O preconceito contra os canhotos: uma discriminação silenciosa
A propósito da campanha publicitária das havaianas, quero tratar do assunto para além da pobreza intelectual, do debate raso

Por José Carlos Carvalho
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiA propósito da campanha publicitária das havaianas, quero tratar do assunto para além da pobreza intelectual, do debate raso, de algumas figuras da extrema direita.
A ignorância desse pessoal não tem limites, misturam política barata com neurociência, ser destro ou canhoto, no contexto da propaganda, nada tem a ver com ideologia.

Mas, preferem abusar da ignorância do povo, explorar o fanatismo fundamentalista de parcela da sociedade.
A peça publicitária sequer sugere trocar o pé direito pelo esquerdo, mas inspira o consumidor a entrar no ano novo com os DOIS PÉS!
Para essa gente retrógrada e atrasada, tudo é pretexto para esticar a corda da polarização que interdita o diálogo e entorpece o espírito da cidadania.
Como os pássaros não voam sem duas asas, nós não andamos normalmente sem os dois pés.
Basta de aleivosias e enganação!
Ao longo da história, ser canhoto já foi motivo de estigma, punição e exclusão. Embora hoje o preconceito contra pessoas canhotas seja menos explícito, ele ainda se manifesta de forma sutil no cotidiano, refletindo padrões sociais construídos a partir da ideia de que o “normal” é ser destro.
Estima-se que cerca de 10% da população mundial seja canhota. Apesar disso, o mundo foi projetado quase inteiramente para destros: tesouras, carteiras escolares, mouses, instrumentos musicais, máquinas industriais e até sistemas de escrita favorecem quem utiliza a mão direita. Essa falta de adaptação pode gerar dificuldades práticas, desconforto físico e até prejuízos no aprendizado e no desempenho profissional dos canhotos.
Historicamente, o preconceito teve raízes culturais e religiosas. Em muitas línguas, a palavra “esquerda” está associada a algo negativo. No latim, sinister significa tanto “esquerda” quanto “ameaçador” ou “maligno”. Durante séculos, crianças canhotas foram forçadas a escrever com a mão direita, prática que causou traumas, dificuldades cognitivas e problemas de autoestima.
Mesmo hoje, quando não há punições diretas, o preconceito persiste de forma velada. Canhotos muitas vezes precisam se adaptar sozinhos, ouvindo comentários como “isso é falta de jeito” ou “é só costume”. Essa naturalização da desigualdade ignora que a adaptação constante exige esforço extra e pode gerar sensação de exclusão.
Combater o preconceito contra canhotos passa pelo reconhecimento da diversidade humana. Ser canhoto não é erro, desvio ou problema, mas apenas uma variação natural. A inclusão de materiais adaptados, o respeito às diferenças desde a infância e a conscientização social são passos importantes para reduzir essa discriminação silenciosa.
Promover um mundo mais justo também significa pensar nos detalhes. Quando o ambiente é planejado para todos, canhotos deixam de ser exceção e passam a ser reconhecidos como parte legítima da diversidade humana.
Texto com ajuda de IA.
*** José Carlos Carvalho é ex-ministro de Meio Ambiente e ex-secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM
