Dona Carmen: conheça a mulher que fez Piúma se tornar a ‘Cidade das Conchas’
Pioneira no ofício, Dona Carmen deixou um legado para a cidade, que encontra na atividade o sustento de muitas famílias

Reconhecida nacionalmente como a ‘Cidade das Conchas’, e oficialmente por uma lei estadual, aprovada em novembro do ano passado, o município de Piúma, no litoral Sul do Espírito Santo, tem no artesanato dessa matéria uma de suas atividades econômicas mais importantes. Mas, esse trabalho começou lá atrás no início da década de 60 com a artesã Carmen Muniz Guimarães, a ‘Dona Carmen’.
Pioneira no ofício, Dona Carmen deixou um legado para a cidade, que encontra na atividade o sustento de muitas famílias. “Como temos um conjunto de ilhas muito interessante por aqui, Piúma sempre teve uma grande variedade de concha. Quando a mamãe começou, ela fornecia conchas para umas amigas de Guarapari e outros lugares. Logo depois, ela iniciou o trabalho de forma independente”, conta a filha, Josephina Guimarães.
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Conhecidas pela grande quantidade e variedade de conchas, as praias de Piúma estão situadas em um ponto de convergência de duas correntes marítimas distintas, uma quente e outra fria. Sendo assim, especialistas explicam que essa característica favorece a ocorrência de moluscos que produzem grande quantidade das conchas encontradas nas areias dos balneários do município.

“O que mais chamou atenção nesse início é que Piúma, economicamente, visava a pesca. O artesanato veio agregar e acabou se transformando no sustento de muitas famílias. Vou citar o exemplo da nossa família: com a concha nós estudamos e nos formamos. Foi uma evolução do artesanato na cidade, que para fora do Brasil e até em alguns países aqui por perto”, destaca Josephina.
A importância do artesanato para Piúma
Portanto, o artesanato de conchas é uma importante atividade econômica para Piúma, e gera emprego não só para os artesãos, como também os catadores, que são responsáveis por fazer a coleta dos diferentes tipos de conchas nas praias da cidade.
“A importância desse artesanato de Piúma, além do crescimento, foi a evolução de uma troca de turismo comercial. Aliás, as pessoas chamavam para ‘manguear’, que significa vender em outras praias. Foi muito forte para Piúma e para o turismo também o surgimento do artesanato”, continua a filha de Dona Carmen.
Sendo assim, a variedade das peças produzidas pelos artesãos de Piúma é grande, com destaque para: brincos, colares, pulseiras, tiaras, pregadores de cabelo, cortinas, caixinhas de joias, abajures, caravelas, baianinhas, entre outros.
“Toda artesã de Piúma tem sua própria característica. Cada uma faz uma peça diferente da outra. A baiana de mamãe, por exemplo, é diferente de baianas de outras que fazem o mesmo artesanato. Eu admirava esse lado da mamãe, porque ela não usava muita tinta. O material dela era completamente super nativão. Aliás, ela trabalhava com a curva de concha e com a cor da concha. A linha dela era aproveitar o que realmente vinha do mar”, explica Josephina.
‘Cidade das Conchas’
O município de Piúma é, oficialmente, a ‘Cidade das Conchas’, desde 12 de novembro de 2024. O Governo do Espírito Santo sancionou a Lei 12.248/23, que concede o título.
E foi por conta do artesanato que a cidade passou a ser conhecida e reconhecida. “O legado deixado pela minha mãe é que a cidade é reconhecida até hoje pela importância cultural. Essa herança foi deixada pela Dona Carmen. Hoje o artesanato de Piúma é reconhecido, ele é famoso”, completa Josephina.
A filha reúne um acervo com as peças produzidas pela mãe, além de roupas, livros e reportagens que contam a história de Dona Carmen e de seu artesanato em Piúma. Ela expor tudo isso num memorial em sua residência, que servirá para trabalhos e pesquisas.
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