A polêmica em torno de Frei Gilson: um reflexo do Brasil polarizado
Para muitos, a fé deixou de ser uma questão pessoal para se tornar um termômetro ideológico.
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em 11 de mar de 2025, às 11h42

Frei Gilson virou o novo alvo da guerra cultural entre direita e esquerda no Brasil. O frade carmelita, conhecido por reunir milhares de fiéis em transmissões diárias às 4h da manhã, se tornou um fenômeno religioso e digital. No entanto, sua crescente popularidade também fez dele uma figura controversa no embate político.
Setores da esquerda o acusam de ser “fascista e golpista”, enquanto a direita o defende com entusiasmo, incluindo figuras como Jair Bolsonaro e Nikolas Ferreira. Essa batalha ideológica escancara um problema recorrente no debate público brasileiro: a incapacidade de separar fé de política, ou ao menos permitir que a religiosidade exista sem ser imediatamente cooptada por um dos lados.
A pergunta que fica é: por que um frei, que inicia o dia em oração, se tornou um problema para parte da esquerda? Ou ainda: por que a direita se apressa em abraçá-lo como um símbolo?
A resposta está na forma como a religião tem sido usada como ferramenta de mobilização política no Brasil. Para muitos, a fé deixou de ser uma questão pessoal para se tornar um termômetro ideológico. Se um religioso tem grande alcance, ele é rapidamente rotulado como aliado ou inimigo. O que deveria ser apenas uma prática de devoção se transforma em munição na guerra de narrativas.
Não é de hoje que lideranças religiosas exercem grande influência sobre a opinião pública. No entanto, é curioso observar como, em tempos de redes sociais, tudo se amplifica e se polariza de maneira quase instantânea. Um exemplo disso é a mobilização virtual: enquanto uns pedem que Lula defenda Frei Gilson, outros ironizam a esquerda por transformar o frei em uma nova obsessão.
Sejamos francos: a esquerda perde tempo atacando Frei Gilson. A direita, por sua vez, ganha quando o abraça como uma bandeira. No meio disso, o que se perde é a capacidade de entender que a religião, independentemente da posição política, sempre terá espaço no coração de milhões de brasileiros. O problema não está em Frei Gilson, mas na necessidade incessante de transformar tudo em uma disputa binária.
Se a esquerda realmente deseja ampliar sua influência entre os religiosos, precisa repensar sua estratégia. E se a direita acredita que a fé é um ativo político infalível, também pode se surpreender. Afinal, na própria história do cristianismo, não faltam exemplos de que a fé pode ser muito maior do que qualquer projeto de poder.
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