Por Júnior Abreu

Em seu último livro, “Esperança – A autobiografia”, lançado neste ano, o Papa Francisco nos conta que, na manhã seguinte à invasão da Rússia à região do Donbass, em 2022, se dirigiu à embaixada russa junto à Santa Sé e preconizou o diálogo entre as partes.
 
Também no livro, o Pontífice relata a sua viagem história ao Iraque, em 2021. Na cidade santa de Najaf, Francisco se encontrou com o aiatolá Ali Al-Sistani, maior líder religioso do Islã xiita, um marco no diálogo inter-religioso e na compreensão entre os povos. Mais uma vez, o papa nos apontou o caminho: diálogo. Foi também sobre diálogo que Robert Francis Prevost falou logo em sua primeira mensagem como Leão XIV. “Ajude-nos a construir pontes com o diálogo e o encontro…”, disse o então recém-eleito Pontífice.
 
O exemplo dos dois papas nos aponta para a única alternativa possível em um mundo de complexas relações entre países, em que todos têm os seus próprios interesses.

Desde que o presidente norte-americano Donald Trump anunciou a sobretaxa a produtos brasileiros, vivemos dias de sobressaltos no Brasil e no Espírito Santo. A medida de Trump, de viés político-ideológico descabido, vai impactar diretamente a economia capixaba.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o Espírito Santo é o segundo estado mais afetado por essas tarifas, com 28,5% de suas exportações direcionadas aos Estados Unidos, ficando atrás apenas do Ceará, que possui 44,9% de suas exportações destinadas a esse mercado.

Desde o anúncio do presidente norte-americano, o governador Renato Casagrande tem defendido a soberania nacional, destacando que a tarifa “não resolve, não dialoga e não respeita”, e conversado com os setores produtivos e o Governo Federal. No último dia 14, ele se reuniu com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin.

O governador, como grande estadista, prega o respeito e a cooperação, sem, no entanto, abrir mão da independência do nosso País. O que está em jogo são prejuízos incalculáveis para a economia do ES.
 
Casagrande também instituiu o Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação (Cetax), destinado a acompanhar e avaliar as tarifas econômicas impostas pelo Governo dos Estados Unidos. O comitê é coordenado pelo vice-governador Ricardo Ferraço, com a participação de diversas secretarias de Estado e do setor produtivo. Além das tarifas, estão sendo avaliadas medidas para mitigar os efeitos da sobretaxação norte-americana. 

Nesses tempos difíceis, lembremo-nos de outra lição do Papa Francisco: não devemos perder a esperança em dias melhores.

Francisco: não devemos perder a esperança em dias melhores.
 
** Júnior Abreu é administrador. É secretário-chefe da Casa Civil do Governo do ES.