O barulho do silêncio

O século XXI é o vigésimo da era cristã e o primeiro século do terceiro triênio. Ainda somos um jovem e barulhento planeta. Nossos carros, nossas máquinas, nossos aviões, nossos fogos, nossas próprias alegrias tornam esse mundo cada vez mais sonoro.

As pessoas cada vez mais necessitam demonstrar suas alegrias e posições, produzindo barulhos ensurdecedores, panelaço, buzinaço, golaço. Afinal, é o grito da galera que vale!

O ouvir é um processo fisiológico e independente da vontade, o escutar exige atenção, reflexão e compreensão, mas acima de tudo, vontade.

Quando há barulho excessivo nosso cérebro tende a ignorar criando mecanismos de evitação, consequentemente diminuindo a nossa capacidade de perceber o ambiente em sua totalidade.

No lado inverso da moeda, um ambiente mais silencioso aguça nossa percepção e aumenta nossa atenção, consequentemente aumenta nossa capacidade de perceber o ambiente em sua totalidade.

O silêncio organiza as ideias e coordena as emoções, gerando comportamentos capazes de influenciar o ambiente e provocar sensações positivas.

Aquele que fala baixo tem maiores chances de ser compreendido que aquele que grita, pois aquele que grita é ouvido, mas nem sempre é escutado.

Se queres ser bem compreendido, fale baixo, em tom suave e com palavras amenas, acalme o ambiente e faça o silêncio ser ouvido.

O silêncio oculta a ira e aprimora a consciência.

Ele se faz ouvir em meio ao barulho porque o barulho do silêncio acalma a alma e eleva o espírito, produzindo a mais perfeita harmonia entre o saber e a ignorância, que reflete nas emoções, nos sentimentos e nas atitudes.

Fernando Rangel Pereira tem formação em Estudos Sociais, é Farmacêutico e Psicólogo com ênfase em Neuropsicologia Clínica.