Beto Carrero World vai desativar zoológico após 32 anos de funcionamento
Na publicação de anúncio do fechamento do zoológico do Beto Carrero, o parque diz que o espaço "nasceu do profundo respeito e carinho que o saudoso Beto Carrero tinha pelos animais"
O parque de diversões Beto Carrero World anunciou nesta quinta-feira, 27, que irá desativar o seu setor de zoológico, conhecido como “Mundo Animal”. Em publicação no Instagram, a empresa afirma que a decisão foi tomada “após um longo entendimento de que os animais precisam de um ambiente mais próximo ao seu hábitat natural”.
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Na publicação de anúncio do fechamento do zoológico do Beto Carrero, o parque diz que o espaço “nasceu do profundo respeito e carinho que o saudoso Beto Carrero tinha pelos animais” e que a equipe sempre teve “dedicação e compromisso com a preservação das espécies”.
Também afirma, em um vídeo institucional, que com o passar dos anos, o parque foi se adaptando às novas exigências de bem-estar animal. À época em que o parque nasceu, há 32 anos, não haviam diretrizes tão fortes em relação aos direitos dos animais.
“O BCW (Beto Carrero World) apoia instituições sérias e reconhece a necessidade de repensar a relação com o meio ambiente e com as espécies que nele habitam. A despedida do Mundo Animal é um capítulo que, embora chegue ao fim, o amor e cuidado pelos animais permanecerão na essência e na história do parque”, diz a publicação.
“Nós não trabalhamos em um zoológico aqui, nós trabalhamos em um parque multitemático. Então, nós temos aqui shows, a gente tem aqui brinquedos, a gente tem aqui muitas atrações que talvez não combinem com a manutenção dos animais”, afirma Katia Cassaro, bióloga e coordenadora do Mundo Animal.
“Esta situação já vem sendo pensada há muito tempo, se estes animais, estes recentes, devem existir com as demais atrações, e chegou-se à conclusão que não”, disse Katia.
Alvo de críticas
Há anos, o Beto Carrero era alvo de críticas de ativistas do direito animal por manter bichos selvagens em um ambiente que não seria “ideal” para eles. Em 2012, a ativista Luisa Mell se colocou contra um projeto do parque de criar uma “balada”, alegando que a medida causaria estresse aos animais; o Ibama proibiu a empresa de concretizá-lo.
Em 2017, após o biólogo e então servidor do Ibama Anderson Valle denunciar as condições às quais os animais eram submetidos nas jaulas do parque em suas redes sociais, o Ministério Público de Santa Catarina, Estado em que fica o parque, obrigou o Beto Carrero a fazer adaptações. O biólogo alegou que havia poucas árvores e espaços com sombra.
Nos comentários da publicação sobre o fechamento da atração, Luisa Mell comemorou a notícia do fechamento do zoológico no Beto Carrero World. “Que linda notícia!!! Estou aqui, a disposição, para ajudar no que precisarem, para encaminhar estes animais para santuários sérios e confiáveis”, afirmou.
Relação do fundador com os animais
O CEO do Beto Carrero World, Alex Murad, também lembrou a conexão do fundador do parque, o artista Beto Carrero, com os animais. Carrero foi apresentador de atrações de circo nos anos 1980 e 1990, trabalhou em rodeios e sempre foi atrelado aos bichos, por isso optou pela criação do zoológico em seu parque. “Você via que existia uma relação de amor e respeito muito grande”, disse Murad.
A participação de animais em circos e atrações artísticas começou a ser discutida com mais profundidade no Brasil nos anos 2000, especialmente após uma criança ser morta por um leão durante o intervalo de um show do circo Vostok em Pernambuco.
Ativistas e biólogos passaram a apontar para a forma como os animais eram tratados, gerando estresse e colocando em risco as pessoas ao redor.
Hoje, alguns Estados brasileiros proíbem o uso de animais em apresentações artísticas, como São Paulo, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Estadao Conteudo
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