Ensino médio no Brasil enfrenta desafios, mas avança com novas políticas e mudanças estruturais
Em meio a desafios históricos como evasão escolar, desigualdade de acesso e baixo desempenho, o ensino médio brasileiro passa por transformações importantes com o Novo Ensino Médio e o programa Pé-de-Meia, que buscam tornar essa etapa mais atrativa, conectada ao mercado de trabalho e acessível a todos os jovens.

O ensino médio brasileiro vive um momento de transição. Considerada a etapa mais crítica da educação básica, essa fase ainda enfrenta altas taxas de evasão, desigualdade de acesso e baixa aprendizagem em áreas fundamentais. Ao mesmo tempo, surgem novas políticas públicas, como o programa Pé-de-Meia e o Novo Ensino Médio, que prometem tornar essa etapa mais atrativa, inclusiva e conectada com o futuro dos jovens.
O retrato do ensino médio hoje
Segundo dados do Censo Escolar, o Brasil tem cerca de 7,9 milhões de estudantes matriculados no ensino médio. A rede pública concentra mais de 87% dessas matrículas, com destaque para as escolas estaduais, que são responsáveis pela maior parte da oferta.
No entanto, os indicadores de permanência ainda preocupam. Apenas 66% dos jovens de 15 a 17 anos estão estudando na série certa. Muitos nem chegam a conquistar o diploma do Ensino Médio, pois abandonam os estudos por necessidade de trabalhar, falta de acesso a escolas próximas ou desinteresse pelo modelo de ensino tradicional.
Além disso, os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mostram estagnação nos últimos anos. Em 2023, a média do ensino médio foi de 4,2, abaixo da meta projetada (5,0). A aprendizagem em português e matemática continua aquém do esperado, especialmente nas redes públicas.
Novo Ensino Médio: mais flexível e conectado ao mercado
Uma das principais apostas para reverter esse cenário foi a implementação do Novo Ensino Médio, que passou a valer de forma obrigatória a partir de 2022. O modelo amplia a carga horária mínima (de 800 para 1.000 horas anuais) e prevê a divisão entre uma formação comum (com disciplinas básicas como português e matemática) e os chamados itinerários formativos, que permitem ao aluno escolher áreas de aprofundamento, como ciências humanas, linguagens, exatas ou ensino técnico.
A proposta visa dar mais autonomia aos estudantes, aproximar os conteúdos da realidade do jovem e facilitar o ingresso no mercado de trabalho ou no ensino superior. No entanto, a implementação tem gerado críticas. Falta de infraestrutura, carência de professores especializados e desigualdade na oferta entre regiões são alguns dos obstáculos enfrentados por estados e escolas.
Diante das polêmicas, o Ministério da Educação anunciou, em 2024, mudanças no Novo Ensino Médio, com o objetivo de fortalecer o currículo comum, garantir acesso mais equitativo aos itinerários e assegurar formação adequada dos docentes.
Programa Pé-de-Meia: incentivo financeiro contra evasão
Uma das maiores novidades da educação básica em 2024 foi a criação do programa Pé-de-Meia, voltado a alunos do ensino médio da rede pública. A iniciativa oferece um incentivo financeiro mensal aos estudantes de baixa renda, com o objetivo de reduzir a evasão e estimular a conclusão dos estudos.
O programa é voltado para alunos inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) e prevê depósitos mensais em contas digitais, além de bônus por aprovação em cada ano e na conclusão do ensino médio. O valor total pode chegar a R$ 9.200 ao final dos três anos, funcionando como uma espécie de poupança educacional.
Estudos preliminares mostram que o programa já está tendo impacto positivo, especialmente em regiões mais vulneráveis, onde os jovens costumavam abandonar os estudos para trabalhar ou cuidar da família.
A escola que os jovens querem
Pesquisas realizadas com estudantes apontam que a maioria quer uma escola mais prática, tecnológica, conectada com o mundo do trabalho e com a vida real. O ensino médio tradicional, com carga pesada de disciplinas e pouca relação com os interesses do aluno, tem perdido relevância para muitos.
Iniciativas que incluem educação empreendedora, robótica, tecnologia da informação, trilhas de projeto de vida e estágios supervisionados ganham força em escolas inovadoras, inclusive na rede pública, como é o caso de colégios estaduais de tempo integral em Pernambuco, Ceará, São Paulo e Goiás, que se destacam pelos bons resultados.
A importância dessa etapa
O ensino médio é decisivo para o futuro de qualquer jovem. É nele que se define se o estudante vai ingressar no ensino superior, buscar uma formação técnica ou entrar no mercado de trabalho. Também é uma fase de descobertas, amadurecimento e construção da cidadania.
Ampliar a qualidade e o acesso a essa etapa é um passo essencial para reduzir desigualdades sociais, melhorar a produtividade do país e preparar o Brasil para os desafios do século XXI.
O ensino médio no Brasil ainda enfrenta obstáculos estruturais, mas também vive um momento de renovação. Com políticas de incentivo, mudanças curriculares e investimentos em tecnologia e formação docente, o país tenta transformar essa etapa em uma verdadeira ponte para o futuro.O desafio agora é garantir que todos os jovens brasileiros, independentemente da renda ou da região onde vivem, tenham acesso a uma educação de qualidade, com propósito, conexão com a vida e oportunidades reais de crescimento.
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