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Cidades

De Guaçuí para o mundo! Empresário quer lançar carro elétrico nacional em 2024

Por conta do atual empreendimento, Flávio Figueiredo Assis tem sido comparado com o bilionário americano Elon Musk

Por Alissandra Mendes

7 mins de leitura

em 16 de jan de 2024, às 16h54

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

De Guaçuí para o mundo! A afirmação não é mera frase que simboliza o bairrismo da Pérola do Caparaó. Ela narra a trajetória do empresário Flávio Figueiredo Assis, que promete fazer história com um objetivo ousado: ser o responsável pelo primeiro carro elétrico nacional produzido em série.

Nascido em Guaçuí, Flávio morou na infância na rua da Palha e depois na rua dos Carneiros, na região central da cidade. Aos cinco anos, com a separação dos pais, se mudou com a mãe para Vitória. No entanto, o empresário manteve laços com a cidade.

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“Meu pai seguiu morando em Guaçuí, mas morreu cedo, aos 53 anos. Tenho tios, primos e padrinhos na cidade. Hoje, não frequento com a mesma intensidade de antes, mas tenho um carinho especial pela cidade. Gosto do clima, da tranquilidade e desse contato com os parentes”, garante.

‘Elon Musk brasileiro’

Flávio tem sido comparado com o bilionário americano Elon Musk. No entanto, a comparação não é apenas pela criação de uma empresa de carros elétricos, mas por sua trajetória empreendedora. Aliás, ele conta que seu primeiro empreendimento começou bem cedo, quando tinha oito anos.

“Minha mãe era manicure e no início ela ia até a casa das clientes. Por conta disso, eu tinha que me virar sozinho em casa. Então, eu preparava minha comida, meu cafezinho. Com o passar dos anos, ela já com a clientela estabelecida, começou a trabalhar em casa. No fim de semana, a casa fica cheia de clientes. Um dia eu estava fazendo meu café e uma cliente elogiou e disse que estava cheiroso. Prontamente, como gosto de servir, ofereci. Ela elogiou ainda mais e quando estava saindo, me deu uma gorjeta. Pensei: então é assim que funciona?”, lembra.

Aliás, foi nesse momento que Flávio viu a oportunidade de ganhar o próprio dinheiro. “No outro fim semana, comecei a fazer o café e servir intencionalmente e fui ganhando minha gorjeta. Tem história que eu ganhava mais gorjeta do café do que minha mãe do serviço dela. Então, esse foi meu primeiro empreendimento”, conta o empresário.

Empreendedorismo de sucesso

Flávio Assis vai lançar carro elétrico nacional em série
Foto: Divulgação

Formado em Contabilidade e Direito, Flávio iniciou sua carreira como bancário e pouco tempo depois partiu para o empreendedorismo, com a criação da Financial Contabilidade, que tornou referência em benefícios fiscais, atendendo mais de 400 clientes.

“Fui trabalhar no Banco Real na área de contabilidade. Foi lá que formei meus primeiros clientes para formar meu próprio escritório. Segui por 25 anos à frente dele. Contabilidade é uma delícia. Gosto de números e de burocracia. Em 2004, me graduei em Direito. Isso só alavancou minha atuação como contador, me deixando mais preparado. Não exerci o Direito, mas fiquei mais capacitado na Contabilidade”, conta.

No entanto, em 2012, durante uma viagem com um grupo de amigos por Portugal e Espanha. Flávio teve a ideia de criar a Lecard, uma administradora de cartões PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), que chegou a uma movimentação anual de R$ 1 bilhão, fornecendo para prefeituras e órgãos públicos, além de empresas privadas.

“Durante a viagem um dos amigos perguntou quem tinha ideia para montar um negócio novo. Sugeri o cartão. Como já tinha trabalhado com isso no banco e sabia da venda de um cartão no Espírito Santo, ele me disse para apresentar o projeto. Estudei bastante quando retornei ao Brasil, montei o projeto, mas ele não quis investir”, pontua.

