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ES registra aumento de 44% nos atendimentos de violência contra mulher

Foram 15.954 ligações no ano passado, contra 11.065 em 2023. As denúncias também cresceram, de 2.205 em 2023 para 2.670 em 2024, acréscimo de 21%.

Por Redação

7 mins de leitura

em 09 de fev de 2025, às 09h00

Foto: Reprodução Web
Foto: Reprodução Web

O dispositivo central na estratégia de enfrentamento da violência contra a mulher no país, a Central de Atendimento à Mulher — Ligue 180 totalizou, em 2024, 15.954 atendimentos registrados no Espírito Santo, um aumento de 44,1% em relação ao ano anterior, quando 11.065 foram computados.

No ano passado, no estado, houve aumento de 21% no número de denúncias, passando de 2.205 em 2023 para 2.670 em 2024. Desse total, 2.384 foram recebidas por telefone e 245 por WhatsApp.

Entre as denúncias no ano passado, 1.715 foram apresentadas pela própria vítima, enquanto 951 foram por terceiros. A casa da vítima ainda é o cenário onde mais situações de violência são registradas: 1.101 denúncias tinham este contexto. A residência compartilhada por vítima e suspeito também é local de grande parte das denúncias no Espírito Santo, com 838 casos.

Quem mais comete os atos violentos

Os dados apontam que há mulheres que vivenciam diariamente as situações de violências. No estado, a frequência diária foi relatada em 1.286 atendimentos, enquanto 485 disseram que as agressões ocorrem ocasionalmente. São as mulheres pretas e pardas as vítimas mais frequentes (1.614) e são os esposos(as) e companheiros(as) — ou ex-companheiros(as) — aqueles que mais cometem atos violentos (675).

Entretanto, para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, o aumento significativo no número de atendimentos realizados pela central reflete a maior confiança da população brasileira, em especial das mulheres, no Ligue 180, que vem recebendo uma série de melhorias desde 2023, com a reestruturação prevista na retomada do Programa Mulher Viver sem Violência (Decreto nº 11.431/2023).

“Temos investido na capacitação das profissionais que realizam o atendimento e o acolhimento das mulheres, tanto para a informação sobre direitos e serviços da rede, como para o correto tratamento e encaminhamento das denúncias aos órgãos competentes, aumentando a confiança no canal. Além disso, temos intensificado as campanhas para ampliar a divulgação do Ligue 180, inclusive o atendimento no WhatsApp”, explica a ministra.

Serviço

A ligação é gratuita pelo 180, disponível em todo o Brasil, 24 horas por dia, incluindo finais de semana e feriados. Em casos de emergência, a Polícia Militar deve ser acionada pelo telefone 190. No entanto, quem quiser, pode também adicionar o canal via chat no Whatsapp, clicando aqui: (61) 9610.0180.

Nacional

Em 2024, a Central Ligue 180 atendeu 691.444 ligações de todo o território nacional, o que representa um aumento de 21,6% em relação a 2023. O número de atendimentos pelo WhatsApp, lançado em abril de 2023, passou de 6.689 em 2023 (743/mês) para 14.572 em 2024 (1214/mês) — salto de 63,4%.

2 mil por dia

No total, contabilizando telefonia, WhatsApp, e-mail, entre outros canais de atendimento, o Ligue 180 realizou 750.687 atendimentos em 2024 — média de 2.051 por dia. O número de denúncias feitas à Central Ligue 180 também aumentou, passando de 114.626 em 2023 para 132.084 em 2024. Entretanto, 38.470 se identificaram sendo as próprias vítimas e outras 86.105 preferiram manter o anonimato.

Raça/cor da vítima

Entre os registros com declaração de raça/cor da vítima, as mulheres negras lideram as denúncias em 2024, representando 52,8% dos casos. Foram 53.431 denúncias contra mulheres pardas e 16.373 contra mulheres pretas. Além disso, mulheres brancas registraram 48.747 denúncias, seguidas por amarelas (779) e indígenas (620). Não foi possível identificar a raça/cor da vítima em 12.134 casos.

Idade

Quanto à idade, os dados apontam que as faixas etárias mais atingidas foram mulheres entre 40 e 44 anos (18.583 denúncias), de 35 a 39 anos (17.572 denúncias) e entre 30 a 34 anos (17.382 denúncias).

