caxambu. a tradição é uma expressão popular afro-brasileira que integra percussão de tambores, dança coletiva e elementos de espiritualidade. originalmente, era praticada nas senzalas. Mas, com a abolição da escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888, começou a ser realizada ao ar livre, sempre ao lado de uma fogueira, para afinar os tambores, chamados de caxambus, e iluminar e aquecer as noites.
Para conhecer a história Caxambu de Vargem Alegre, é preciso também conhecer o ícone dessa tradição, a saudosa Canuta Caetano, a Dona Canutinha, que faleceu em dezembro de 2019. Durante toda a sua vida, lutou por sua comunidade e exerceu a função de mestre do caxambu Alegria de Viver.
Dona Canutinha deixou seu legado, e as tradições culturais de vargem alegre são mantidas pelos seus familiares. Anualmente, a comunidade celebra a abolição da escravatura, uma semana antes do dia oficial, em 13 de maio, com missa afro e apresentações de caxambu, além de oferecer feijoada para os grupos presentes e visitantes. A tradicional festa é realizada pela comunidade há mais de 100 anos.
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