Uma sincera e bem intencionada homenagem na despedida de um amigo está se transformando em uma nova maneira de realizar velórios em Iúna. Ao som de violas, sanfonas, cantores e repentistas, artistas da cultura local têm participado de velórios, sempre a pedido de familiares e até dos que partiram – ainda em vida, de forma espontânea e com espírito solidário.
É o que conta o radialista, repentista e compositor, Edmar Henriques da Costa – Acanhado, de Iúna. Junto com outros artistas, como Cleyton Aguiar, Celinho do Acordeon, Justino Leandro, Jurubeba, Márcio & Rodrigo da Viola e muitos outros, tudo começou com a iniciativa, de forma espontânea, sem qualquer planejamento ou organização, na morte de um amigo que sempre gostou de música.
Ao contrário do que se pensa, isso não começou com o velório do ex-prefeito de Iúna, Lino Garcia, quando o velório ganhou ainda mais destaque, por causa da homenagem com viola, sanfona e repentistas. Mas sim quando faleceu o gerente de uma loja tradicional da cidade, Welinton Justo, como recorda, Acanhado. “Eu e o Alex Alves resolvemos fazer uma homenagem, colocamos o carro de som e cantamos na porta do cemitério”, recorda. “E depois faleceu a esposa do sanfoneiro Canhotinho – que tocava na nossa caravana (do Acanhado, que percorria comunidades, com shows sertanejos), conhecida como Flor da Índia, e os filhos pediram uma homenagem, então, juntamos músicos e fizemos”, conta.
Pessoas pedem a homenagem nos velórios em Iúna
Essas duas iniciativas renderam comentários, conforme conta, o radialista e repentista. Ao mesmo tempo, algumas pessoas passaram a adotar cortejos pela cidade, com carro de som tocando músicas. Além disso, outras pessoas passaram a pedir a homenagem para familiares ou outros já haviam solicitado que seus velórios fossem mais festivos.
Foi isso que aconteceu no caso do ex-prefeito Lino Garcia que faleceu no dia 8 de fevereiro deste ano, aos 94 anos, como noticiado pelo portal Aqui Notícias. Acanhado conta que, quando estava vivo, ele lhe disse que gostaria que seu velório tivesse muito repente e música. Quando ele faleceu, uma de suas filhas voltou a comentar que seu pai gostaria de um velório com festa. “Então, juntamos os músicos no dia do enterro e fizemos o velório como ele desejava”, narra, Acanhado (veja vídeo abaixo).
Simplicidade e emoção
O radialista, durante a homenagem, profere algumas palavras sobre a pessoa e canta versos. “Isso gera uma emoção maior, porque, normalmente, é uma pessoa que gostava de festa”, afirma.
Por isso, o mesmo aconteceu quando faleceu o sonoplasta Jasson Belo que também falava que queria festa em seu velório. E mais recentemente, antes do enterro de um amigo e ouvinte do programa de rádio de Acanhado, Domingão na Roça, que acabou levando a iniciativa para além dos limites de Iúna.
Dejair Amaro dos Santos faleceu aos 77 anos, no distrito de Crisciúma, em Ibatiba. “Ele era uma pessoa simples e eu sempre ia no aniversário dele, há mais de 10 anos, levando sonorização e músicos, enquanto a comunidade preparava o jantar e o bolo”, conta, Acanhado. “Logo, nada mais justo que essa homenagem também acontecesse em seu velório”, completa, acrescentando acreditar que, com o passar do tempo, mais pessoas vão achar isso interessante e convidar a comitiva para outras homenagens.
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