Mudanças de planos e possibilidades

Flávio disse que já estava apaixonado pelo projeto, tinha um dinheiro guardado e decidiu tocar o negócio sozinho. “Só que o dinheiro não foi nem a sombra do que precisava para investir. Tive que vender terrenos, alguns patrimônios pessoais e fui acreditando no negócio

“Depois de cinco anos de operação da Le Card, entramos para licitação pública, mas precisava expandir e precisava de um sócio para isso. A primeira porta que bati foi em São Pedro de Rates, em Guaçuí. Por coincidência, o Dr. Gilmar Polido, meu primo de primeiro grau e também primo desse investidor, me ajudou. Com o recurso fizemos a homologação junto à Cielo, e começamos a fazer operação de expansão no Brasil” explica.

Durante a expansão, em 2021, Flávio se mudou para Barueri, em São Paulo, onde reside atualmente. “Trouxe a Le Card por conta dos benefícios fiscais. Aqui tem o menor ISS do Brasil, o que tem atraído muitas empresas de serviço. Após um ano e meio, o crescimento anual da Le Card se multiplicou por 20”, ressalta.

Carro elétrico nacional

Flavio com o protótipo do carro elétrico nacional
Foto: Divulgação

Enquanto a Le Card crescia, Flávio teve uma nova percepção e decidiu mais uma vez estudar um novo ramo, já pensando em fabricar carro elétrico nacional. “Eu já estava em São Paulo, quando a Ford e a Mercedes começaram a fechar suas fábricas, e me questionei sobre o que estava acontecendo no segmento. Comecei a estudar o assunto e me perguntava sempre: vamos ficar sem carro? Quem vai resolver isso? Eu vou resolver isso”, afirmei para mim mesmo naquele momento”, explica.

“Durante os estudos e pesquisas, me deparei com a Lei 8.723/93, que dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos automotores. Essa lei define que em um prazo estabelecido, os motores devem reduzir o coeficiente de emissões de CO² até 2027. A lei não condena o motor a combustão e nem cria o carro elétrico, mas diz que não será possível motor a combustão equipar qualquer tipo de veículo”, continua.

Nesse processo, quando ainda pensava no veículo elétrico, Flávio se reuniu com 23 engenheiros da Ford, e quando começou a pesquisar os valores descobriu que o protótipo ficaria entre 50 a 150 milhões de dólares.

“Eu não tinha dinheiro para fazer isso. Nesse processo, recebei uma proposta de venda da Le Card. O dinheiro da venda não iria mudar muita coisa na minha vida. Ia me dar segurança. Pensei: vou colocar o dinheiro todo nesse projeto do carro e se não der certo?”, questionou.

Em 2022, Flávio decidiu vender a Le Card com o intuito de acelerar o sonho ainda mais potente e criou a primeira montadora de carros elétricos do Brasil: a Lecar Indústria Brasileira de Automóveis Elétricos.

‘Model 459’

Dono de um Tesla, Flávio desmontou o veículo da marca norte-americana para entender a engenharia do concorrente à fundo. Hoje, atua significativamente no desenvolvimento do carro elétrico ‘Model 459’, o primeiro carro elétrico da empresa, um marco para a mobilidade sustentável e para a indústria automobilística brasileira.

A planta industrial está instalada em Caixas do Sul, no Rio Grande do Sul. No próximo mês de fevereiro, a empresa pretende enviar um protótipo do ‘Model 459’ a Londres, na Inglaterra, onde realizará uma série de homologações, como: testes de impacto, aerodinâmica e simulações de segurança.

“Estou em processo de trazer um engenheiro da Tesla para o Brasil para me ajudar e abrilhantar o projeto. Queremos mudar a mentalidade do brasileiro. Como já falei esse é um projeto de nação”, reforça.

Essa etapa deverá ter duração de nove meses. Após isso, o carro elétrico nacional entrará em linha de produção e a previsão de lançamento comercial é para dezembro de 2024. “Brasileiro torce muito para brasileiro sim. O movimento que está em torno da Lecar está muito bacana. É um projeto de nação e vamos colocar o Brasil em uma nova posição no mundo”, completa Flávio.

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