Cidades

MST volta a ocupar terra e pressiona governo no Sul do ES

A nova ocupação reacende o debate sobre os desafios da reforma agrária no Espírito Santo e coloca em evidência a necessidade de diálogo entre o poder público, os movimentos sociais e o setor produtivo.

Por Redação

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em 03 de jun de 2025, às 14h39

Foto:  Enrique Moté
Foto: Enrique Moté

Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) retomaram, nesta semana, a ocupação do Assentamento Nova Safra, localizado às margens da rodovia ES-090, na divisa entre os municípios de Cachoeiro de Itapemirim e Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. O local voltou a exibir a bandeira vermelha do movimento, sinalizando a retomada das ações de reivindicação por terra na região.

Ao portal AQUINOTICIAS.COM, André Vieira de Araújo, que se apresentou como coordenador da mobilização, afirmou que o objetivo é pressionar o poder público por mais atenção às políticas de reforma agrária. “Como o poder público não tem enxergado o movimento, estamos aqui com essa ação. Há famílias sem moradia, que veem nessa ocupação a oportunidade de conquistar um pedaço de terra para plantar e viver com dignidade”, declarou.

Segundo Araújo, cerca de 100 famílias participam da ocupação, com integrantes vindos de outros assentamentos da região. “Estamos organizando e limpando a área para torná-la habitável. É um movimento coletivo”, reforçou.

Moradora de Cachoeiro de Itapemirim e mãe de sete filhos, Ana Meiry é uma das participantes. Ela diz ver no MST uma chance de melhorar de vida. “Se eu tiver a oportunidade de conquistar uma terra, poderei plantar e sustentar minha família”, afirmou.

Mara Luiza Fagundes, assentada há anos no Nova Safra, defendeu o histórico da área, que, segundo ela, há quase três décadas serve como espaço de acolhimento para novos grupos em busca de regularização fundiária. “Estão dizendo que se trata de invasão, mas não é verdade. Este assentamento existe há 29 anos e sempre foi um ponto de apoio para movimentos que querem ser ouvidos pelas autoridades”, disse.

Procurado pela reportagem, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), responsável pela condução da política de reforma agrária no país, informou que não irá se pronunciar sobre o caso.

A movimentação também repercutiu no meio político. Parlamentares da extrema-direita se manifestaram no fim de semana alertando para os riscos da ação do MST para a segurança de fazendeiros e empresários da região, especialmente do setor agropecuário, que acompanham a situação com preocupação.

A nova ocupação reacende o debate sobre os desafios da reforma agrária no Espírito Santo e coloca em evidência a necessidade de diálogo entre o poder público, os movimentos sociais e o setor produtivo.

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