“Eu vou fazer-lhe uma oferta que você não pode recursar”. A frase anterior, dita por um mafioso italiano, é conhecida por ser uma das mais famosas da história do cinema. Deixando a ficção de lado, no mundo real são as inúmeras situações em que recebemos ofertas irrecusáveis, ainda que aviltem contra nossas crenças e ideologias.

Alguns poderiam dizer que é difícil mudar a cabeça das pessoas, mesmo com dinheiro. Porém, a racionalidade pode falar mais alto.

Pensem no seguinte caso. Você e seus amigos, pessoas normais e com profissões normais, começam a conversar com um CEO proeminente, famoso por gerenciar uma das principais multinacionais do país. Ao ser indagado sobre questões profissionais, o CEO “manda a real” e profere coisas que vocês prefeririam não ouvir. Todavia, por estarem em posições inferiores da hierarquia social, você e seu grupo abaixam a cabeça e concordam com todas as falas do CEO.

A simples presença do CEO foi suficiente para suprimir as crenças, ideologias e valores do referido grupo. Não obstante ao fato de discordarem do executivo, a maioria das pessoas, principalmente por não terem muito poder de barganha, ficarão em silêncio ou concordarão diante da possibilidade de obter algum benefício: “Vai que o CEO se identifique comigo e me faça uma oferta de trabalho? Não custa tentar”.

Não farei qualquer julgamento moral quanto a deixar de lado valores morais, religiosos, ideológicos e pessoais em prol da ascensão no mercado de trabalho. Todavia é intrigante saber que a maioria das pessoas não estão nem aí para suas próprias crenças, na hora H todos revelam sua real personalidade.

E você, caro leitor, estaria aberto a uma oferta irrecusável?

Rafael Altoé Frossard é professor do Centro Universitário São Camilo – ES e mestrando em Administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).