Sustentabilidade e Meio Ambiente

Povos originários: respeito territorial e adaptação tecnológica

Sertanista Iberê Sissa destaca a importância do respeito à cultura e às necessidades territoriais dos povos originários

Por Fernanda Zandonadi

2 mins de leitura

em 12 de mar de 2025, às 15h12

Imagem: Sustentabilidade Brasil
Imagem: Sustentabilidade Brasil

“O que aprendi com os indígenas? Que a boa relação parte de não levar ou impor nossos costumes. Mas procurar compreender a cultura e, mais ainda, compreender a necessidade territorial do grupo”. As palavras são do sertanista, técnico indigenista por 15 anos pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), chefe do núcleo de Educação Ambiental do Ibama por 30 anos e hoje diretor-presidente do Instituto Goiamum, Iberê Sissa.

A sabedoria dos povos originários nos convida a repensar nossas relações com outras culturas. Um ponto crucial é a questão territorial. A aparente vastidão de terras reivindicadas pelos povos originários esconde uma lógica de sobrevivência ancestral. Sem a tecnologia que molda nosso dia a dia, a natureza se torna o provedor direto de recursos. A caça, a coleta e a agricultura tradicional exigem áreas extensas para garantir a subsistência de comunidades inteiras.

A necessidade de sobrevivência sem uso da tecnologia pede um terreno muito maior. Assim, até que eles absorvam a tecnologia de forma harmoniosa, no sentido de poderem sobreviver sem a necessidade de territórios extensos, é preciso um trabalho longo, que demanda tempo. Os Kaingang, que vivem no Rio Grande do Sul, por exemplo, assimilaram a tecnologia e hoje são os maiores produtores indígenas de soja do Brasil. Eles empregam gente de fora para trabalhar para eles. Mas foi um processo longo e precisa ser harmonioso”, salienta.

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