Especial
Ser mulher também é realizar sonhos e transformar dor em alegria
Ser mulher nos dias atuais ainda não é uma tarefa fácil. Dividir 24 horas do dia entre os afazeres domésticos, cuidado com os filhos e a rotina de trabalho
Por Alissandra Mendes
Ser mulher nos dias atuais ainda não é uma tarefa fácil. Dividir 24 horas do dia entre os afazeres domésticos, cuidado com os filhos e a rotina de trabalho transformam a mulher em ‘super’. Com tantas atribuições e em meio a tanta correria, ainda é possível encontrar um tempo para gestos de empatia e solidariedade.
Ajudar a realizar o sonho de outras pessoas também faz parte do ‘Ser mulher’ para a fotógrafa Patrícia Monteiro, de 48 anos, moradora de Marataízes, no litoral Sul do Espírito Santo. Há três anos, ela decidiu ajudar a cunhada Karlla Leal, que sonhava em ser mãe e não conseguia após ter perdido o útero por causa de um câncer.
A decisão da Patrícia de ser uma barriga solidária transformou a dor da cunhada e do marido Marcos Camporez, em alegria, e inspirou não só outras mulheres como também casais com sua história de empatia e amor ao próximo.
Em 2018, Karlla descobriu um câncer no útero há um mês para o casamento. Os planos precisaram ser pausados e o casamento adiado por conta do tratamento. Ainda no hospital, receberam a notícia de que só conseguiriam ter um filho por meio de barriga solidária ou adoção.
“Minha cunhada teve um câncer muito agressivo no útero e precisou retirá-lo. Ela estava prestes a casar e tinha o sonho, como a maioria das mulheres, de ser mãe. Após a cirurgia, o médico disse que preservou os ovários, caso ela conseguisse gerar no útero de uma barriga substituta. Estávamos todos juntos vivenciando tudo que ela passou: a descoberta da doença, o tratamento, e me solidarizei com a situação, as coisas foram acontecendo de forma natural”, conta Patrícia.
Antes de tomar a decisão, Patrícia conversou com a família. “O amor de mãe é um amor que está além, não consigo expressar em palavras. Naquele momento eu imaginei que poderia levar esse amor para outra mulher. Ela é tão forte, tão corajosa e desejou muito esse filho, a ponto de passar por tudo isso, de ver o filho sendo gerado por outra família. Foi uma decisão de família, conversei com meu marido e meu filho, que me apoiaram e graças a Deus o Arthur está com quase três aninhos e é uma criança super saudável”, explica.
Ser mulher é inspirar
Casada com o irmão de Karlla, o professor Wescley Leal Machado, há 13 anos, Patrícia tem um filho de 18 anos de um relacionamento anterior. Além do apoio da família, ela conta que teve uma gestação tranquila e que todos os momentos foram compartilhados com a cunhada.
“A gestação ocorreu no auge da pandemia, em 2020. Eu ficava na minha casa e a Karlla da dela, e foi um desafio. Nos falávamos todos os dias por vídeo e assim ela foi acompanhando o crescimento da barriga”, conta. Arthur nasceu no dia 9 de agosto de 2020, no Dia dos Pais.
Outra curiosidade dessa história, é que Patrícia foi professora de Karlla, antes mesmo de imaginar que um dia se casaria com seu irmão e seria sua barriga solidária. “Sempre tivemos uma relação de união, mas agora esse laço fica ainda mais forte. Eu e meu marido somos os padrinhos de Arthur e estamos sempre juntos. Acho que só melhorou o que já estava bom”, continua.
A história de Patrícia e Karlla inspiraram outras mulheres. “Quando a gestação foi divulgada, várias mulheres fizeram contato, com a Karlla principalmente, e ela respondeu dezenas. Eram mulheres que procuravam saber o que era e como tinha sido todo o procedimento. Foi tudo muito bacana. Lógico que recebemos algumas críticas, mas nada que nos afetasse ou que estragasse aquele momento lindo”, pontua.
Amor pela fotografia
Patrícia é graduada e pós-graduada em Letras e Literatura, e graduada em Fotografia pela UVV. “Trabalhei muitos anos como professora e atualmente, trabalho como assessora de comunicação e me dedico a fotografia, que é a minha paixão. Além disso, meu marido tem uma academia em Marataízes e também o ajudo como posso. Ser mulher nos dias atuais é conciliar diversas funções”, ressalta.
Formada desde 2008 em Fotografia, Patrícia conta que a paixão surgiu bem antes. “Eu já fazia trabalhos com câmeras semiprofissional, e desde então me dediquei na carreira. Me especializei em casamentos, 15 anos e gestantes. Hoje, estou atuando com ensaios externos de gestantes. Quando entrei na profissão, essa questão de predominância masculina já não tinha tanto”, garante.
Ser fotógrafa era um dos sonhos de Patrícia. “Decidi seguir essa carreira, pois era um grande sonho. Sempre tive câmera fotográfica e sempre amei fazer isso. Quando entrei na faculdade, optei por Letras, pois não tinha de Fotografia aqui no estado, só em São Paulo. Assim que a UVV abriu e eu pude fazer, encarei o desafio. Saía de Itapemirim, onde morava na época e ia todo dia para Vila Velha estudar. Sou muito realizada, pois é uma coisa que eu amo muito fazer”.
Patrícia conta ainda realizou muitos sonhos, mas ainda tem muitos outros para realizar. “Tenho vários sonhos que quero realizar e já realizei outros tantos. Me sinto realizada por ter minha família unida, com saúde, mas almejo outros sonhos. Realizamos um e partimos pra outros. Tive muita ajuda do meu marido, meu filho e minha mãe para realizar esses sonhos em minha vida”, pontua.
Questionada sobre o que é ser mulher nos dias atuais, Patrícia disse que não tem sido uma tarefa fácil, mas segue fazendo sua parte. “As mulheres desempenham muitos papeis ao mesmo tempo e isso é difícil às vezes. Tenho uma família que compreende, que consegue ir junto nas minhas escolhas e decisões. Tive que morar fora por conta de trabalho e deu tudo super certo. Costumo falar que tudo que é combinado não dá errado. Vamos distribuindo as tarefas e vamos levando. Claro que existe os percalços da vida, e com o apoio da família conseguimos superá-los”, conclui.
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