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Esportes

Atletas paralímpicas falam sobre representatividade nos esportes

A Delegação do Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio, por exemplo, teve apenas 37% de mulheres. Sabrina Custódia e Mariana Gesteira avaliam a evolução da presença feminina nas modalidades

Por Redação

4 mins de leitura

em 08 de mar de 2024, às 14h52

Foto: Douglas Magno/CPB
Foto: Douglas Magno/CPB

Competir em alto nível e trazer medalhas ao país fazem parte da rotina de Sabrina Custódia, do ciclismo, e Mariana Gesteira, da natação. Paratletas que representam o país em competições internacionais, as duas integram um grupo que cresce, mas ainda é menor do que o masculino: o número de mulheres do Brasil em competições paralímpicas segue abaixo dos homens.

Ainda assim, as duas reconhecem o crescimento da representatividade. Neste Dia Internacional da Mulher, 8 de março, as duas comentam sobre suas percepções a respeito do espaço ocupado pelas mulheres nos esportes e o que ainda pode ser melhorado para que haja mais representatividade para as mulheres.

Mariana e Sabrina treinam diariamente para fazer parte do seleto grupo de competidoras dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, que acontecem entre final de agosto e início de setembro deste ano. O Brasil tem aumentado o número de mulheres a cada edição dos jogos. Em 1972, na primeira participação do país nas competições, nenhuma atleta participou. Em 2016, edição que teve a maior delegação feminina que representou o país, foram 102 mulheres. Ainda assim, o número representou somente 30% do total de atletas.

Na edição de 2020, em Tóquio (realizada em 2021 em decorrência da pandemia de Covid-19), o número de mulheres caiu para 93, mas a representatividade aumentou devido à porcentagem. Isso porque o total de competidoras representou 37% de toda a delegação de atletas brasileiros nas paralimpíadas realizadas no Japão. Competidoras como Mariana e Sabrina torcem para que haja mais igualdade e comemoram os avanços já conquistados.

Busca por mais representatividade

Para Mariana, a evolução tem acontecido, mas a trajetória das mulheres por igualdade continua. “Eu sinto que temos cada vez mais espaço, que a gente vem crescendo e se mostrando mais forte, mais presente, batendo recordes e conquistando medalhas. Mas é uma caminhada que ainda precisa continuar. Isso precisa de tempo, quebrar muitas outras coisas, no sentido de crenças e paradigmas, mas a gente está caminhando para essa igualdade em um futuro, ainda um pouco distante”, analisa.

Sabrina acredita que o trabalho do Comitê Paralímpico Brasileiro, no incentivo para a participação das atletas, tem ajudado nesse crescimento. Ainda assim, acredita que a união das competidoras para trazerem mais representatividade também é fundamental. “Nós também pegamos essa responsabilidade e chamamos mais meninas. Porque é isso que a gente quer: ver mais mulheres envolvidas no esporte. Uma pessoa com deficiência participar do esporte faz bem para a autoestima, para nossa saúde”, comenta.

A tecnologia e a possibilidade de igualdade para as atletas paralímpicas

Da mesma forma que o trabalho conjunto das mulheres e instituições é essencial para que a representatividade feminina aumente, as atletas acreditam que o acesso a tecnologias assistivas para pessoas com deficiência permite que as mulheres busquem mais igualdade. Sabrina, por exemplo, usa próteses após amputações que teve que passar devido a uma descarga elétrica. Já Mariana nasceu com a Síndrome de Arnold-Chiari, uma má formação no cérebro que pode causar dificuldade de equilíbrio, de coordenação motora e problemas visuais. Por isso, utiliza uma cadeira de rodas e uma scooter para se locomover até o local de treinos.

“Com certeza a tecnologia possibilita à mulher estar mais presente no mundo e na vida profissional, como é o caso do esporte. Ser ouvida e recebida da mesma forma já é uma outra questão. Ainda precisa de mais, de pessoas abertas, mas com certeza o fato de ter mais espaço ajuda em posicionamento”, diz Mariana.

O diretor de academy na América Latina da Ottobock, empresa que trabalha com o desenvolvimento e estudos sobre próteses, cadeiras de rodas e outros produtos com tecnologia assistiva, afirma que o setor privado tem participação essencial em desenvolver equipamentos personalizados. “A sociedade precisa estar atenta à questão da igualdade de gênero, e o setor produtivo não está alheio a essa questão. O trabalho de quem produz as próteses é identificar as necessidades de cada pessoa. As mulheres com acesso a esses equipamentos de alta tecnologia podem competir nos esportes no mesmo nível que os homens ou estar presente em qualquer profissão que queiram exercer”, comenta.

Sabrina concorda que os equipamentos podem trazer diferentes possibilidades às mulheres em suas rotinas. “Hoje em dia elas se sentem mais independentes e mais autônomas tanto para trabalhar e até mesmo para ter uma família. Muitas pessoas que não têm as mãos, assim como eu, podem usar as próteses para poder se maquiar ou fazer algo no cabelo. Isso ajuda a melhorar a autoestima da mulher”, afirma.

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