O próximo passo do Espírito Santo: fazer o investimento privado chegar ao interior

Por Filipe Machado

O Espírito Santo vive um ciclo extraordinário de crescimento. Os dados do Anuário ES 2025 mostram que grandes empresas estão apostando no estado e anunciando bilhões em investimentos. Anchieta, Serra, Presidente Kennedy e Vitória lideram esse movimento, impulsionados pela infraestrutura, pela segurança jurídica e pela boa gestão pública que se tornou marca do Governo do Estado.

O ES se transformou em um hub logístico. Portos eficientes, rodovias estruturadas, equilíbrio fiscal e um ambiente de negócios cada vez mais profissional criaram bases sólidas para atrair novos empreendimentos.

É um momento de orgulho para nós capixabas. Mas também de reflexão.

Quando analisamos de perto onde esses investimentos estão acontecendo, percebemos que o interior ainda recebe menos atenção do setor privado. Municípios menores continuam dependentes das prefeituras e do Governo do Estado para movimentar a economia local e as obras estruturantes.

Mesmo regiões fortes em produção agricola, como o Sul, a Serrana, o Norte e o Noroeste, ainda carecem de empresas que gerem emprego permanente, diversifiquem as atividades e criem renda ao longo do ano.

O agronegócio é poderoso, mas sozinho não sustenta todo o ciclo de desenvolvimento. É preciso atrair pequenas e médias indústrias, serviços especializados, centros de distribuição, tecnologia, turismo estruturado e novos modelos de negócio que façam o interior crescer com independência.

Esse é o grande desafio: levar investimento privado para onde a vida acontece de verdade. Não se trata apenas de números, mas de oportunidades. Cada empresa que se instala em um município pequeno gera empregos, fortalece o comércio, movimenta a construção civil e dá perspectiva para as famílias.

Para avançar, é preciso criar mais condições para que o investidor enxergue potencial além da Região Metropolitana. Isso inclui infraestrutura de acesso, energia confiável, processos mais ágeis nas prefeituras e fortalecimento dos arranjos produtivos locais.

O Governo do Estado tem feito um trabalho importante, investindo em obras estruturantes que melhoram a competitividade do interior. Mas o desenvolvimento pleno só virá quando o setor privado ocupar seu espaço também nessas regiões, que possuem enorme potencial.

O Espírito Santo já provou que sabe crescer com organização, transparência e visão de futuro. Agora, o próximo passo é garantir que esse crescimento chegue a todos os municípios. Levar empresas, inovação e oportunidades para o interior é o caminho para gerar mais emprego e renda e construir um estado ainda mais equilibrado.

Se o momento do ES é extraordinário, o desafio é compartilhá-lo. O futuro está nas cidades do interior, e é para lá que precisamos olhar com seriedade, estratégia e ação.

*** Filipe Machado é reconhecido pela experiência em perícias, auditorias, projetos e consultorias de engenharia. Formado em Engenharia Civil e Ambiental, acumula mais de 14 anos de atuação no mercado, tendo trabalhado em obras, avaliações técnicas, diagnósticos prediais, gestão de manutenção e suporte a condomínios e empresas. É também autor de três livros sobre carreira, mercado de trabalho e desenvolvimento profissional para engenheiros e estudantes da área tecnológica. Atualmente ocupa o cargo de Diretor-Geral da Mútua-ES, braço assistencial do Sistema Confea/Crea.