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O outdoor mais antigo do mundo

Antes de mais nada, ressalto que, diferente da cafetinagem, prostituição não é considerado crime. Feito isso, vamos para o que interessa

3 mins de leitura

em 22 de ago de 2023, às 15h44

Foto: Pixabay

Nos últimos dias um burburinho tomou conta da capital secreta do Espírito Santo, sim, refiro-me ao polêmico outdoor. Repentinamente, um simples pedaço de papel foi suficiente para incomodar os defensores da moral e dos bons costumes, seja lá o que isso signifique, não demorando muito para que as autoridades públicas tomassem alguma providência.

Antes de mais nada, ressalto que, diferente da cafetinagem, prostituição não é considerado crime. Feito isso, vamos para o que interessa. 

Pesquisas indicam que existem aproximadamente 1.500.000 profissionais do sexo no Brasil, a maioria mulheres. No entanto, por se tratar de uma atividade mal vista pela sociedade, muitos (as) garotos (as) de programa optam por omitir tal informação para dizer que trabalham em outra atividade. Ou seja, é muito provável que você tenha algum conhecido (a) que trabalhe com prostituição, ainda que não saiba.

Além disso, a maioria dos casos de HIV ocorrem em pessoas identificadas como heterossexuais (que se atraem pelo sexo oposto). Para piorar, muitas situações acontecem entre casais, onde o cônjuge trai a sua cara metade e leva o vírus para casa, contaminando o parceiro.

Diferente de muitas pessoas que têm contato sexual sem preservativo, em nome do amor, da religião ou de alguma coisa que o ser humano tenha inventado, muitas garotas de programa se protegem e fazem exames rotineiros, para garantir que não contraíram nenhuma DST. Complementarmente, os principais clientes são homens casados, os mesmos que alegam ser “cidadãos de bem”.

A sociedade brasileira e cachoeirense deveria deixar seus preconceitos de lado e aceitar que a prostituição é apenas mais uma profissão, assim como as outras. Durante milênios, infindáveis mulheres foram humilhadas e perderam seus direitos mais básicos por venderem aquilo que a humanidade mais gosta de fazer: sexo. O Brasil é um estado laico e democrático e, ainda que o ato de se prostituir seja pecaminoso, não podemos deixar a política e a lei serem guiadas por preceitos religiosos.

“Mas, Rafael, propaganda de prostituição não é algo normal”. Ora, quem inventa o que é normal somos nós mesmos. É normal uma modelo famosa ser veiculada de topless e de fio dental? É normal um jogador de futebol posar apenas de cueca? Ambas as publicidades têm conotação sexual, mas por qual motivo apenas as garotas de programa saem perdendo nessa história?

É nítido que muitas pessoas odeiam as garotas de programa, especialmente se elas forem bem-sucedidas em suas profissões, mas, na hora H sempre recorrem às profissionais do sexo. Não à toa, o Brasil tem um dos maiores mercados sexuais do mundo.

Pagar de moralista, nesse caso, apenas ajuda a tirar os direitos das garotas que estão trabalhando honestamente e mascara a falta de educação sexual de nossa população. Quando se tenta proibir algo, o interesse das pessoas é amplificado, prova disso que as ações algumas camadas sociais saíram pela culatra: o assunto está sendo falado por toda a população. Felizmente, nessa história, as prostituas venceram, suas agendas estarão cheias de homens, muitos comprometidos, loucos por uma aventura (lembrem-se de colocar a camisinha, afinal as profissionais só irão lhes aceitar se estiverem com preservativo).

Rafael Altoé Frossard é professor do Centro Universitário São Camilo – ES e mestrando em Administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). 

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM

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