Falta de pessoal ameaça funcionamento do Parque do Caparaó; entenda
A gravidade da situação levou à exoneração do então chefe do parque, Waldomiro Bittencourt, formalizada no último dia 20 de junho.

A gestão do Parque Nacional do Caparaó enfrenta uma de suas piores crises estruturais. A escassez de servidores ameaça o funcionamento da unidade de conservação, reconhecida por sua importância ambiental, turística e histórica. A gravidade da situação levou à exoneração do então chefe do parque, Waldomiro Bittencourt, formalizada no último dia 20 de junho.
Em um comunicado interno ao qual o portal AQUINOTICIAS.COM teve acesso, Bittencourt revelou que apenas três servidores efetivos atuam de forma contínua na unidade: um técnico administrativo, um técnico ambiental — que deve se aposentar em 2026 — e um analista ambiental. Um quarto servidor, embora lotado no parque, trabalha majoritariamente em outra frente, contribuindo apenas esporadicamente.
Fontes ligadas à administração indicam que a precarização do quadro funcional é antiga, mas se intensificou nos últimos cinco anos, mesmo com o aumento das demandas administrativas e operacionais. Entre os setores mais afetados estão a visitação pública, o combate a incêndios florestais, a fiscalização ambiental e o relacionamento com as comunidades do entorno — áreas consideradas essenciais para qualquer unidade de conservação.
“Vivemos uma realidade em que todos os processos da Unidade estão fortemente comprometidos”, afirmou Waldomiro, em carta encaminhada ao conselho gestor do parque. Segundo ele, autuações ambientais, fiscalizações e análises de processos estão paralisadas ou com atrasos significativos, sobrecarregando os servidores e ultrapassando os limites legais de jornada de trabalho.
Mesmo com a chegada de recursos do projeto G7 Parques Nacionais, o ex-chefe demonstrou preocupação quanto à capacidade de execução dos investimentos, devido à falta de equipe. Um exemplo é a ampliação da estrutura para a Travessia dos Sete Cumes, em parceria com a Prefeitura de Iúna (ES), o Sebrae e outras instituições, que corre risco de não sair do papel por falta de pessoal.
Além do quadro efetivo reduzido, há déficit de temporários e terceirizados, agravado por restrições financeiras históricas. Diante do cenário, Waldomiro considerou “irresponsável” permanecer no cargo e afirmou que sua saída pode abrir espaço para a entrada de um novo servidor concursado, fortalecendo o apelo por recomposição da equipe.
A exoneração foi acordada com o coordenador territorial do ICMBio, Frederico Drumond Martins, que autorizou a abertura de edital para a nomeação de um novo chefe e, posteriormente, a seleção de um coordenador de uso público.
Waldomiro, que chefiava o parque há dois anos, seguirá colaborando com o ICMBio durante a transição. “O Caparaó já passou por momentos difíceis, mas este é, sem dúvida, um dos mais críticos”, declarou.
Procurado pela reportagem, o coordenador territorial do ICMBio confirmou o pedido de exoneração e elogiou o trabalho de Waldomiro à frente da unidade. “Ele tem feito um excelente trabalho, mas decidiu deixar a chefia por motivos pessoais e para possibilitar a entrada de um novo servidor. Vamos fazer uma chamada interna para buscar um novo nome para liderar a UC”, explicou.
Frederico reconheceu o problema da escassez de servidores, que, segundo ele, afeta diversas unidades de conservação no país. No entanto, destacou que o ICMBio tem atuado para mitigar os impactos. “Teremos concurso público este ano, ampliamos contratos para servidores temporários e estamos fortalecendo parcerias institucionais.”
O coordenador ressaltou, ainda, a importância da colaboração com os municípios da região. “No Caparaó, as parcerias com as prefeituras, tanto do lado capixaba quanto mineiro, têm sido fundamentais para reforçar a gestão. Esperamos superar as dificuldades e garantir qualidade na visitação pública”, completou.
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