Internacional

Turquia: Justiça mantém prisão do prefeito de Istambul; entenda

Desde a detenção de Imamoglu, manifestações tomaram as ruas de Istambul, Ancara, Esmirna e outras cidades importantes da Turquia.

Por Diorgenes Ribeiro

3 mins de leitura

em 23 de mar de 2025, às 14h47

Foto: Reprodução | Redes Sociais
Foto: Reprodução | Redes Sociais

A Justiça da Turquia confirmou hoje a prisão de Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul e principal opositor do presidente Recep Tayyip Erdogan, sob a acusação de corrupção. Imamoglu, que estava detido desde a última quarta-feira sob a alegação de liderar uma organização criminosa, vê sua prisão como um marco no crescente clima de tensão no país, que desde então tem sido palco de protestos em várias cidades.

A Prisão e suas Implicações

Imamoglu, acusado de liderar uma “organização criminosa”, enfrenta investigações por corrupção e por supostamente apoiar o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), uma organização considerada terrorista pelo governo turco. O popular prefeito de Istambul, defensor da oposição e membro do Partido Republicano do Povo (CHP), tem sido uma figura de destaque e uma das maiores ameaças políticas ao governo de Erdogan.

Nos últimos anos, Imamoglu tem sido alvo de processos judiciais, com o CHP, o partido ao qual pertence, desempenhando um papel central na oposição ao governo atual. O ministro da Justiça, Yılmaz Tunç, se apressou em negar qualquer indício de motivação política nas acusações contra Imamoglu e outros membros do CHP.

Protestos e Repressão

Desde a detenção de Imamoglu, manifestações tomaram as ruas de Istambul, Ancara, Esmirna e outras cidades importantes da Turquia. Em mais de dois terços das províncias do país, os protestos têm aumentado em intensidade, com milhares de pessoas exigindo a liberdade do prefeito. “Não vou desistir”, afirmou Imamoglu em uma mensagem publicada em suas redes sociais, prometendo que “tudo ficará bem”.

Embora muitas manifestações tenham ocorrido de forma pacífica, a repressão policial tem se intensificado. Na última sexta-feira, mais de 340 pessoas foram detidas em Istambul durante uma ação policial para dispersar os manifestantes. O governo classificou os protestos como ilegais e ordenou o fim das manifestações. As forças de segurança utilizaram gás lacrimogêneo e canhões d’água para dispersar os manifestantes, a maioria deles estudantes.

Novos protestos ocorreram após a confirmação da prisão de Imamoglu, principalmente em Istambul e Ancara. Até o momento, não há informações sobre prisões adicionais ou feridos em decorrência dos novos atos.

Imamoglu e seu Histórico Político

Imamoglu, eleito prefeito de Istambul em 2019, derrotou o partido governista AKP, liderado por Erdogan, em uma eleição histórica, considerada uma derrota simbólica para o presidente, que também foi prefeito da cidade na década de 1990. Em 2023, Imamoglu foi condenado a mais de dois anos de prisão por “insultar” membros do Conselho Eleitoral Superior, decisão que o impediu de concorrer à presidência naquele ano.

No entanto, Imamoglu foi reeleito em 2024, com ampla maioria, como prefeito de Istambul, cidade com cerca de 16 milhões de habitantes e considerada a mais rica e influente da Turquia. O prefeito é visto como o principal candidato à presidência nas próximas eleições, e seu partido, o CHP, tem denunciado uma campanha de “assédio judicial” contra ele.

A prisão de Imamoglu e a crescente repressão aos protestos em seu apoio destacam as crescentes tensões políticas na Turquia e o agravamento da polarização no país, enquanto a oposição continua a desafiar o governo de Erdogan.

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