Tipos de violência

Em 2024, o Ligue 180 recebeu 573.131 denúncias de violações, registrando uma redução de 3,9% em comparação a 2023, quando houve 596.600 casos. Os tipos mais recorrentes foram a violência psicológica (101.007 denúncias); seguida pela física (78.651); patrimonial (19.095); sexual (10.203), violência moral 9.180) e cárcere privado (3.027). De acordo com a metodologia utilizada pela Central, uma denúncia pode conter mais de um tipo de violação de direitos das mulheres.

Relação suspeito e vítima

Os dados de 2024 revelam a predominância de suspeitos com relação íntima e/ou familiar com a vítima: companheiros(as) atuais, com 17.915 denúncias, ou ex, com 17.083 denúncias.
 

Cenário das violações

Em relação ao local em que ocorreram as violações, o ambiente doméstico e familiar foi o cenário mais comum. A “casa da vítima” apareceu em 53.019 denúncias, seguida pela “casa onde reside a vítima e o suspeito” (43.097 denúncias) e a “casa do suspeito” (7.006). Já o ambiente virtual (internet) somou 6.920 denúncias.
 

Infografico 1 | Detalhamento do balanço da Central de Atendimento à Mulher – Fonte: Ministério das Mulheres

Início e frequências das agressões

Os dados indicam que há mulheres que vivenciam situações de violências por longos anos e diariamente. Em suma, 32.591 denúncias são de violências que acontecem há mais de um ano, e 18.798 indicam que iniciaram há um mês.

Cerca de 46,4% das denúncias revelam que agressores atacam as vítimas diariamente, evidenciando a persistência da violência contra as mulheres. “Ocasionalmente” foi a segunda categoria mais frequente, com 23.431 denúncias, seguida de “Única Ocorrência” (19.214) e “Semanalmente” (10.945). A categoria “Mensalmente” foi a menos registrada nas denúncias (2.453). Além disso, 13.982 denúncias não possuem a informação sobre a frequência das violações.

Nova central

Em agosto de 2024, o Ligue 180 inaugurou a nova central de atendimento, que passou a atuar de forma totalmente independente da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. Após processo licitatório, o Ministério das Mulheres firmou um novo contrato no valor de R$84,4 milhões com empresa especializada para prestação de serviço continuado de atendimento por meio de múltiplos canais.

Além disso, também estão sendo firmados acordos de cooperação técnica com os estados para a capacitação dos pontos focais com o objetivo de garantir a melhoria do fluxo de encaminhamento. Ao todo, 10 estados já aderiram ao ACT: Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Piauí, Acre, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão e Distrito Federal, além do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Novos protocolos

A partir da nova Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180 passou a quantificar outros tipos de atendimentos realizados pelo canal voltados à disseminação de informações, como direitos das mulheres e a rede de serviços especializada. “Importante demarcar que o Ligue 180 é, principalmente, um canal de acolhimento e orientações”, destaca Ellen dos Santos Costa, coordenadora-geral do Ligue 180.

Entretanto, segundo Costa, antes da nova contratação, o sistema apenas quantificava o número de denúncias registradas, o que dificultava o uso dos dados para a implementação de políticas públicas. “Além disso, o sistema agora permite registrar manifestações sobre o atendimento prestado pelos órgãos da rede de apoio à mulher, um mecanismo que ajudará os governos, em todas as esferas, a identificar falhas no atendimento e direcionar esforços para aprimorar a rede”, acrescenta.

Atualização e lançamento do painel

Em 2023, o Ministério das Mulheres atualizou a base de dados do Ligue 180, que conta com informações sobre endereços e telefones de mais de 2,6 mil serviços especializados da Rede de Atendimento à Mulher, além de informações que tratam de direitos e garantias da mulher em situação de violência. Para garantir que a população, especialmente as mulheres, tenha amplo acesso a essas informações, o governo lançou o Painel Ligue 180 em fevereiro de 2024, disponível em www.gov.br/mulheres/ligue180.

Ligue 180

O Ligue 180 é um serviço público e gratuito do Governo Federal que orienta sobre os direitos das mulheres e sobre os serviços da Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência em todo o Brasil, além de analisar e encaminhar denúncias para órgãos competentes. Mas atenção! ele funciona 24 horas, incluindo sábados, domingos e feriados. Disponível também no WhatsApp: (61) 99610-0180 e pelo e-mail

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