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Cidades

Professor de Guaçuí entre os melhores de matemática do país

Os 10 primeiros colocados serão conhecidos em um evento online, que acontece no próximo dia 27, e serão premiados com uma jornada de imersão e conhecimento na China

Por Diorgenes Ribeiro

7 mins de leitura

em 22 de mar de 2024, às 09h25

Crédito: Swyana Freitas

O professor da escola pública de ensino médio de Guaçuí, Thiago de Pádua Rosa, de 35 anos, está entre os 20 finalistas da primeira edição da Olimpíada Brasileira de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr).

Entre suas iniciativas inovadoras para o ensino da disciplina, está o “Banco Imobiliário Capixaba”, um jogo que relaciona matemática com história e cultura do Estado.

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“Meu objetivo como professor é derrubar o tabu de que a matemática é uma disciplina difícil. Não é. Aprender matemática é divertido e pode se tornar cada vez mais fácil, à medida que transformamos a forma de apresentar os conteúdos”, explica o professor.

Os 10 primeiros colocados serão conhecidos em um evento online, que acontece no próximo dia 27, e serão premiados com uma jornada de imersão e conhecimento na China.

A forma de enxergar o ensino da matemática e o empenho em criar metodologias inovadoras em sala de aula colocou Thiago entre os professores de destaque no Brasil. Ele participou das três etapas de avaliação da OPMBr: uma prova, uma apresentação em vídeo, ilustrando o trabalho desenvolvido, e uma entrevista que teve, entre os avaliadores, o professor Cristovam Buarque, que é membro do Conselho Acadêmico da OPMBr.

“Os 10 premiados na categoria ouro só serão conhecidos no dia 27. Além de Thiago, há representantes de diversos outros estados do País, como Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul”, explica Adauto Caldara, membro do Conselho Executivo da OPMBr.

Professor

Intercâmbio

Ele explica que, como prêmio, os 10 primeiros colocados participarão, em outubro, de um intercâmbio técnico e cultural de 15 dias, em Xangai, para conhecer o Centro de Educação para Professores da Unesco (TEC Unesco) na Universidade Normal da China, levando em conta que o país figura sempre entre os de melhor desempenho no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), que avalia o ensino nas áreas de Matemática, Ciências e Leitura.

A baixa classificação do Brasil no ranking do PISA, aliás, foi o que motivou a criação da Olimpíada. “O Brasil ocupa hoje a 65ª posição no ranking de 81 países que participaram do último PISA, divulgado no final do ano passado, levando em conta os resultados da área de Matemática. Por outro lado, faz parte da elite da matemática mundial (nível 5 da Internacional Mathematical Union – IMU) com pesquisadores e professores reconhecidos mundialmente”, ressalta Caldara.

Segundo ele, a equação mal resolvida mobilizou um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) na criação da OPMBr no ano passado. “Nosso objetivo é reconhecer e valorizar iniciativas bem-sucedidas no ensino da Matemática em todo o país, para disseminá-las, trabalhando para melhorar a qualidade do ensino da disciplina e, assim, contribuindo para alavancar a posição do Brasil no ranking mundial, a médio e longo prazo”, explica.

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Banco Imobiliário Capixaba

Buscando facilitar o aprendizado em matemática e despertar o interesse dos alunos pela disciplina, o professor Thiago vem desenvolvendo metodologias diferenciadas para tornar o ensino mais democrático e atrativo para todas as idades.

“Meu objetivo é derrubar o tabu de que a matemática é uma disciplina difícil. Não é. Aprender matemática é divertido e pode se tornar cada vez mais fácil à medida que nós, professores, transformamos a forma de apresentar os conteúdos”, conta ele que coleciona boas experiências lecionando para alunos do Ensino Fundamental e Médio, do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e universitários da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Thiago pontua que é preciso conhecer as necessidades de cada aluno e aperfeiçoar as técnicas de ensino para garantir uma aprendizagem universal dentro da sala de aula.

“Se debruçar sobre apostilas de exercícios como forma de aperfeiçoar seus conhecimentos matemáticos podem ser empolgantes para alguns alunos e extremamente cansativo e chato para outros. Então, não adianta forçar aquele aluno que não gosta da matemática ou tem dificuldade em aprender a disciplina a fazer exercícios repetidos, como treino. É preciso ir além, buscando formas de atrair a atenção desse aluno, relacionando a disciplina com o meio em que ele vive, de forma leve, descontraída e mais interessante”, afirma.

Foi neste contexto que Thiago criou um jogo que faz sucesso nas suas salas de aula. O “Banco Imobiliário Capixaba”. A atividade envolve matemática financeira, história e cultura capixaba, e funciona como uma válvula de escape quando o professor identifica que um conteúdo matemático está se tornando cansativo em sala de aula.

Segundo ele, o Banco Imobiliário Capixaba é uma versão regionalizada e enriquecedora do famoso jogo de tabuleiro, que traz uma imersão aos encantos do Espírito Santo. “Nesta adaptação, destacamos os tradicionais pontos turísticos do Estado, fazendo uma relação com nossa história e cultura local, e as empresas existentes no nosso meio, que refletem a dinâmica econômica local”, explica.

Thiago explica que a matemática está presente no jogo, desde a contagem de dados até as estratégias de negociação na compra e venda de terrenos, imóveis e serviços. “Além disso, as cédulas usadas no jogo são estampadas com rostos de renomados matemáticos, o que possibilita que os alunos aprendam também sobre a história da matemática e seus grandes mestres”, garante.

Conforme o professor, as empresas locais, presentes no jogo, adicionam uma camada de realismo e identificação cultural, aproximando os alunos do cenário econômico regional. Além disso, os alunos são incentivados a tomar decisões estratégicas baseadas em probabilidades ao lançar os dados e calcular os riscos envolvidos em cada movimento do jogo. “A interação social, inerente ao jogo, promove discussões matemáticas e estratégias colaborativas entre os jogadores”, afirma.

Segundo o Thiago, o Banco Imobiliário Capixaba proporciona entretenimento, ao mesmo tempo que se torna uma ferramenta educacional. “A jornada pelos pontos turísticos e empresas locais não é apenas um passeio pelo Espírito Santo, mas uma experiência imersiva que destaca a importância da matemática em nossas vidas cotidianas. Este jogo não apenas desafia as habilidades financeiras, mas também fortalece o entendimento e apreciação pela matemática, transformando cada partida em uma celebração do conhecimento e da cultura capixaba”, garante.

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Guia Prático

Além deste jogo, que já virou febre entre seus alunos, Thiago também criou um livro que funciona como um guia prático para que outros professores possam replicar suas ideias, ensinando matemática mediante jogos em sala de aula.

“O livro é dividido por temas matemáticos e cada um deles traz uma ideia de jogo ou brincadeira que o professor pode usar como forma de sintetizar a aprendizagem dos alunos, após o conteúdo ter sido explicado em sala de aula”, conta.

Thiago ressalta que os jogos e brincadeiras não substituem os exercícios, mas propiciam um ambiente mais acolhedor, inclusivo e divertido para o ensino e aprendizagem da matemática.

“É um trabalho de formiguinha, mas acredito que partir do momento que o aluno começa a vir para aula de matemática mais interessado, animado e com boa vontade, todo o processo de ensino e aprendizagem se torna mais fácil.

Por isso, entendo que o grande desafio dos professores é descobrir como fazer este aluno vir para aula de matemática mais animado e gostar do que é trabalhado e ensinado em sala de aula”, completa.

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