Internacional

Quem foi Papa Francisco, o primeiro pontífice americano?

Foi uma figura de destaque no continente inteiro e um pastor simples e muito amado na sua diocese, viajando também de metrô e de carro, durante os quinze anos

Por Redação

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em 21 de abr de 2025, às 07h01

Foto: Reprodução/Redes sociais
Foto: Reprodução/Redes sociais

O primeiro Papa americano foi o jesuíta argentino Jorge Mario Bergoglio, 76 anos, arcebispo de Buenos Aires. Foi uma figura de destaque no continente inteiro e um pastor simples e muito amado na sua diocese, viajando também de metrô e de carro, durante os quinze anos do seu ministério episcopal.

“O meu povo é pobre e eu sou um deles”, disse várias vezes para explicar a escolha de morar num apartamento e de preparar o jantar sozinho. Aos seus sacerdotes sempre recomendou misericórdia, coragem apostólica e portas abertas a todos.

A pior coisa que pode acontecer na Igreja, explicou nalgumas circunstâncias, “é aquilo ao que de Lubac chama mundanidade espiritual”, que significa “pôr-se a si mesmo no centro”.

E quando citava a justiça social, convidava em primeiro lugar a retomar nas mãos o catecismo, a redescobrir os dez mandamentos e as bem-aventuranças. O seu programa é simples: se seguirmos Cristo, compreenderemos que «espezinhar a dignidade de uma pessoa é pecado grave».

Não obstante a índole reservada — a sua biografia oficial é de poucas linhas, pelo menos até a nomeação como arcebispo de Buenos Aires — tornou-se um ponto de referência devido às suas tomadas de posição fortes durante a dramática crise económica que abalou o país em 2001.

Nasceu na capital argentina no dia 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes piemonteses: o seu pai Mário trabalhava como contabilista no caminho de ferro; e a sua mãe Regina Sivori ocupava-se da casa e da educação dos cinco filhos.

Papa Francisco foi diplomado técnico químico

Diplomou-se como técnico químico, e depois escolheu o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto. A 11 de março de 1958 entrou no noviciado da Companhia de Jesus.

Completou os estudos humanísticos no Chile e, tendo voltado para a Argentina, em 1963 obteve a licenciatura em filosofia no colégio de São José em San Miguel. De 1964 a 1965 foi professor de literatura e psicologia no colégio da Imaculada de Santa Fé e em 1966 ensinou estas mesmas matérias no colégio do Salvador, em Buenos Aires. De 1967 a 1970 estudou teologia, licenciando-se também no colégio de São José.

A 13 de dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote pelo arcebispo D. Ramón José Castellano. De 1970 a 1971 deu continuidade à sua preparação em Alcalá de Henares, na Espanha, e a 22 de abril de 1973 emitiu a profissão perpétua nos jesuítas. Regressou à Argentina, onde foi mestre de noviços na Villa Barilari em San Miguel, professor na faculdade de teologia, consultor da província da Companhia de Jesus e reitor do colégio.

Provincial dos jesuítas

No dia 31 de julho de 1973 foi eleito provincial dos jesuítas da Argentina, cargo que desempenhou durante seis anos. Depois, retomou o trabalho no campo universitário e, de 1980 a 1986, foi novamente reitor do colégio de São José, e inclusive pároco em San Miguel. No mês de março de 1986 partiu para a Alemanha, onde concluiu a tese de doutoramento; em seguida, os superiores enviaram-no para o colégio do Salvador em Buenos Aires e sucessivamente para a igreja da Companhia, na cidade de Córdova, onde foi diretor espiritual e confessor.

O cardeal Antonio Quarracino convidou-o a ser o seu estreito colaborador em Buenos Aires. Assim, a 20 de maio de 1992 João Paulo II nomeou-o bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. No dia 27 de junho recebeu na catedral a ordenação episcopal precisamente do cardeal.

Na América Latina a sua figura tornava-se cada vez mais popular. Não obstante isto, não perdeu a sobriedade da índole, nem o estilo de vida rigoroso, que chegou a ser definido quase «ascético». Com este espírito, em 2002 recusou a nomeação a presidente da Conferência episcopal argentina, mas três anos mais tarde foi eleito para tal cargo e depois confirmado por mais um triénio em 2008. Entretanto, em abril de 2005, participou no conclave durante o qual tinha sido eleito Bento XVI.

Habemus Papam

Como arcebispo de Buenos Aires — diocese com mais de três milhões de habitantes — pensou num projeto missionário centrado na comunhão e na evangelização, com quatro finalidades principais: comunidades abertas e fraternas; protagonismo de um laicado consciente; evangelização destinada a cada habitante da cidade; assistência aos pobres e aos enfermos.

Convidou sacerdotes e leigos a trabalharem juntos. Em setembro de 2009 lançou a campanha de solidariedade a nível nacional, em vista do bicentenário da independência do país: duzentas obras de caridade a realizar até 2016. E, em chave continental, alimenta fortes esperanças, no sulco da mensagem da Conferência de Aparecida, de 2007, chegando a defini-la “a Evangelii nuntiandi da América Latina”.

Até ao início da sede vacante foi membro das Congregações para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para o Clero, para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; do Pontifício Conselho para a Família, e da Pontifícia Comissão para a América Latina.

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