Justiça climática pauta primeiro dia de debates na Casa Sustentabilidade Brasil
As mesas reuniram especialistas, lideranças comunitárias e representantes de movimentos sociais para discutir racismo ambiental, desigualdade no financiamento climático e a urgência da titulação de territórios quilombolas.

Às vésperas da COP30, a Casa Sustentabilidade Brasil abriu neste domingo (9) os debates com um tema central: a justiça climática. As mesas reuniram especialistas, lideranças comunitárias e representantes de movimentos sociais para discutir racismo ambiental, desigualdade no financiamento climático e a urgência da titulação de territórios quilombolas.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiA membra da Rede Vozes Negras pelo Clima, Luciana de Oliveira, destacou que o conceito de justiça climática parte do reconhecimento de que as mudanças climáticas não afetam todas as pessoas da mesma forma.
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“Os impactos ambientais chegam de forma desproporcional às comunidades da periferia, da favela, dos quilombos e dos maretórios. Nesse contexto, nós dizemos que as mudanças climáticas têm raça, gênero, cor e classe social”, afirmou.
Segundo Luciana, o enfrentamento se dá por meio de denúncias, articulação política e conscientização social dentro dos territórios vulneráveis. Ela ressaltou que as mulheres negras periféricas são as mais afetadas pela crise climática, acumulando “o ônus e o bônus” das transformações ambientais.
“Muito mais impactos, muito mais violação de direitos do que qualquer outra pessoa ou raça”, destacou.
Outro ponto de destaque no evento foi a titulação de territórios quilombolas, tema abordado por Carlene Printes, quilombola do Boa Vista Trombeta, em Oriximiná (PA), e coordenadora executiva da Malungu – Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará. Para ela, garantir a posse das terras é fundamental para a preservação ambiental e para a sobrevivência das comunidades tradicionais.
“A titulação de território é o que dá segurança jurídica para as comunidades quilombolas. É o único meio de garantir que projetos de extermínio, que projetos que matem a nossa existência, não aconteçam. Dentro dos territórios quilombolas é comprovado que nós preservamos e cuidamos da floresta”, afirmou.
Printes reforçou que a titulação é urgente e estratégica para o Brasil alcançar a justiça climática de forma efetiva.
“Nós precisamos fazer ecoar a todo mundo que titulação de território é urgente e é uma forma de a gente chegar à justiça climática”, concluiu.