Filme de Vargem Alta segue tendência do cinema contemporâneo
Status Manequim (2025), curta-metragem dirigido por Sara Passabon, segue essa vertente. A narrativa aborda um programa fictício desenvolvido por uma empresa suíça na cidade de Vargem Alta
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Nos últimos anos, tem se consolidado no cinema brasileiro uma vertente focada na chamada ficção especulativa. São filmes que buscam tratar de aspectos da realidade nacional, mas que, ao contrário de outros movimentos pregressos, como o Cinema Novo, o fazem por meio de narrativas fantasiosas, explorando mundos imaginários e futuros distópicos. Poderíamos citar como exemplos, para ficar apenas nos longas-metragens, obras como Branco sai, preto fica (2014), Bacurau (2019) e Medida provisória (2020).
Status Manequim (2025), curta-metragem dirigido por Sara Passabon, segue essa vertente. A narrativa aborda um programa fictício desenvolvido por uma empresa suíça na cidade de Vargem Alta, sul do Espírito Santo, chamado de Status Manequim. A iniciativa tem como objetivo transformar mulheres em manequins, com a “justificativa” de reduzir os impactos dos seres humanos no meio ambiente. Entretanto, um grupo de mulheres se rebela contra a proposta.
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Logo no início do filme há um aviso importante: o que veremos são os registros de um documentário inacabado sobre o projeto, que teria sido encontrado em um futuro distópico. Com isso, a história se desenvolve de modo fragmentado, sem uma narrativa com começo, meio e fim totalmente delineados – ainda que o enredo permaneça relativamente compreensível.
O filme explora referências sarcásticas à realidade do município em que foi realizado, como o fato de a tal empresa científica que fabrica os manequins ser da Suíça – Vargem Alta tem o apelido de “Suíça Capixaba”. O personagem do prefeito é uma forma de tirar sarro de figuras políticas que estão mais interessadas na autopromoção do que no bem-estar do povo.
A cultura digital contemporânea e a opressão de gênero também são satirizados. Uma das personagens é uma influencer que se dispôs a passar pela transformação em manequim. O próprio uso dos manequins, friamente vestidos com roupas femininas, contribui para a carga de crítica e ironia da obra.
Desse modo, Status manequim utiliza a fantasia para analisar criticamente questões específicas de uma cultura local, mas também assuntos que transbordam fronteiras territoriais, como as desigualdades vivenciadas pelas mulheres. Assim como diversos filmes nacionais recentes, o curta-metragem lança mão de elementos típicos de gêneros narrativos populares, como a ficção científica, facilitando a comunicação com uma faixa mais ampla do público, mas sem abrir mão da experimentação estética e do olhar crítico.
Para quem é espectador assíduo de séries e filmes, Status manequim pode parecer curto demais para conseguir desenvolver satisfatoriamente todas as situações e personagens. Mas, considerando o tempo de atenção dispensado atualmente nas telas dos computadores e celulares, 23 minutos de duração talvez até seja muito.
Serviço
Status Manequim
- Curta-Metragem, Fic. Cor, 23 min. 2025. Dir. Sara Passabon
- Classificação Indicativa: 14 anos
- Onde assistir: https://www.statusmanequim.com/ (até 31 de julho)
- Sinopse: Em um futuro distópico, registros de um documentário inacabado sobre o programa Status Manequim são encontrados. Desenvolvido pela empresa suíça SID (Soul in Doll), o programa transforma mulheres em manequins na justificativa de reduzir os impactos ambientais dos seres humanos no meio ambiente. Enquanto acompanhamos uma influencer que vai passar pelo procedimento, descobrimos que um grupo de mulheres organizam a resistência na cidade.
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