Sustentabilidade e Meio Ambiente

Na onda da moda sustentável: por que os brechós são a melhor opção?

Na contramão desse processo os brechós despontam cada vez mais como a opção para quem quer economizar e ainda colaborar com a preservação do planeta

Elisangela Teixeira Elisangela Teixeira

Foto: Divulgação

Na onda da moda sustentável: por que os brechós são a melhor opção? A moda é um dos setores que mais movimentam a economia global e também uma das mais poluentes, ficando atrás somente da indústria petrolífera. Sendo assim, na contramão desse processo os brechós despontam cada vez mais como a opção para quem quer economizar e ainda colaborar com a preservação do planeta.

Nova de novo Bazar. Foto: Divulgação

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Um levantamento da ONG Global Fashion Agenda aponta que mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados em 2022, e a projeção aponta um aumento de 60% até 2030. Ou seja: quase 150 toneladas a mais de lixo em apenas seis anos.

Já o relatório do Global Fashion Agenda e The Boston Consulting Group mostrou que apenas 20% do lixo de roupas é coletado para reuso e reciclagem, enquanto que o restante vai parar em aterros sanitários ou é incinerado. Sendo assim, você já parou pra pensar que por trás das peças novas que compramos, há um processo de produção que pode consumir recursos naturais e gerar resíduos poluentes?

Agora vem a grande questão: diante dos efeitos no planeta, como reduzir impactos e consumir de forma mais consciente? Bom, fazer compras em brechó pode ser o seu primeiro passo para uma vida mais sustentável.

Em Cachoeiro a moda dos brechós também está em alta

Nos últimos anos, houve um alto crescimento do consumo consciente assim como o consumo em brechós. No Brasil, entre 2017 e 2022 o número de brechós teve um crescimento de 30,97%, de acordo com o IBGE.

O crescimento dos brechós também é visível em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. Nos últimos anos vários empreendimentos foram abertos. A maioria usa o Instagram como ferramenta de divulgação das peças e claro, a realização das vendas.

Julia Teixeira, do Nova de novo Bazar. Foto: Divulgação

É o caso da jovem empresária Julia Teixeira, do Nova de Novo Bazar. Junto com a mãe Cida Teixeira, há dois anos abriram o negócio em casa mesmo, num espaço disponível e que não vinha sendo usado. “Tínhamos muitas roupas guardadas, além de amigas e familiares que queriam ‘se livrar’ de peças sem uso. 

“Nosso segmento é mais popular e jovem, mas temos peças para todos os gostos e idades. A gente faz como a maioria dos brechós e usa as redes sociais como principal ferramenta de divulgação das peças. Gostando, a gente reserva e conclui a venda pessoalmente”, explica a jovem empresária.

Já a mãe de Julia, Cida Teixeira, que além de fundadora do bazar é mentora da filha, conta que quando as peças chegam é necessário fazer a curadoria do item. “É necessário fazer a ressignificação da peça, que consiste em analisar, ver se está faltando alguma coisa, como por exemplo, um botão, se tem algum rasgado, lavar e deixar em condições de novo consumo e aí sim ir pra venda”, conta.

Empreendedorismo

Lara Tófano, do No meu closet ou no seu. Foto: Divulgação

Para Lara Tófano, proprietária do No meu closet ou no seu, especializado em roupas de alto padrão, a ideia de montar um brechó surgiu num bate papo com as amigas.

“Eu tinha saído do meu emprego de 30 anos na mesma empresa. Junto com uma amiga resolvemos montar o bazar. Começamos com 15 amigas fornecedoras e foi dando certo. Alguns meses depois fiquei sozinha e toquei o empreendimento em frente”, revela.

Por lá ela vende roupas femininas, calçados e bolsas, e alguns acessórios, tais como óculos, cintos e relógios. As roupas são deixadas por consignação e passam pela avaliação da Lara.

“Coloco o preço e envio um relatório do que fiquei para fornecedora, eu faço os vídeos e posto todos os dias de segunda a sexta. Minha comissão é de 50% e hoje, além de fazer parte do segmento de moda sustentável, é daqui que me mantenho”, diz.

Brechós são a melhor opção?

Dani Tabeline. Foto: Divulgação

Para a empresária e influencer Dani Tabelini o consumo consciente está, de fato, em alta, porém não é apenas comprar produtos eco-friendly ou sustentáveis. Aliás, ela acredita isso está ligado a certeza de que aquele produto será útil de verdade e que o dinheiro do consumidor não estará sendo jogado fora por um modismo momentâneo.

“Cada vez mais os adeptos da moda consciente buscam conhecer mais sobre determinada marca, saber a procedência daquele tecido ou daquele couro. Se houve mão de obra escrava, se agride ao meio ambiente… enfim, é importante que se saiba isso sim. Melhor é quando o consumo e a moda consciente andam juntas”, assinala.

Descartes da indústria da moda é capaz de criar uma pilha de lixo do tamanho da Torre Eiffel

Foto: Divulgação

De acordo com a revista “Forbes”, as roupas fast fashion hoje são utilizadas menos de cinco vezes e, em seguida, são descartadas. Por isso, a mudança de mentalidade do consumidor ainda é uma das formas mais práticas e baratas de ajudar a reduzir o consumo e, consequentemente, diminuir a produção.

Neste ínterim, um dos grandes nomes da revenda de moda do mundo Vestiaire Collective lançou uma campanha em que, por meio de imagens criadas com recurso a inteligência artificial, pontos turísticos são cercados de montes de roupa. Aliás, além da Torre Eiffel, as imagens mostram o Empire State Building, da Times Square, o Palácio de Buckingham, a Torre de Televisão de Berlim (com 368 metros de altura), o Coliseu de Roma e o resort Marina Bay Sands, de Singapura. O objetivo é alertar para o desperdício da indústria da moda.

Veja as fotos: https://www.instagram.com/p/Czy02drMeav/?img_index=2

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Elisangela Teixeira
Elisangela Teixeira

Elisangela Teixeira atua na área jornalística há 20 anos, sendo graduada em Comunicação Social pelo Centro Universitário São Camilo, pós graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual pela Estácio de Sá e pós graduada em Business Management pela Toronto Scholl of Management. Atuou ainda como assessora de imprensa por sete anos, até mudar-se para o Canadá a fim de estudar. De volta ao Brasil, iniciou sua nova jornada no Aqui Notícias, onde também havia trabalhado anteriormente. Sua trajetória inclui ainda passagens pela Rede Gazeta, Prove Comunicação, Briefing Comunicação, Folha Vitória e Revista Leia.