O tédio é um sentimento de vazio, de não realização, de não satisfação, onde tudo parece primário e chato, tudo a volta contribui para aumentar infelicidade.

A forma como percebemos os movimentos externos implica como construímos nossos movimentos internos.

A vida acompanha o fluxo que segue em ritmo acelerado, mesmo não sabendo muito bem para onde estamos indo o que importa é estarmos ligados na ótica da fibra. Proporcionadas pelo avanço tecnológico vivemos na era da informação, viajamos pela internet em alta velocidade emocional.

Cada dia, mais rapidamente nos tornamos conectados com o mundo exterior e desconectados do mundo interior. O desequilíbrio de tempo de pensar e tempo de reagir a novos estímulos facilita o surgimento de um vazio que sufoca nossa mente, altera nossa percepção e desequilibra nossas emoções.

Sentimento básico como o afeto se torna cada dia mais escasso, neste processo de perda do que é natural perdemos também a sensibilidade de enxergar o essencial. Não temos mais tempo para falar ao telefone, não podemos parar para uma boa conversa, não temos paciência de ler extos longos e ouvimos nossas mensagens em 3x (acelerado), gastamos todo nosso tempo com séries, piadas, fofocas, jogos e textos curtos. Com isso estamos perdendo nossa capacidade de contextualizar a vida, não sabemos nem o principio e nem o fim das coisas, nossas opiniões estão sendo atreladas as opiniões de críticos que nos entrega sua própria opinião sem que nós nos questionemos se temos a nossa própria.

Nesse processo estamos nos tornando marionetes pensantes com movimentos frenéticos e desengonçados.

A regra hoje é correr muito para poder parar rápido; tudo fazer para não ter o que fazer; não ouvir nada para ouvir muito, não podemos perder um só minuto, temos muita pressa de não fazer nada; vivemos plugados nas redes sociais onde temos milhões de amigos sem ter se quer com quem chorar nossas dores.

Quisera tivéssemos tempo para ler um livro, assistir um filme, ouvir uma boa historia e até oferecer conselhos, certamente teríamos muito mais tempo e mais felicidade. O tédio é fruto da falta do que é puro e simples como sentir o perfume do sabonete; sentir a água caindo e hidratando todo o seu corpo; sentir o perfume das flores; ouvir o canto dos pássaros; perceber o que passa no coração do outro; sentir o barulho do vento, escutar o pai a mãe, são pequenas atitudes que guardam em si grandiosos resultados. Após ter lido este texto, caso ainda tenha pressa ou se sentir entediado, procure ajuda profissional, porque o mundo precisa de você livre e consciente, você precisa se comunicar com o mundo de forma a preencher as lacunas geradas pela pressa de não ter pressa, não é a tecnologia que é nociva mas o desequilíbrio.

Fernando Rangel Pereira
Farmacêutico, psicólogo clínico, neuropsicólogo clínico, hipnoterapeuta clínico e mentoria.