Nos últimos meses, o crescente envolvimento dos fiéis com jogos de azar, em especial com o chamado “jogo do tigrinho”, tem gerado preocupação nas igrejas evangélicas do Brasil. Apesar de sermões contra práticas de apostas e de um histórico de repúdio a esses jogos, como ensinado por muitas denominações, a realidade atual revela um aumento significativo do vício em apostas, afetando diretamente a saúde financeira dos membros e, por consequência, das próprias igrejas.
O “jogo do tigrinho”, popular entre as modalidades de apostas online, tem atraído um número crescente de fiéis, especialmente entre os evangélicos. Para muitos, a busca por uma solução rápida para problemas financeiros ou a promessa de grandes prêmios geraram um cenário preocupante, com muitas famílias se endividando e enfrentando sérios problemas financeiros.
O alerta da Igreja Universal do Reino de Deus
A Igreja Universal do Reino de Deus, uma das maiores denominações evangélicas do Brasil, se pronunciou recentemente sobre o aumento do vício em apostas entre os fiéis. Através de um artigo, a igreja relembrou passagens bíblicas que mencionam práticas semelhantes a jogos de azar, como o episódio em que soldados romanos sortearam a túnica de Cristo após sua crucificação, alertando sobre os perigos dessas práticas. Embora tradicionalmente as igrejas evangélicas tenham se posicionado contra o jogo, a popularidade de jogos como o “tigrinho” nas plataformas online tornou-se um desafio moderno que exige uma reflexão mais profunda.
O crescimento do vício em jogos entre os evangélicos
O jogo do tigrinho, assim como outras formas de apostas digitais, tem atraído especialmente os fiéis, muitos dos quais se encontram em situações financeiras precárias. Uma pesquisa recente realizada pelo PoderData, entre 12 e 14 de outubro de 2024, com 2.500 entrevistados em 181 municípios, revelou dados alarmantes: 21% dos evangélicos relataram ter contraído dívidas devido a apostas, uma porcentagem significativamente maior do que a média nacional (16%) e muito superior à dos católicos (12%). Esses números refletem não apenas o crescente interesse pelos jogos, mas também a deterioração das finanças familiares, afetando diretamente a estabilidade das igrejas evangélicas, que frequentemente dependem das doações dos fiéis.
O papel das igrejas no combate ao jogo de azar
O apóstolo Estevam Hernandes, líder da Igreja Renascer em Cristo, também expressou sua preocupação com o crescimento das apostas online entre os membros. Ele alertou sobre os riscos do vício, destacando que a digitalização desses jogos tornou o acesso mais fácil e acessível, o que, por sua vez, tem aumentado a dependência entre os fiéis. Hernandes fez um apelo para que as igrejas intensifiquem o apoio a essas pessoas, oferecendo programas de recuperação e conscientização sobre os danos causados pelos jogos de azar.
Além das perdas financeiras, a dependência do jogo tem gerado um ambiente de angústia e frustração nas famílias, o que também afeta a dinâmica religiosa. Pastores têm se tornado mais atentos aos sinais de vício entre os fiéis, buscando maneiras de ajudar aqueles que se veem presos em um ciclo de apostas e dívidas.
O caminho a seguir: educação e apoio espiritual
A preocupação com o aumento do vício em jogos de azar não é apenas financeira, mas também espiritual. Igrejas e líderes religiosos estão se unindo para criar campanhas educativas que enfatizam a importância de resistir à tentação dos jogos, com enfoque na prática da fé e no fortalecimento dos valores familiares. Além disso, programas de apoio psicológico e grupos de recuperação têm sido cada vez mais oferecidos para ajudar os fiéis a lidarem com as consequências do vício.
Um desafio para as igrejas evangélicas
O jogo do tigrinho e outras formas de apostas online são mais do que uma simples diversão; eles têm se tornado um desafio crescente para as igrejas evangélicas no Brasil. O impacto financeiro é evidente, com um número significativo de evangélicos enfrentando dificuldades econômicas devido ao vício em apostas. Enquanto as igrejas se preparam para oferecer apoio aos fiéis afetados, é crucial que se intensifiquem as campanhas educativas e de prevenção, promovendo uma abordagem responsável sobre o jogo e garantindo que os membros não sejam levados por promessas de soluções rápidas e fáceis para problemas financeiros.
A conscientização sobre os riscos das apostas e o fortalecimento da educação financeira nas igrejas se tornam essenciais para mitigar os impactos do jogo do tigrinho e outras práticas semelhantes. As igrejas precisam, cada vez mais, ser um ponto de apoio espiritual e prático para seus membros, ajudando-os a recuperar o controle de suas finanças e a superar os desafios impostos pelo vício em apostas.
Receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro de tudo! Basta clicar aqui.