O último herói! Expedicionário do ES na 2ª Guerra completa 102 anos
Na delegação militar brasileira enviada à Europa para integrar as tropas dos países aliados contra as Potências do Eixo durante a 2ª Guerra Mundial, contou a participação de 345 militares do Espírito Santo

A 2ª Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, causou a morte de mais de 60 milhões de pessoas. O conflito começou na Europa, mas se espalhou pela África, Ásia e Oceania, e contou com o envolvimento de nações de todos os continentes, inclusive o Brasil.
A participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB), apelidada de ‘Cobras Fumantes’, na 2ª Guerra Mundial foi uma parte importante da história do Brasil. A delegação militar brasileira enviada à Europa para integrar as tropas dos países aliados contra as Potências do Eixo contou a participação de 345 militares do Espírito Santo, entre eles, o soldado Agostinho Ferreira da Silva, de Guaçuí, que completa 102 anos neste sábado (24).
Agostinho embarcou no dia 22 de setembro de 1944, a bordo do navio de transportes de tropas ‘General Mann’, sob o comando do general Oswaldo Cordeiro de Farias, e foi para o front italiano. Seu retorno ao Brasil foi em julho de 1945. Sendo assim, ele é o último herói de guerra no Espírito Santo que integrou a Força Expedicionária Brasileira.
O trabalho do expedicionário do ES na 2ª Guerra
Um vídeo produzido pelo Tiro de Guerra 01-013 de Guaçuí em 2024, e cedido ao AQUINOTICIAS.COM, mostra trechos de depoimento do soldado Agostinho contando como era seu trabalho durante a 2ª Guerra.
“Eu transmitia mensagens com bandeirolas pelo código Morse. Estudei o código e fazia a transmissão. Tinha que ter outro do meu lado para escrever o que estava recebendo. Eu transmitia e recebia mensagens”, contou o expedicionário.
Veja o vídeo produzido pelo Tiro de Guerra de Guaçuí com o soldado Agostinho!
Agostinho relembrou, também, que ficou um ano na Itália. “Era cada dia numa cidade diferente. A gente tomava uma cidade e no outro dia ia para outra. A agente não tinha uma estada fixa. Cada dia estava numa cidade diferente”.

O expedicionário de Guaçuí foi ferido por estilhaços de granada na região de Castelo D’aiano em abril de 1945. Aliás, o feito lhe rendeu a medalha ‘Sangue do Brasil’. “Fui ferido em combate três vezes. Tenho três ferimentos de guerra, de estilhaços de granada. Tenho sinal na perna e nas costas. São três combates e três ferimentos”, ressaltou.
Ainda no vídeo, Agostinho elogiou o Exército Brasileiro. “Tem que tirar o chapéu. O Exército Brasileiro nunca passou falta de nada. Quando acabou a guerra a gente fez muita farra. A gente pulava de alegria quando terminou. Quando a gente chegou da Itália, que desembarcou no Brasil, a gente não olhava para nada, só queria encontrar a família”, completou.
A vida pós-guerra
De volta ao Brasil, o expedicionário Agostinho se dedicou à família e a profissão de marceneiro, que exerceu até se aposentar. De acordo com o neto Felipe Carvalho Campos, ele nunca gostou muito de falar sobre a guerra, e por conta disso, a família não questionava. Mas, de vez em quando, ele contava uma história.
“No nosso dia a dia, ele não gostava de comentar sobre a 2ª Guerra. Perguntávamos algumas coisas e ele só comentava. Acredito que por ter sido um período, que obviamente, deixou alguns traumas, ele não gostava de comentar. O que lembro é que ele falava que gostava muito de cozinhar e isso foi em decorrência do período que passou no Exército, mas especificamente na 2ª Guerra. Ele contava sobre a parte do sopão, e que também é ferido de guerra”, lembra o neto.
Assista a entrevista de Felipe Carvalho Campos em vídeo!
“Meu avô sempre foi muito família. Essa parte de algumas perdas na guerra fez ele adotar essa união. Ele sempre foi muito tranquilo comigo, com minha irmã e minha mãe. Sempre nos ajudou muito nessa questão de ter caráter, de estar sempre reunido. Nos incentivou a estudar e sempre dizia: ‘siga a carreira que vocês quiserem, mas estudem’”, recorda.
No entanto, em decorrência de uns problemas de saúde, o soldado Agostinho está um pouco debilitado, mas o neto garante que a alegria dele é a mesma de antes, principalmente, quando o assunto e seu time do coração: o Botafogo. “Ele sempre tem aquela alegria dele do dia a dia, sempre contando uma piada fazendo referência ao Botafogo, que ele gosta muito”, continua.
Longevidade do expedicionário do ES na 2ª Guerra
Inclusive, o neto revelou um segredo do avô, mas não atribui como o segredo de sua longevidade. “Não vou dizer que isso é um segredo, mas meu avô tomou cerveja até os 90 anos. O médico pediu para parar, mas ele tomou até os 90 anos. Ele sempre se alimentou muito bem e isso pode ter contribuído”, conta.
Aliás, Felipe não esconde o orgulho do avô e de sua história. “É muito gratificante tê-lo como meu avô. Não por ser um herói de guerra, mas a pessoa de fato que ele é e o impacto que ele teve nas nossas vidas e ainda tem. Fico muito feliz de ser neto dele e minha irmã, também. É muito gratificante ter um herói em casa, de guerra e da nossa família. Quero guardar essa memória de uma pessoa muito simples, que sempre me incentivou a estudar. Se sou advogado hoje e minha irmã é engenheira de Petróleo, é por causa dele. Ele é um exemplo de pessoa, que sempre gostou de tudo simples. É meu herói”, completa.
Homenagem do Tiro de Guerra

Para celebrar os 102 anos do soldado Agostinho Ferreira da Silva, o Tiro de Guerra 01-013 de Guaçuí prepara uma homenagem especial para o expedicionário.
Segundo o subtenente Fernandes, chefe do Tiro de Guerra 01-013 de Guaçuí, a homenagem será em conjunto com o 38º Batalhão de Infantaria de Vila Velha, e participação da banda de música. “O Sr. Agostinho será também condecorado com uma medalha”, comentou.
Portanto, a formatura será na próxima segunda-feira (26), pela manhã, na sede do Tiro de Guerra, em Guaçuí. “Antes já fazíamos a homenagem. Porém, com o centenário ficou com mais destaque e participação do 38º BI de Vila Velha”, finaliza o subtenente.

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