A rede da crueldade
Temos assistido uma crescente violência humana gratuita e explícita que leva alguns aos extremos da crueldade
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em 05 de abr de 2023, às 14h02
Nos últimos dias, temos assistido – estarrecidos – uma crescente violência humana gratuita e explícita, em patamares assustadores, que leva alguns aos extremos da crueldade. As pessoas se agridem e se matam por qualquer motivo, pelo mais banal dos atos e, às vezes, sem justificativa aparente. É o que vemos quando um aluno invade uma escola e mata uma professora, tenta matar colegas. Fatos que se repetem – como agora na tragédia em Blumenau (SC), onde crianças foram mortas a sangue frio. Nada disso pode ser visto apenas como mais um ato violento de nossa doente sociedade.
Ao mesmo tempo, vemos os números de suicídios crescendo, com jovens e até crianças tirando a própria vida, sem que haja uma explicação plausível que não seja o aumento de pessoas com depressão, doentes na alma, no coração. Mas a resposta talvez esteja no fato de estarmos vivendo em uma sociedade cruel demais. Crueldade que se banaliza em atos que, muitas vezes, parecem inocentes e se espalham pelas redes sociais – que nem sempre são tão sociais assim.
Redes sociais que estão produzindo jovens cruéis que podem chegar ao extremo do assassinato. Contudo, a crueldade nas redes não está apenas na covardia dos homicídios ou bullying, mas também no que apresenta um mundo virtual que só ensina a pessoa a tentar ser ou estar melhor do que o outro. Nunca igual ao outro.
A necessidade de sempre mostrar estar feliz e próspero, geralmente, leva à perda do rumo e à fuga da realidade. Isso resulta em pessoas perdidas e algumas não conseguem suportar encarar essa realidade, quando saem da hipnose do mundo virtual, e acabam tirando a própria vida que passou a não ter qualquer sentido.
E o discurso se repete, com muita gente afirmando e até vendendo verdades que muitos procuram e consomem. Mas que verdade é essa tão distante da realidade? Sim, porque verdade e realidade são duas coisas muito diferentes. Verdades podem ser mentiras revestidas, disfarçadas. A realidade se impõe, não há como se esconder dela.
E esse é o problema das redes sociais que mostram verdades maquiadas, filtradas, disfarçadas, como se a felicidade fosse algo que estivesse ao alcance de um vídeo postado, de um clique no teclado. Mas quando a pessoa olha à sua volta, vê que não é assim. Procura a felicidade na sua realidade e ela não está presente em sua família, no seu ambiente, na sua condição social, na sua aparência física (porque vendem modelos estereotipados de beleza, quando o belo está no ser e não no parecer).
Então, vem o desespero de se ver preso a algo do qual não pode escapar, porque é sua vida real e tem que enfrentá-la. Não há outra solução. Então, muita gente não encontra forças para isso e desiste, porque simplesmente acreditou em algo que não tem vida, um mundo virtual e irreal, sem sentimentos e amizades sinceras.
E também há aqueles que se deixam levar e acreditam que o mundo que não aceita e não quer enfrentar está contra ele e quer sua infelicidade. Então, o agride, tira a vida de outra pessoa e acaba com sua própria vida, seja qual for seu destino. Então, esse texto não é um discurso contra a internet, porque ela trouxe possibilidades e avanços para humanidade. Mas não podemos esquecer que somos pessoas e não algoritmos. Temos todos os sentimentos e não apenas o sorriso aberto na foto postada. Temos amigos ao nosso lado e não apenas aqueles que aceitamos com um clique no teclado. Temos uma vida real, onde existem filhos, pais, netos, amigos, irmãos, seres humanos que precisam da atenção do nosso olhar e do calor de nossos abraços e beijos presenciais… reais.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM
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