Famílias capixabas ampliam capacidade de pagar dívidas
Entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, 21% dizem ter condições de regularizar débitos no próximo mês, variação positiva de 0,3 ponto percentual.

A confiança do consumidor capixaba ganhou novo fôlego. As famílias do Espírito Santo têm apresentado melhora gradual na capacidade de quitar dívidas, segundo o levantamento do Connect Fecomércio-ES, com base na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Em outubro, cresceu o número de pessoas que afirmam ter condições de pagar débitos em atraso, especialmente entre aqueles com renda acima de 10 salários mínimos (R$ 15.180). Nesse grupo, 20% dos entrevistados, alta de 1,8 ponto percentual, disseram conseguir arcar integralmente com as contas pendentes.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiO estudo revela um cenário mais equilibrado no comportamento financeiro das famílias. Entre os entrevistados de renda mais alta, o percentual dos que não conseguem quitar dívidas atrasadas caiu de 50% em setembro para 44% em outubro. O movimento indica maior estabilidade no orçamento e reforça a percepção de confiança.
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Para André Spalenza, coordenador do Observatório do Comércio do Connect Fecomércio-ES, o avanço reflete um novo momento do consumidor. Segundo ele, esse resultado demonstra que os capixabas têm buscado reorganizar o orçamento e renegociar compromissos, reduzindo a inadimplência de longo prazo.
Entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, 21% dizem ter condições de regularizar débitos no próximo mês, variação positiva de 0,3 ponto percentual. Embora o índice de endividamento siga elevado, chegando a 88,3%, a percepção de maior capacidade de pagamento aponta para um retorno gradual ao controle financeiro e maior cautela no uso do crédito. Spalenza destaca que o cenário indica um consumo mais responsável, com o crédito sendo utilizado de forma planejada e compatível com a renda disponível.
O levantamento mostra ainda que o nível geral de endividamento no estado permaneceu praticamente estável em relação a setembro, mas apresenta queda em comparação a 2024, quando o índice era de 89,3%. A mudança acompanha um comportamento mais seletivo nas compras, em especial no período que antecede datas como Black Friday e Natal.
Sobre o comprometimento da renda, a maioria das famílias de menor poder aquisitivo destina entre 11% e 50% do salário ao pagamento de dívidas. Já nos grupos de maior renda, o peso é menor. Um total de 41,4% comprometem cerca de 10% da renda mensal, o que garante maior margem de consumo no curto e médio prazo.
O terceiro vice-presidente da Fecomércio-ES, José Carlos Bergamin, reforça que o crédito, quando bem administrado, impulsiona a economia. Ele observa que o crédito é uma ferramenta de desenvolvimento, desde que utilizado com planejamento, e que buscar crédito demonstra confiança no futuro e disposição para consumir. Bergamin avalia que um nível de endividamento em torno de 30% da renda familiar é considerado saudável, desde que haja controle do prazo e da capacidade de pagamento. Para ele, o equilíbrio entre crédito responsável e estímulo ao consumo recorrente é essencial para o dinamismo do varejo.
A pesquisa também revela que o crédito de longo prazo é mais utilizado por famílias de maior renda, especialmente para financiamento de imóveis e veículos. Já os grupos de renda mais baixa seguem recorrendo ao crédito pessoal e aos carnês. Mesmo assim, os dados indicam uma tendência de uso mais consciente do crédito em todos os segmentos, o que contribui para reduzir a inadimplência e reforçar o amadurecimento financeiro no estado.
Spalenza conclui que os consumidores têm se mostrado mais atentos ao impacto das dívidas no orçamento e às condições do crédito contratado. Segundo ele, essa postura favorece a redução da inadimplência e fortalece a sustentabilidade financeira no Espírito Santo.
A versão completa da pesquisa está disponível no site portaldocomercio-es.com.br.