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As criptomoedas já são parte do dia a dia dos brasileiros

Com regulação moderna, integração com Pix e ampla aceitação no varejo, o Brasil desponta como um dos líderes globais em uso real de criptomoedas.

Por Redação

5 mins de leitura

em 16 de jun de 2025, às 15h45

Foto: Michael Förtsch/Unsplash
Foto: Michael Förtsch/Unsplash

Em menos de cinco anos, o Brasil saltou para o 9º lugar no Global Crypto Adoption Index 2024 da Chainalysis, superando potências como Reino Unido e Canadá. A pesquisa mostra que o volume de transações em plataformas centralizadas coloca o país entre os três maiores da América Latina e dá ao mercado doméstico um índice de adoção “alto” mesmo quando ponderado por poder de compra e população.

Essa aderência não se limita às telas dos aplicativos. O relatório “Status do Pagamento com Criptomoedas no Brasil 2024”, produzido pela Foxbit Business, revela que 16% dos estabelecimentos brasileiros já aceitam moedas digitais no caixa e que 78% dos consumidores querem usar cripto em compras corriqueiras, um apetite que pressiona lojistas a implementar terminais compatíveis.

Onde já dá para pagar com cripto e porque avançou tão rápido

Hoje, é possível pedir um espresso em São Paulo ou reservar um hotel em Foz do Iguaçu usando Bitcoin ou stablecoins. Redes de varejo, clínicas, universidades particulares e casas de show vêm adicionando a opção pagar com cripto ao lado de Pix ou cartão. No turismo, plataformas como Travala relatam crescimento nas reservas realizadas por brasileiros.

Mesmo nos Estados Unidos, onde a tendência está mais madura, 37% dos lojistas de e-commerce já aceitam ativos digitais e as vendas em cripto superam os bilhões de dólares, número que serve de vitrine para comerciantes locais. No Brasil, o ambiente já era perfeito com o Pix que responde por 40% dos pagamentos no e-commerce nacional.

Isso prova que o consumidor brasileiro adota com facilidade tecnologias de liquidação instantânea. Ao integrar carteiras cripto ao Pix, as melhores exchanges do Brasil permitem converter stablecoins em segundos e mandar direto para uma chave. Assim, o uso de moedas digitais ganha um caminho sem atrito até a mão do comerciante.

Além disso, a inflação alta de 2022–2024 estimulou parte da classe média a buscar hedge em stablecoins atreladas ao dólar, enquanto a agenda regulatória (PL 4401/21, diretrizes da CVM e sandbox do BC) trouxe maior segurança jurídica. Essas coisas reforçam a sensação de que pagar com cripto é tão simples quanto fazer um Pix e tão protegido quanto usar cartão.

Pagamentos sem fronteiras e os obstáculos que ainda travam a adoção massiva

O efeito mais visível dessa convergência é sentido pelos freelancers que prestam serviço para fora do país. Plataformas de payout como a Transfi mostram que programadores, designers e streamers podem receber em USDC ou ETH, converter para real em minutos e escapar de tarifas SWIFT ou spreads cobrados por bancos.

Para quem fatura US$2.000 mensais, a economia anual passa facilmente de R$4.000, dinheiro que volta ao varejo interno, muitas vezes também em cripto. Empresas de médio porte começam a seguir o mesmo caminho, usando stablecoins para pagar fornecedores na Ásia e na Europa sem a morosidade do câmbio tradicional.

Isso torna o Brasil um hub de liquidação em blockchain dentro do Mercosul, reforçando o círculo de quanto mais negócios usam cripto, mais comerciantes passam a aceitar, e vice-versa. Nada disso significa que o uso cotidiano de moedas digitais esteja livre de percalços.

A volatilidade do Bitcoin ainda assusta comerciantes de margem apertada, por isso, a maioria opta por receber em stablecoins ou converter instantaneamente para real. Na parte fiscal, a obrigatoriedade de declarar ganhos acima de R$35 mil ao mês e operações acima de R$30 mil, e a possibilidade de multas em caso de omissão, mantém os contadores vigilantes.

Regulação e confiança: Da Lei 14.478/22 à Resolução 175

A virada regulatória começou quando o Projeto de Lei 4 401/21 foi sancionado sem vetos e virou a Lei 14.478/22, criando as diretrizes para prestação de serviços de ativos virtuais no país. A norma enquadrou exchanges como prestadoras de serviços de ativos virtuais e colocou o Banco Central na função de supervisor primário.

No mercado de capitais, outro pilar de confiança é a Resolução 175 da CVM, em vigor desde outubro de 2023. Ela estabeleceu 38 instruções e autorizou fundos de varejo a investir até 10% do patrimônio em criptoativos, desde que o gestor comprove controles de custódia e gestão de risco.

Juntas, essas duas normas reduzem a incerteza jurídica, obrigam segregação de patrimônio e estimulam auditorias independentes. Mas, apesar disso, são algumas ferramentas específicas que conectam a cripto ao dia a dia e passam segurança aos usuários. Os cartões de débito cripto, por exemplo, funcionam como ponto de convergência.

Convertendo stablecoins em reais na hora da compra, eles eliminam a volatilidade e ainda devolvem recompensas. Um levantamento da BitNotícias mostra que produtos como Bybit Card e RedotPay oferecem cashback de até 2% em USDT, enquanto o Kast aposta em airdrops para fidelizar clientes.

Na prática, o usuário abastece a carteira com stablecoin, gera um Pix ou paga na maquininha, e o comerciante recebe em real, sem sequer perceber que a liquidação ocorreu via blockchain. A tendência faz eco no varejo em todo o mundo. Pesquisa da Deloitte + PayPal indica que 75% dos lojistas planejam aceitar criptomoedas até 2026.

Eles citam a redução de custo de chargeback e novos públicos como principais motivos. Esse apetite empresarial retroalimenta a necessidade de exchanges que ofereçam gateways de pagamento e APIs plug-&-play para e-commerce.

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