Hugo Motta reage: “Brasil precisa de menos imposto e desperdício”
O episódio expõe um dos principais impasses da atual gestão: a busca por equilíbrio fiscal sem aumentar a carga tributária.

Em meio à repercussão negativa das novas medidas para aumento da arrecadação por meio do IOF, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-AL), usou as redes sociais nesta segunda-feira (24) para enviar um recado indireto, porém contundente, ao Palácio do Planalto. Sem mencionar nomes, Motta afirmou que “o Brasil não precisa de mais imposto, precisa de menos desperdício”, sinalizando o desconforto do Legislativo com a estratégia fiscal adotada pela equipe econômica.
A declaração ocorre dias após o governo federal anunciar o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em uma tentativa de ampliar a arrecadação. A reação foi imediata: economistas, agentes do mercado financeiro e parlamentares criticaram duramente a medida, levando o Ministério da Fazenda a recuar parcialmente, mantendo alíquota zero para fundos de investimento nacionais no exterior.
Segundo Motta, “o Estado não gera riqueza — consome. E quem paga essa conta é a sociedade”. O deputado também reforçou o papel de parceria da Câmara na aprovação de projetos importantes, mas criticou o que considera um desequilíbrio nas contas públicas. “Quem gasta mais do que arrecada não é vítima, é autor. O Executivo não pode gastar sem freio e depois passar o volante para o Congresso segurar”, escreveu.
A insatisfação no Legislativo ganhou força com a apresentação de um Projeto de Decreto Legislativo pelo deputado Luciano Zucco (PL-RS), que busca sustar o aumento das alíquotas. Zucco acusou o governo de penalizar “quem empreende e trabalha”, ao invés de priorizar ajustes nas despesas públicas.
As mudanças previstas pela equipe do ministro Fernando Haddad incluem a elevação do IOF em operações como seguros de vida, crédito de cooperativas, empréstimos empresariais e transações cambiais. O Ministério da Fazenda estima arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026, mas parte dessa receita pode ser comprometida diante da necessidade de rever as medidas.
Haddad defendeu a proposta como uma forma de alinhar as políticas fiscal e monetária, minimizando o impacto para a população de baixa renda. No entanto, analistas do setor financeiro criticaram o uso do IOF — tradicionalmente um tributo regulatório — como instrumento arrecadatório.
O episódio expõe um dos principais impasses da atual gestão: a busca por equilíbrio fiscal sem aumentar a carga tributária. O embate entre Executivo e Congresso em torno do IOF deve se estender, com o Legislativo cobrando cortes de gastos e revisão de privilégios como alternativas à elevação de impostos.
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