Bahia e ES lideram poluição por microplásticos no litoral brasileiro
Pesquisa revela alta contaminação e reforça alerta sobre saneamento, resíduos e impactos na vida marinha

A poluição por microplásticos atinge níveis inéditos na costa leste brasileira, especialmente entre a Baía de Todos os Santos (BA) e a foz do rio Piraquê-Açu, em Aracruz (ES). Conforme um estudo do projeto MicroMar, coordenado pelo Instituto Federal Goiano, os pesquisadores identificaram 17 partículas por litro de água, número que, inclusive, supera a soma das demais regiões analisadas.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiO levantamento, realizado entre abril de 2023 e abril de 2024, percorreu 1.024 praias ao longo de 7.500 quilômetros de costa. Além disso, as áreas foram divididas em Amazônia Equatorial, Nordeste, Leste, Sudeste e Sul. Segundo os pesquisadores, os dados surpreendem pela magnitude, sobretudo porque superam regiões densamente urbanizadas, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Por que a poluição por microplásticos é tão alta na região?
O estudo aponta um conjunto de fatores estruturais que agravam a contaminação. Primeiro, o saneamento precário aumenta o lançamento de resíduos no mar. Além disso, o turismo intenso eleva a geração de lixo durante o ano. Outro aspecto envolve a proximidade de rodovias e áreas urbanas, que liberam partículas de pneus, uma das principais fontes de microplásticos. Por fim, as correntes oceânicas favorecem o acúmulo desses fragmentos na faixa litorânea da Bahia e do Espírito Santo.
Efeitos para a vida marinha e riscos à saúde
Os microplásticos medem menos de 5 milímetros e, portanto, são facilmente ingeridos por organismos filtradores, larvas e peixes jovens. Essa ingestão compromete o desenvolvimento das espécies e, consequentemente, altera a cadeia alimentar. Além disso, essas partículas podem transportar substâncias tóxicas e microrganismos, o que aumenta os riscos indiretos para populações que dependem da pesca.
Diante desse cenário, a diretora-executiva do Instituto Ideias, Luana Romero, afirma que os dados exigem ações rápidas. Segundo ela, “microplásticos não são um problema isolado. Eles afetam a biodiversidade, a economia local e a saúde das pessoas. Reduzir esse impacto exige políticas públicas sólidas, responsabilidade empresarial e educação ambiental contínua”.
O que especialistas recomendam?
As propostas se dividem entre medidas imediatas e ações de médio e longo prazo.
Ações imediatas:
– Ampliar sistemas de tratamento de esgoto nos municípios costeiros.
– Reforçar a fiscalização ambiental e monitorar fontes de poluição.
– Adaptar a gestão de resíduos para períodos de alta temporada.
Ações de médio e longo prazo:
– Implementar políticas de economia circular e reduzir plásticos descartáveis.
– Modernizar a drenagem urbana para diminuir partículas de pneus nos rios.
– Incentivar inovação empresarial com foco em materiais alternativos.
– Investir em programas contínuos de educação ambiental.