Cultura

Artista capixaba inspira edital ‘Diálogo com o Acervo – MAES’

Nesta edição, o edital traz como objeto o relacionamento com a coleção da artista negra capixaba, Nice Avanza.

Por Redação

3 mins de leitura

em 14 de abr de 2025, às 13h45

Foto: Divulgação | Governo do ES
Foto: Divulgação | Governo do ES

As inscrições do edital “Diálogo com Acervo – MAES” estão abertas. Voltado para artistas que desejam realizar criações que dialoguem com as coleções existentes no Museu de Arte do Espírito Santo (MAES), as inscrições podem ser feitas até as 18 horas do dia 29 de abril.

O “Diálogo com Acervo” é um edital que faz parte do pacote de Editais da Cultura 2025, com recursos provenientes do Fundo Estadual de Cultura (Funcultura), da Secretaria da Cultura (Secult). Nesta edição, o edital traz como objeto o relacionamento com a coleção da artista negra capixaba, Nice Avanza, que faz parte do Acervo do MAES.

Abrindo espaço para reinterpretações e revisões históricas, aproximando leituras contemporâneas, atualizadas e em diálogo com as novas produções. A seleção se volta exclusivamente a artistas negros e indígenas, que terão suas obras integradas ao Acervo do Museu e exibidas na exposição coletiva “Nice Contemporânea”. 

As inscrições devem ser feitas exclusivamente pela plataforma: mapa.cultura.es.gov.br

Nice Avanz

Nascida em Vitória (ES), em 1º de julho de 1938, filha de trabalhadores, Nice Avanza teve sua trajetória marcada por mudanças que atravessam diferentes territórios e experiências de vida.

Ainda criança, aos nove anos, mudou-se com a família para São Paulo, onde estudou, começou a trabalhar cedo e se casou pela primeira vez. Na década de 1960, retorna à cidade natal e, casada com José Augusto Avanza, dá início à sua jornada artística, realizando sua primeira exposição em 1969, no antigo Museu de Arte Moderna do Espírito Santo. Pouco depois, em 1971, muda-se para a zona rural de Linhares, onde viveria por décadas. Morreu em São Paulo, aos 61 anos, em 15 de maio de 1999.

A história de Nice tem sido contada, por muito tempo, sob o rótulo de “arte naïf” ou “primitivista”, termos comumente usados para definir obras que não seguem os circuitos formais da arte.

Sua pintura figurativa, de colorido vibrante, que retrata santos, trabalhadores, flores, animais e, notadamente, o cacau, revela uma imersão profunda nos universos simbólicos da cultura popular capixaba e da vida no campo. No entanto, uma abordagem crítica e atualizada exige a revisão dessas narrativas folclorizantes e coloniais. Uma leitura que vai além da ideia de “ingenuidade” e reconhece a força simbólica e política de seu trabalho.

Nesse novo olhar, o Museu de Arte do Espírito Santo (MAES) propõe uma revisão histórica da trajetória de Nice Avanza. A ideia é atualizar a forma como sua obra é compreendida e inseri-la nas discussões contemporâneas da arte, que cada vez mais dialogam com questões sociais, territoriais e culturais. Ao invés de tratá-la como uma artista à margem, o museu quer colocá-la no centro do debate: uma voz potente que, por meio da pintura, falou de sua terra, de seu povo e de temas que continuam urgentes.

Re-olhar para Nice Avanza não é apenas sobre o passado, é também sobre o que sua arte ainda pode dizer no presente.

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