Especial
Mulheres que inspiram: “Somos capazes de exercer qualquer profissão”
A partir desta quarta-feira (1°) até o próximo dia 31, o portal trará histórias de mulheres que inspiram e fazem diferença na vida de outras pessoas
Por Alissandra Mendes
O Dia Internacional da Mulher é celebrado no dia 8 de março, mas as homenagens acontecem durante o mês todo no AQUINOTICIAS.COM. A partir desta quarta-feira (1°) até o próximo dia 31, o portal trará histórias de mulheres que inspiram e fazem diferença na vida de outras pessoas.
O 8 de março não é um dia de homenagens, e sim de celebrar a conquista de mulheres, que lutaram e seguem lutando por direitos igualitários e um papel de destaque na sociedade.
As mulheres cada vez mais ocupam cargos, que antes só eram ocupados por homens e, diferentemente do que é atribuído. Elas mostram sua força e determinação diante de situações cotidianas impostas pela vida, e a capacidade de solucionar os obstáculos que vão surgindo.
Em Cachoeiro de Itapemirim, desde dezembro de 2022, o cargo de comando da Guarda Civil Municipal (GCM) é ocupado por uma mulher. A inspetora Edinete Modesto Fraga Mendes faz história e é a primeira mulher a assumir o cargo de superintendente da corporação
A serviço da Guarda Civil Municipal de Cachoeiro de Itapemirim há mais de 22 anos, Edinete é graduada em Língua Portuguesa, Pedagogia e Segurança Pública, com especialização em trânsito, gestão e segurança pública.
“Antes de entrar para a Guarda Civil Municipal, eu lecionava. Era professora contratada. Como o concurso da GCM saiu antes do concurso da Educação, resolvi me inscrever e arriscar em uma profissão bem diferente da que eu estava acostumada a trabalhar. Já admirava a profissão segurança pública. Meu marido é militar e essa rotina estava presente em minha vida. Não pensei duas vezes e me inscrevi”, conta.
Dentro da instituição, a Inspetora exerceu importantes deveres e esteve à frente de diversos setores. Foi presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho sobre drogas. Também atuou no Conselho da Mulher e do Idoso, na Coordenadoria de Equipe Operacional e gerência adjunta de Segurança Patrimonial.
“Uma das ações mais significativas, para mim e para a corporação, foi o projeto de prevenção primária da Guarda Mirim de Cachoeiro. Através das atividades, tivemos êxito na retirada de jovens de ambientes hostis. Fui coordenadora do projeto desde a sua criação, e também coordenei a parte da GCM junto ao Ciodes-Sul, além do setor de recursos humanos da Guarda Civil”, continua.
“No início, sofri preconceito por ser mulher”
Hoje no comando da corporação, Edinete teve que enfrentar o preconceito por ser mulher no início da profissão. “No início, eu, assim como as demais integrantes da GCM, sofri preconceito por ser mulher. Era vista como sexo frágil e delicado, não tendo o perfil para estar em uma corporação, onde se exige força e firmeza”, pontua a inspetora.
A superação veio na rotina de trabalho. “Procurei fazer meu trabalho da melhor forma possível, com dedicação, profissionalismo e respeito, e sem fazer corpo mole. Fui conquistando aos poucos meu espaço. Não vou dizer que hoje não existe preconceito com as mulheres na corporação, mas é bem menos que no início”, destaca.
Edinete comanda uma corporação dominada predominantemente por homens. “Pensei que seria bem mais difícil. Mas, tenho boa aceitação da maioria dos integrantes da corporação. Conquistei o respeito de todos, até mesmo da minoria, que não vê com bons olhos uma mulher no comando, mas respeita”.
Mulher, esposa, mãe, profissional e evangélica
Casada há 34 anos com Paulo Roberto Mendes, Edinete é mãe de dois filhos Marcus Brenier e Mayra Brennda (Foto: Arquivo pessoal)
Nascida em Cachoeiro de Itapemirim, filha de Dona Laurides e do Seu Joel, Edinete tem seis irmãos. “Meus pais analfabetos, porém, sábios, que construíram uma família é humilde. Meu pai tirava o nosso sustento da venda de churrasquinhos e doces e minha mãe lava roupas. Aprendemos desde cedo a valorizar nosso trabalho e nossos pais”, comenta.
Ainda na infância, Edinete passou por um episódio de sofrimento, mas nunca deixou de ser sonhadora. “Com cinco anos, houve em minha vida um episódio sofrido. Com apoio dos meus familiares e de senhoras da igreja onde frequentava, esse episódio fez com que, quando adulta, transformasse esse sofrimento que trazia dentro de mim, em ajudar e proteger outras crianças e adolescentes”, continua a inspetora.
Edinete sempre buscou o melhor para sua vida. “Era uma sonhadora cheia de expectativas da vida, dedicada e esforçada. Estudava, cuidava da casa e ajudava minha mãe nas entregas de trouxas de roupas. Havia dias que faltava o que comer. Sempre acordei cedo com esperança no olhar e uma luz no sorriso, acreditando que Deus daria a minha família dias melhores. O tempo foi passando e eu fui mudando, cresci, amadureci e me casei”, frisa.
Casada há 34 anos com Paulo Roberto Mendes, Edinete é mãe de dois filhos Marcus Brenier e Mayra Brennda, e se orgulha de sua trajetória até aqui. “Hoje cuido com muito amor e carinho de minha mãe, como forma agradecimento e de reconhecimento de tudo que fez por nossa família”.
Mulheres que inspiram outras mulheres
Edinete inspira outras mulheres com uma história de superação e determinação. Sua coragem e força mostram que o lugar da mulher é onde ela quiser.
“Nós, mulheres, somos capazes de exercer qualquer profissão, inclusive as de liderança. E não vamos parar por aqui, pois há muito ainda a ser percorrido. Não queremos vantagens, apenas igualdade e as mesmas oportunidades. Fico feliz em saber que estou sendo uma inspiração para outras mulheres, não só na corporação da GCM, mas também para as que atuam em outras áreas”, ressalta.
Para a inspetora, “a mulher vem desempenhando um papel diferente na sociedade nos dias atuais. A figura da mulher unicamente no papel de submissão, esposa, dona de casa, “Amélia” e mãe cuidadora está sendo vencida pela mulher independente financeiramente, que aos poucos vem conquistando outros direitos. Podemos conquistar tudo aquilo que desejarmos”.
“Não podemos esquecer nunca nossa essência de mulher, esposa e mãe, mas agora ao lado – nem abaixo, nem acima –, do marido ou companheiro, que na maioria das vezes são nossos maiores incentivadores”, completa Edinete.
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