Política Nacional

Bolsonaro aposta em ato em SP para pressionar Congresso por anistia

O ato deste domingo servirá como termômetro para medir a capacidade de mobilização do ex-presidente fora do ambiente digital.

Por Redação

4 mins de leitura

em 06 de abr de 2025, às 11h06

Foto: Reprodução | Estadão
Foto: Reprodução | Estadão

Após a baixa adesão ao ato realizado em Copacabana, no Rio de Janeiro, há três semanas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concentra suas forças em uma nova mobilização neste domingo (6), na Avenida Paulista, em São Paulo. O objetivo é pressionar o Congresso Nacional a aprovar a anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e demonstrar que ainda tem força popular diante do atual cenário político.

Diferentemente do evento no Rio, a manifestação em São Paulo tem uma pauta única: a anistia. A convocação nas redes sociais tem apostado em um símbolo inusitado — o batom — como estratégia de engajamento, especialmente entre mulheres. O ato também ocorre em meio à ofensiva do Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou Bolsonaro e outros sete aliados réus no final de março por suposta tentativa de golpe para manter o ex-presidente no poder após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.

Silas Malafaia

A organização do protesto foi minuciosa, incluindo o acompanhamento da previsão do tempo para evitar chuvas no horário do evento, previsto para começar às 14h. Segundo o pastor Silas Malafaia, principal articulador do ato, pelo menos sete governadores devem comparecer, incluindo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG), representantes dos três estados mais populosos do país.

Malafaia avalia que a presença dos chefes de Executivo estaduais dá peso político à mobilização e pode acelerar a tramitação do projeto de lei da anistia na Câmara. “A última vez que vários governadores participaram de uma manifestação foi em 2015, no movimento pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Esse apoio representa pressão sobre os deputados”, afirmou.

O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), também deve participar após se reunir com Bolsonaro no Palácio Iguaçu, em Curitiba. A presença de lideranças políticas é vista como um esforço para unificar a direita em torno de uma pauta comum, superando eventuais disputas internas visando as eleições de 2026.

Grande expectativas

Apesar de não divulgar estimativa oficial de público, Malafaia aposta que o ato em São Paulo superará em número de participantes o realizado em Copacabana, que, segundo monitoramento do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), reuniu cerca de 18 mil pessoas. Outras estimativas variaram entre 30 mil (Datafolha) e 400 mil (Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro).

O professor Pablo Ortellado, da Universidade de São Paulo (USP), responsável pelo monitoramento de mobilizações políticas por meio do Cebrap, acredita que a manifestação na Paulista pode atrair entre 40 mil e 60 mil pessoas. Segundo ele, a adesão mais tímida no Rio se deveu à desorganização e mudanças de última hora na pauta e no local do evento.

“A escolha da anistia como tema único e a manutenção de local, data e horário desde o início da mobilização são fatores que favorecem a adesão. Pelos dados que monitoramos nas redes, a anistia é hoje a pauta com maior poder de mobilização entre os apoiadores de Bolsonaro”, avalia Ortellado.

Termômetro

O ato deste domingo servirá como termômetro para medir a capacidade de mobilização do ex-presidente fora do ambiente digital. Também será uma resposta às especulações sobre a possível perda de força política de Bolsonaro. Ortellado pondera, no entanto, que oscilações no comparecimento são naturais e não significam necessariamente um esvaziamento definitivo.

“É cedo para afirmar que houve desmobilização. A política tem variações, e um único episódio com público menor não é suficiente para concluir uma perda de influência”, conclui o pesquisador.

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