Má qualidade dos serviços da BRK revolta vereadores e população de Cachoeiro
A sessão também trouxe à tona problemas recorrentes nas redes mistas de água e esgoto, que resultam no retorno de esgoto para dentro das residências durante períodos de chuva.

A sessão ordinária da Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, realizada nesta terça-feira (8), teve como pauta central os desafios enfrentados pelo município nos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e infraestrutura urbana. O encontro contou com a participação do diretor-presidente da Agência Reguladora dos Serviços Públicos de Cachoeiro (Agersa), Vilson Carlos Gomes Coelho, que respondeu a questionamentos dos vereadores e apresentou dados sobre a atuação da concessionária BRK Ambiental.
Mais 23 anos de contrato
Logo no início da explanação, Vilson detalhou o histórico do contrato de concessão firmado com a BRK. Segundo ele, o acordo original foi assinado em 1998, durante a gestão do ex-prefeito Theodorico Ferraço, com validade inicial de 30 anos. No entanto, aditivos e revisões tarifárias estenderam o prazo para 50 anos, com vigência até 2048. “Já se passaram 27 anos desde a assinatura. Ainda temos 23 anos de contrato com a concessionária”, informou.
Atualmente, cerca de 85 mil residências estão abastecidas com água potável no município. No entanto, comunidades rurais continuam fora da cobertura contratual, o que motivou críticas por parte dos vereadores.
Diversas reclamações
Entre as principais reclamações esteve a limitação do número de caminhões-pipa disponíveis para atender emergências hídricas. “É inaceitável que uma cidade com quase 200 mil habitantes conte com apenas dois caminhões-pipa. Precisamos de soluções imediatas”, disse o vereador Creone da Farmácia (PL).
Outro ponto levantado foi a precariedade na recomposição das vias após intervenções da BRK. O vereador Delandi Macedo (PSDB) criticou o descaso com as ruas da cidade: “A população não pode conviver com buracos e vias mal reparadas por tanto tempo. É uma falta de respeito”.
R$ 200 mil em multas à BRK
Vilson destacou que a Agersa já aplicou mais de R$ 200 mil em multas à BRK por descumprimentos contratuais e informou que os investimentos previstos no setor de saneamento até o fim do contrato somam R$ 122 milhões, com prioridade para áreas ainda sem cobertura adequada.
A sessão também trouxe à tona problemas recorrentes nas redes mistas de água e esgoto, que resultam no retorno de esgoto para dentro das residências durante períodos de chuva. O vereador Vitor Azevedo (Podemos), autor do requerimento que originou a convocação da Agersa, reforçou a necessidade de fiscalização. “Não é justo que moradores convivam com esgoto dentro de casa por falta de regularização nas redes”.
Tarifas mais altas do ES
Vitor também questionou o valor das tarifas praticadas pela concessionária, consideradas as mais altas do Espírito Santo. “Existe uma lei municipal que obriga a comparação das tarifas com regiões vizinhas, e isso não vem sendo feito. Pagamos mais do que usuários da Cesan, por exemplo”, afirmou.
O vereador Thiago Neves reforçou a importância da transparência na aplicação dos recursos arrecadados. “A população precisa saber onde está sendo investido o dinheiro que paga mensalmente. Essa prestação de contas é essencial para garantir a confiança no serviço”.
Agersa questiona BRK
Questionado sobre o índice de esgoto tratado no município, Vilson contestou o número divulgado pela BRK e afirmou que o percentual real é de 86% na área urbana – e não os 97% divulgados pela empresa.
Ao final da sessão, os parlamentares reiteraram o compromisso de intensificar a fiscalização sobre os serviços prestados e acompanhar de perto a aplicação dos recursos, com o objetivo de garantir melhorias efetivas para a população.
Posicionamento da empresa
A reportagem entrou em contato com a BRK, mas até o fechamento desta edição não recebeu retorno. O espaço permanece aberto para manifestações futuras.
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