Economia

Famílias capixabas ampliam capacidade de pagar dívidas

Entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, 21% dizem ter condições de regularizar débitos no próximo mês, variação positiva de 0,3 ponto percentual.

Mãos feminina contando cédulas de R$ 50
Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

A confiança do consumidor capixaba ganhou novo fôlego. As famílias do Espírito Santo têm apresentado melhora gradual na capacidade de quitar dívidas, segundo o levantamento do Connect Fecomércio-ES, com base na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Em outubro, cresceu o número de pessoas que afirmam ter condições de pagar débitos em atraso, especialmente entre aqueles com renda acima de 10 salários mínimos (R$ 15.180). Nesse grupo, 20% dos entrevistados, alta de 1,8 ponto percentual, disseram conseguir arcar integralmente com as contas pendentes.

Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aqui

O estudo revela um cenário mais equilibrado no comportamento financeiro das famílias. Entre os entrevistados de renda mais alta, o percentual dos que não conseguem quitar dívidas atrasadas caiu de 50% em setembro para 44% em outubro. O movimento indica maior estabilidade no orçamento e reforça a percepção de confiança.

Leia também: Cachoeiro reajusta tarifas do Estacionamento Rotativo após dois anos

Para André Spalenza, coordenador do Observatório do Comércio do Connect Fecomércio-ES, o avanço reflete um novo momento do consumidor. Segundo ele, esse resultado demonstra que os capixabas têm buscado reorganizar o orçamento e renegociar compromissos, reduzindo a inadimplência de longo prazo.

Entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, 21% dizem ter condições de regularizar débitos no próximo mês, variação positiva de 0,3 ponto percentual. Embora o índice de endividamento siga elevado, chegando a 88,3%, a percepção de maior capacidade de pagamento aponta para um retorno gradual ao controle financeiro e maior cautela no uso do crédito. Spalenza destaca que o cenário indica um consumo mais responsável, com o crédito sendo utilizado de forma planejada e compatível com a renda disponível.

O levantamento mostra ainda que o nível geral de endividamento no estado permaneceu praticamente estável em relação a setembro, mas apresenta queda em comparação a 2024, quando o índice era de 89,3%. A mudança acompanha um comportamento mais seletivo nas compras, em especial no período que antecede datas como Black Friday e Natal.

Sobre o comprometimento da renda, a maioria das famílias de menor poder aquisitivo destina entre 11% e 50% do salário ao pagamento de dívidas. Já nos grupos de maior renda, o peso é menor. Um total de 41,4% comprometem cerca de 10% da renda mensal, o que garante maior margem de consumo no curto e médio prazo.

O terceiro vice-presidente da Fecomércio-ES, José Carlos Bergamin, reforça que o crédito, quando bem administrado, impulsiona a economia. Ele observa que o crédito é uma ferramenta de desenvolvimento, desde que utilizado com planejamento, e que buscar crédito demonstra confiança no futuro e disposição para consumir. Bergamin avalia que um nível de endividamento em torno de 30% da renda familiar é considerado saudável, desde que haja controle do prazo e da capacidade de pagamento. Para ele, o equilíbrio entre crédito responsável e estímulo ao consumo recorrente é essencial para o dinamismo do varejo.

A pesquisa também revela que o crédito de longo prazo é mais utilizado por famílias de maior renda, especialmente para financiamento de imóveis e veículos. Já os grupos de renda mais baixa seguem recorrendo ao crédito pessoal e aos carnês. Mesmo assim, os dados indicam uma tendência de uso mais consciente do crédito em todos os segmentos, o que contribui para reduzir a inadimplência e reforçar o amadurecimento financeiro no estado.

Spalenza conclui que os consumidores têm se mostrado mais atentos ao impacto das dívidas no orçamento e às condições do crédito contratado. Segundo ele, essa postura favorece a redução da inadimplência e fortalece a sustentabilidade financeira no Espírito Santo.

A versão completa da pesquisa está disponível no site portaldocomercio-es.com.br.

Jornalista com mais de uma década de experiência em produção de conteúdo jornalístico e cobertura de temas políticos, de segurança pública e institucionais. Atua com redação e edição de matérias para diferentes plataformas. Também possui experiência em comunicação política e eleitoral, assessoria de imprensa e redação publicitária.