O preconceito contra os canhotos: uma discriminação silenciosa

A propósito da campanha publicitária das havaianas, quero tratar do assunto para além da pobreza intelectual, do debate raso

Foto: Ilustrativa/Pixabay

Por José Carlos Carvalho

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A propósito da campanha publicitária das havaianas, quero tratar do assunto para além da pobreza intelectual, do debate raso, de algumas figuras da extrema direita.

A ignorância desse pessoal não tem limites, misturam política barata com neurociência, ser destro ou canhoto, no contexto da propaganda, nada tem a ver com ideologia.

Foto: Leonor Calasans/IEA-USP

Mas, preferem abusar da ignorância do povo, explorar o fanatismo fundamentalista de parcela da sociedade.

A peça publicitária sequer sugere trocar o pé direito pelo esquerdo, mas inspira o consumidor a entrar no ano novo com os DOIS PÉS!

Para essa gente retrógrada e atrasada, tudo é pretexto para esticar a corda da polarização que interdita o diálogo e entorpece o espírito da cidadania.

Como os pássaros não voam sem duas asas, nós não andamos normalmente sem os dois pés.
Basta de aleivosias e enganação!

Ao longo da história, ser canhoto já foi motivo de estigma, punição e exclusão. Embora hoje o preconceito contra pessoas canhotas seja menos explícito, ele ainda se manifesta de forma sutil no cotidiano, refletindo padrões sociais construídos a partir da ideia de que o “normal” é ser destro.
Estima-se que cerca de 10% da população mundial seja canhota. Apesar disso, o mundo foi projetado quase inteiramente para destros: tesouras, carteiras escolares, mouses, instrumentos musicais, máquinas industriais e até sistemas de escrita favorecem quem utiliza a mão direita. Essa falta de adaptação pode gerar dificuldades práticas, desconforto físico e até prejuízos no aprendizado e no desempenho profissional dos canhotos.

Historicamente, o preconceito teve raízes culturais e religiosas. Em muitas línguas, a palavra “esquerda” está associada a algo negativo. No latim, sinister significa tanto “esquerda” quanto “ameaçador” ou “maligno”. Durante séculos, crianças canhotas foram forçadas a escrever com a mão direita, prática que causou traumas, dificuldades cognitivas e problemas de autoestima.
Mesmo hoje, quando não há punições diretas, o preconceito persiste de forma velada. Canhotos muitas vezes precisam se adaptar sozinhos, ouvindo comentários como “isso é falta de jeito” ou “é só costume”. Essa naturalização da desigualdade ignora que a adaptação constante exige esforço extra e pode gerar sensação de exclusão.

Combater o preconceito contra canhotos passa pelo reconhecimento da diversidade humana. Ser canhoto não é erro, desvio ou problema, mas apenas uma variação natural. A inclusão de materiais adaptados, o respeito às diferenças desde a infância e a conscientização social são passos importantes para reduzir essa discriminação silenciosa.

Promover um mundo mais justo também significa pensar nos detalhes. Quando o ambiente é planejado para todos, canhotos deixam de ser exceção e passam a ser reconhecidos como parte legítima da diversidade humana.

Texto com ajuda de IA.

*** José Carlos Carvalho é ex-ministro de Meio Ambiente e ex-secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM